terça-feira, 5 de março de 2024

Políticos e militares NATO/UE planeiam guerra devastadora e prolongada na Europa?*

O áudio dos oficiais alemães, o envolvimento britânico e as “conversas de reabilitação” dos opositores a Putin: guerra na Ucrânia, dia 740

Tiago Soares | Expresso

Gravação de 38 minutos em que é sugerida a presença de soldados britânicos na Ucrânia tornou-se um incidente diplomático, com Moscovo a acusar o Ocidente de estar “diretamente envolvido” no conflito. Berlim fala em “guerra de informação”, no mesmo dia em que a NATO começa um exercício militar para cimentar a presença na Escandinávia

“A Alemanha está a planear uma guerra contra a Rússia”, acusou o ex-presidente russo Dmitiri Medvedev esta segunda-feira, comentando o áudio em que oficiais alemães discutem durante 38 minutos o envio de armas para a Ucrânia e um potencial ataque de Kiev a uma ponte na Crimeia – e que foi tornado público na sexta-feira pela televisão russa.

As palavras de Medvedev foram corroboradas por Sergei Lavrov: a gravação mostra que as intenções bélicas da Europa “continuam muito elevadas”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo.

Berlim anunciou uma investigação interna para apurar como o áudio foi “interceptado”, o embaixador alemão em Moscovo foi chamado a dar explicações, e o ministro da Defesa alemão garantiu que as acusações do Kremlin são “completamente absurdas” e falou em “guerra de informação”. A autenticidade do áudio foi confirmada, e a conversa terá ocorrido há cerca de duas semanas.

Um dos detalhes mais sensíveis do caso: o Tenente-General Ingo Gerhartz, chefe da força aérea alemã, admite na escuta que as forças inglesas estão em território ucrâniano. “Eu sei como é que os britânicos planeam missões (...) Eles também têm botas no terreno, eles fazem isso, os franceses não”, afirmou a certa altura.

Para o Kremlin, isto “mostra mais uma vez o envolvimento direto do Ocidente enquanto coletivo no conflito na Ucrânia”, afirmou o porta-voz do presidente russo, Dmitri Peskov. Na semana passada, ainda antes do caso ser tornado público, o Reino Unido confirmou a “presença de um pequeno número” de militares na Ucrânia, sem especificar que funções lhes foram atribuídas.

A diretora do canal russo RT, que divulgou o áudio, apontou este domingo para a possibilidade de haver mais gravações a comprometer as forças militares da Alemanha. “Se eles me derem mais [áudios], eu publico. Esperem por isso”, escreveu Margarita Simonyan este domingo, citada pelo jornal “Politico”.

OUTRAS NOTÍCIAS:

> No terreno, a NATO começou hoje um exercício militar inédito envolvendo 12 países e mais de 20 mil militares no norte da Escandinávia, a poucos dias de acolher a entrada da Suécia na aliança atlântica. O treino combina os três ramos das forças armadas e prevê operações no Círculo Polar do Ártico. Portugal não está envolvido.

> O ativista russo e político da oposição Ilya Yashin, detido e condenado em 2022 por criticar a guerra na Ucrânia, foi classificado pelas autoridades como uma “pessoa inclinada a espalhar posições extremistas” e será agora alvo de “conservas de reabilitação” na prisão. Yashin denunciou a situação ao portal de notícias russo “Meduza”, duas semanas após a morte de Alexey Navalny e numa altura em que várias vozes de oposição ao Kremlin alertam para a necessidade de proteger os presos políticos de Moscovo.

> Apesar desse risco, o político que quer disputar as presidenciais garantiu que vai continuar a lutar na justiça para que o seu nome integre o boletim de voto. Boris Nadezhdin viu hoje o Supremo Tribunal invalidar-lhe mais uma vez a candidatura devido a alegadas irregularidades na angariação de assinaturas. Um primeiro recurso já tinha sido rejeitado há cerca de um mês. As eleições russas realizam-se entre 15 e 17 de março.

* Acima título PG

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