Eugénio Costa
Almeida* – Pululu - 30.03.13
Estava
prevista para hoje, em Luanda, uma manifestação levada a efeito por jovens e
por angolanos que desejavam saber onde param dois activistas desaparecidos há
muitos meses, sem que as autoridades consigam deslindar esta situação.
Registe-se que,
também, e dentro desta linha, uma jornalista Bissau-guineense, Milocas
Pereira, no que já levou Bissau a pedir esclarecimentos
às nossas autoridades, está desaparecida há muitos meses sem que se consiga
saber por onde anda e sem que as autoridades tenham obtido comprovação da sua
saída para o exterior.
Ora a manifestação
estava marcada para hoje. Mas, mais uma vez, e fazendo arrepio do art.º 47º (Liberdade
de reunião e de manifestação), nos seus parágrafos 1 e 2, que se transcrevem,
.....1. É garantida
a todos os cidadãos a liberdade de reunião e de manifestação pacífica e sem
armas, sem necessidade de qualquer autorização e nos termos da lei.
.....2. As reuniões
e manifestações em lugares públicos carecem de prévia comunicação à autoridade
competente, nos termos e para os efeitos estabelecidos por lei.
A manifestação foi
reprimida pelas autoridades policiais.
a manifestação foi
impedida de se realizar, havendo, segundo algumas fontes, detidos.
Desconheço quais as
razões para que a polícia
tenha, como denunciam, intervindo e porque, parece, tenha, também, detido
alguns dos mais mediáticos manifestantes.
É altura, de uma
vez, o Procurador-geral da República PGR) e o Provedor de Justiça fazerem
compreender as autoridades, em geral, e as policiais, em particular, que a
Constituição jurada pelo Presidente e pelos mais altos dignitários nacionais
tem de ser cumprida e deve ser levada a sério.
Está em causa, mais
que hipotéticas situações de colocar a integridade territorial e a soberania
nacional, como alguns, por vezes, fazem eco para justificar certas intervenções
autoritárias, há que cumprir o nº 2 do art.º 56º (Garantia geral do Estado):
.....Todas as
autoridades públicas têm o dever de respeitar e de garantir o livre exercício
dos direitos e das liberdades fundamentais e o cumprimento dos deveres
constitucionais e legais.
Vamos aguardar que
o PGR ou o Provedor nos esclareçam o que realmente se passou e porque aconteceu.
Não esqueçamos as
recentes apreciações
das Nações Unidas quanto a eventuais menos correctas atitudes policiais. Está
em causa o bom nome do País!
*Página de um
lusofónico angolano-português, licenciado e mestre em Relações Internacionais e
Doutorado em Ciências Sociais - ramo Relações Internacionais -; nele poderão
aceder a ensaios académicos e artigos de opinião, relacionados com a actividade
académica, social e associativa.
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