domingo, 6 de maio de 2012

Portugal: Credibilidade do Governo "reduzida a zero" após "lapsos" dos subsídios



Jornal de Notícias

O coordenador bloquista considerou, este sábado, que a credibilidade do Governo ficou "reduzida a zero" após os "lapsos" sobre a reposição dos subsídios e questionou a sua devolução cinco anos depois de, segundo o executivo, a economia começar a recuperar.

"Hoje já toda a gente suspeita que quando alguém nos diz que daqui a sete anos devolvemos aquilo que vos tirámos, se percebe que é quase dizer no futuro pode ser que sim, pode ser que não, é como se fosse uma lotaria", afirmou Francisco Louçã.

Questionado pelos jornalistas sobre declarações de Bagão Félix, que disse acreditar que os subsídios não serão repostos, o líder do BE defendeu: "A credibilidade das propostas do Governo ficou reduzida a zero quando nos disse primeiro que era um lapso não ter referido que não era em 2014 e de lapso passou a certeza que só em 2018 é que talvez se devolva o conjunto dos subsídios".

"Os subsídios são das pessoas, é por isso que esperamos que o Tribunal Constitucional possa ter uma palavra agora. Uma coisa é o Governo dizer que há uma emergência económica e financeira para um assalto ao subsídio de férias e Natal. Outra coisa é dizer-nos que em 2013 - diz o Presidente da República e o ministro das Finanças - começa uma recuperação, [ou] final de 2012 até - diz Passos Coelho -, mas só cinco anos depois é que devolvem aquilo que nos tiraram", sustentou.

O bloquista sublinhou que o seu partido lutará "pela sua devolução integral para que o reequilíbrio das contas públicas não seja feito com a desgraça das pessoas, nem com a perda do salário".

"Muita gente pode pensar, como disse Bagão Félix, que isto é um truque para todo o sempre, mas um truque é um truque, um assalto é um assalto, e um subsídio de férias e de Natal é um subsídio de férias e de Natal", notou.

Francisco Louçã anunciou ainda o reagendamento de várias iniciativas nas próximas semanas em Lisboa, Porto e Braga - adiadas pela morte de Miguel Portas - e de uma jornada contra "O Governo da 'troika'", com um comício na baixa lisboeta a 16 de junho.

"O debate sobre a tensão económica, sobre a crise social que estamos a viver, a derrapagem orçamental e o prenúncio de uma extensão do resgate ficou confirmadíssimo durante esta semana, quando o Governo veio demonstrar que a devolução dos subsídios de férias e de Natal, que deveria ocorrer em 2014, fica adiada para 2018, para o fim de um mandato de um Governo que ainda não foi eleito e que ninguém sabe qual será", afirmou.

O líder do BE considerou que "o Governo não sabe o que vai acontecer" e que o país está "a entrar num beco sem saída, pelo qual as políticas do Governo são principais responsáveis".

"O BE vai insistir na renegociação da dívida, no cancelamento da dívida ilegítima, na alteração das condições da nossa relação com o BCE, com o FMI, na promoção de uma política totalmente virada para o emprego, para as pessoas, para a recuperação dos serviços públicos essenciais", concluiu.

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