sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Angola | Mónica e o Mar de Areia -- Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

O mundo está suspenso da sala oval na Casa Branca. O campeão da paz no Leste da República Democrática do Congo, Sudão, aquém e além-mar, África e resto do mundo, vai falar para Joe Biden, muito lentamente, ao ralenti, porque a múmia não ouve, não percebe e apenas solta pútridas flatulências pela extremidade bocal. Nunca se viu coisa tão palpitante. O império a ruir fragorosamente, o tesouro sem cheta, as armas encravadas, os aviões a cair, o Trump a voar o Kissinger a morrer. Boa altura para ir render vassalagem ao estado terrorista mais perigoso do mundo!

A TPA diz que este acontecimento pôs os Media mundiais de joelhos. E mostrou os “sites” da Voz da América/CIA, Deutshe Welle e RFI (franceses) que são os mentores do banditismo mediático em Angola. Mais o site “Observador”, que vende notícias a 50 kwanzas a página e é propriedade de um consórcio ligado às elites portuguesas corruptas e ignorantes. Os amigos são para os grandes trambolhões.

 O “enviado especial” é Ernesto Bartolomeu. Sempre livre para o frete. Começou com o Valentim Amões e depois entregou-se de corpanzil e alma pequenina ao Miala. Vão mesmo acabar com a televisão pública. Eles podem! 

As trombetas e fanfarras da conversa na sala oval dizem que o Presidente João Lourenço vai comemorar os 30 anos de relações diplomáticas entre Angola e os EUA. Ele está no poder há seis anos e nunca lhe ocorreu comemorar com os países que reconheceram Angola no próprio dia 11 de Novembro de 1975. 

O Brasil em primeiro lugar. Depois aos que combateram ao lado dos angolanos contra os invasores estrangeiros e estavam nas frentes de combate, quando Agostinho Neto proclamou a Independência Nacional: União Soviética (Federação Russa) Cuba e Guiné Bissau. Combatentes do PAIGC, peritos em Defesa Antiaérea, estavam em Cabinda para impedir bombardeamentos aéreos do ditador Mobutu. Convivi com eles.

Sobre a conversa na sala oval digo pouco. A múmia apodrecida já confunde as funções fisiológicas e fala muito pela extremidade anal. João Lourenço ainda não passou da lição Corredor do Lobito. Logo a seguir vem o AEIOU e por fim o ABC até ao Z. A coisa ainda está verde. Tenho saudades dos encontros empolgantes de Bill Clinton com a estagiária Mónica Levinski. A menina metia aquilo de fazer sexo na boca de comer, coisa que minha amiga Maria Luísa nunca aceitou. Quando estava bem aviada de cucas ainda condescendia e deixava meter atrás. Mas na boca de comer, nunca. 

Será que vamos ser surpreendidos mais logo às 20,30 horas? No tempo em que escrevia novelas pornográficas (até os escribas têm de comer!) para o Velho Maciel vender clandestinamente, já estava a misturar os encontros de Clinton com Mónica e este de João Lourenço com Joe Biden. As primeiras-damas faziam uma maka das antigas e o ministro Tete António respondia à Ariana em kikongo e convidava-a para o quarto quadrangular equipado com cama, colchão de água, viagra e camisinhas durex.

No regresso a Luanda o avião presidencial larga sobre Luanda biliões de notas de cem dólares. E a parir de agora todos os dias as aeronaves de Força Aérea Nacional vão estar no ar despejando dólares sobre aas aldeias, vilas e cidades. Com fotografias da orgia na sala oval. 

O alargamento do Comité Central e do Bureau Político do MPLA pareceu-me uma ideia excelente. Pensei que era uma forma inteligente de ligar a direcçáão às bases, multiplicando o número de dirigentes. Cedo percebi que não passava de uma forma de premiar clientelas e acomodar oportunistas. O partido tem grandes dirigentes e militantes altamente politizados, sempre prontos a defender Angola e o Povo Angolano. Espantosamente estão em silêncio! 

Esta manobra de castração política do MPLA deu na sala oval. Nem no Tuvalu, país com 11 mil habitantes, os Media faziam tanto barulho com a visita do chefe lá do sítio à Casa Branca. Tinham vergonha. Angola conquistou a Independência de armas na mão contra uma coligação liderada pelos EUA. Menos de 50 anos depois o Presidente da República vai à Casa Branca na condição de chefe de um protectorado. Ou menos do que isso.

Um dia fui levar ao Presidente Agostinho Neto o resumo das notícias do dia em Angola, África e o resto do mundo. Estava com ar triste e preocupado. Esses encontros eram sempre vivos e com muitas gargalhadas. O ambiente estava pesado: Camarada Presidente aconteceu alguma desgraça em Angola que escapou a este repórter? Olhou para mim e disse num tom de voz suave: “Estou muito preocupado com o comportamento moral dos nossos camaradas. Luanda é um mar de areia onde as águas se perdem”. 

É isso mesmo, aquela inflação de dirigentes no MPLA foi uma forma expedita de aumentar ainda mais o mar de areia onde as e os grandes dirigentes do partido se perdem. Por isso a campanha pornográfica desencadeada pelos Media públicos sobre o encontro de João Lourenço com Biden passa sem a menor crítica. Ninguém se manifesta. Nem vergonha alheia.

Se a pornografia toma contra da política angolana e particularmente do MPLA, qualquer dia não há mão-de-obra para a Assembleia Nacional e o Executivo. Para cabeças de lista é quase impossível arranjar vítimas. Aviso que não podem contar comigo. Não é que seja mais incompetente do que o actual chefe. Mas não tenho primeira-dama. Não tenho teúda nem manteúda. E nunca terei. 

Presidente sem primeira-dama depois tem que se arranjar com o motorista ou com os guardas e isso é abandalhar o sacrossanto poder. (Vou escrever mais uma novela pornográfica)

Hoje morreu Henry Kissinger, responsável pela morte de milhões de seres humanos inocentes, vítimas das guerras que o estado terrorista mais perigoso do mundo promoveu. Angolanos também! O golpe de Pinochet no Chile foi preparado e dirigido por ele. No mesmo ano em que fez correr um rio de sangue naquele país, recebeu o Prémio Nobel da Paz. Neste mundo, nesta “ordem mundial”, ninguém está seguro. A liberdade corre perigo permanente. 

Israel é o maior inimigo de Israel. O governo é constituído por políticos oriundos de partidos extremistas que não reconhecem a existência do Estado da Palestina. São racistas. Cultores e defensores do apartheid. Garantem que Jeová fala com os judeus e lhes dá toda a terra que quiserem. São nazis. Muito mais radicais do que os combatentes do HAMAS. Mais cruéis do que Hitler. Israel é o mais grave problema que Israel tem para resolver. Se quer mesmo existir.

* Jornalista

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