Henrique Monteiro –
Expresso, opinião, em Blogues
Este texto é um
exercício de lógica sobre a moral na política. Não deve ser levado a sério em nenhum Governo ou
partido.
Num momento em que
se fala tanto de moral, há uma questão que deve atormentar tanto o atual
Governo de Passos, como o anterior de Sócrates. Tem a ver com as limitações ou
reduções que impuseram às pensões e reformas. Todo o esforço - tem-se afirmado
- é feito em nome da diminuição da dívida e do salutar e moral desejo de pagar
a quem o Estado deve dinheiro. Mas, vejamos se é assim.
Os reformados e
pensionistas (que descontaram efetivamente) são, também eles, credores do país.
Na verdade, fizeram um contrato segundo o qual, a um desconto por mês ao longo
da vida de trabalho, corresponderia uma determinada reforma. Essa reforma foi
sendo degradada ao ano após ano, e por fim diminuída, em nome da necessidade
de... se pagar as dívidas.
Mas qual é a
diferença moral entre a dívida aos mercados e a dívida aos reformados? Nenhuma
(e a haver seria a favor dos mais desprotegidos)! A única diferença está no
poder de quem as cobra. O Estado já recebeu o dinheiro dos atuais reformados e
sabe que deles não receberá mais, salvo o que recupera por via dos impostos.
Mas ainda conta com o dinheiro dos mercados para poder voltar a financiar-se.
E por aqui se vê
que a moral, na política, é coisa que dificilmente existe. Em boa verdade,
nunca existiu e é por isso que discursos excessivamente moralistas, ou acabam
em ditaduras ou autênticas em palhaçadas.
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