Daniel Oliveira –
Expresso, opinião, em Blogues
Os notáveis
laranjas dão conselhos ao governo. Que mude qualquer coisinha na TSU para o
povo amochar de novo. Sem perder a face, claro está, que um ministro pode não
ter escrúpulos, mas face tem de ter sempre. Um cadáver político pode ficar mais
apresentável com maquiagem. Mas não deixa de ser um cadáver por isso.
Presidente, PSD e CDS estão tão embrenhados nos seus próprios jogos políticos
que não perceberam patavina do que se passou no sábado.
A TSU não é o principal
problema, é a exibição clara desse problema. Foi a gota de água e foi mais do
que isso. Os portugueses perceberam que o programa do governo não tem como
principal prioridade o saneamento das contas públicas e o pagamento da dívida,
mas a aplicação de um programa de engenharia social que passa pelo ataque aos
rendimentos do trabalho com o objectivo de nos tornar competitivos à custa de
salários miseráveis. Ao fazer uma transferência direta dos rendimentos do
trabalho para as empresas - e não indireta, como tem feito até agora -, deixou
isso demasiado claro. E as pessoas fartaram-se.
Passos Coelho está
convencido que basta reduzir um pouco o montante do assalto e garantir aos
portugueses que o dinheiro só vai para empresas exportadoras e que criem emprego
- como raio se faz isso? - para que as pessoas aceitem o inaceitável. Um
assalto é um assalto. E não há maneira de transformar os trabalhadores falidos
em financiadores diretos das empresas de uma forma aceitável. A maioria dos
portugueses até pode ser paciente, mas não gosta de ser tomada por parva.
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