Indignados portugueses não querem violência na manifestação e «controlam» o Facebook
Os promotores da manifestação de dia 15 em Lisboa e noutras cidades do país estão permanentemente atentos à página que promove o protesto na rede social Facebook para impedir comentários «violentos», disse esta quinta-feira uma porta-voz dos organizadores.
«Há um acompanhamento constante», disse Paula Gil à Lusa, justificando a monitorização 24 horas por dia com o facto de «não se aceitarem [na página] comentários de âmbito xenófobo ou que violem de qualquer outro modo os direitos das pessoas».
Apelos à violência são também apagados pelos administradores da conta «15 de Outubro a Democracia sai à rua!», oriundos das 29 organizações sociais que convocam a série de manifestações em Portugal, que se inserem numa jornada que se realiza na mesma data e com os mesmos objectivos, em vários outros países europeus e noutros continentes.
Os autores dos comentários apagados são informados da decisão e das razões que a originaram, acrescentou Paula Gil.
Hoje, a meio da tarde, a página de promoção do protesto no Facebook - que com os seus 800 milhões de utilizadores é a maior rede social do mundo ¿ tinha mais respostas negativas do que positivas aos mais de 60 mil convites enviados: 7.400 recusas, 4.700 a anunciar participar, 3.600 a admitirem aderir e 50 mil sem responderem.
Paula Gil desvaloriza os números e contrapõe que as redes sociais são «um meio» de divulgação e mobilização, tal como os tradicionais cartazes e faixas já afixados nas ruas, além da entrega de folhetos em mão às pessoas, na rua, que disse vir a ser feita desde o início de Setembro.
Recorda que, aquando da manifestação de 12 de Março passado, com mais de 200 mil participantes e considerada a maior realizada em Lisboa nos últimos anos, soube de casos de pessoas que responderam negativamente ao convite e depois se juntaram ao protesto na avenida da Liberdade.
«O patrão é meu "amigo" no Facebook», foi uma das explicações ouvidas pela activista.
O protesto de 15 de Outubro (sábado) realiza-se em Lisboa (entre a Rotunda do Marquês de Pombal e a Assembleia da República), Porto (Praça da Batalha), Angra do Heroísmo, Braga, Coimbra, Évora e Faro.
«Pela Democracia participativa», «Pela transparência nas decisões políticas» e «Pelo fim da precariedade de vida» são os três principais slogans da jornada que tem entre os promotores o Movimento 12 de Março, resultante da manifestação dessa data este ano, Juventude Operária Católica, União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), S.O.S. Racismo e vários grupos de defesa dos direitos das minorias sexuais e Acampada Lisboa.
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