Manuel de Araújo,
que se recandidata à presidência do município de Quelimane, centro de
Moçambique, desafiou hoje os agentes da Força de Intervenção Rápida (FIR)
presentes num comício a dispararem contra os apoiantes do MDM.
"Estão ali
naquele carro agentes da FIR (Força de Intervenção Rápida). São os mesmos que
dispararam na Munhava ontem. Mataram os nossos irmãos da Munhava. Queremos
lançar um desafio à FIR: comecem a disparar e vão ver onde vão parar",
desafiou Manuel de Araújo perante a multidão, referindo-se a incidentes, no
sábado, durante uma ação de campanha de Daviz Simango, líder do Movimento
Democrático de Moçambique (MDM) na Beira, província de Sofala.
Até ao momento, o
hospital central da Beira apenas confirmou a existência de 46 feridos.
Nos únicos cartazes
dos apoiantes do MDM - que atravessaram a cidade a pé - estavam escritas frases
de solidariedade para com os cidadãos da Beira.
"O presidente
e munícipes da cidade de Quelimane condenam os ataques da FIR na Munhava e
solidarizam-se com os munícipes da cidade da Beira", exibiam os cartazes
empunhados pelos apoiantes do MDM.
Durante o discurso
que teve como alvo a Frelimo e o "centralismo político moçambicano"
Manuel de Araújo disse que o "colonialismo português já terminou" e
que "agora tem de acabar o colonialismo da Frelimo", respondendo
diretamente à presidente da Assembleia da República que criticou recentemente o
presidente da Câmara de Quelimane.
"A cidade de
Quelimane é nossa, não é deles", disse Manuel de Araújo, referindo-se à
Frelimo e em particular à presidente da Assembleia da República, Verónica
Macamo.
O MDM venceu as
últimas eleições autárquicas, intercalares, em Quelimane, capital da Zambézia,
no litoral centro do país.
"O povo está
na rua. O povo tomou o poder e quando o povo toma o poder é o que para mim se
chama democracia. Vamos agora entrar numa segunda fase porque infelizmente, em
Moçambique, não é como na Europa ou nas Américas onde o voto do povo se reflete
nos resultados das eleições. Aqui o povo vota mas se não houver um controlo
efetivo do voto do povo, o resultado pode ser diferente", disse à Lusa
Manuel Araújo à margem do comício de encerramento da campanha de recandidatura
ao cargo de presidente do município que decorreu sem incidentes.
A campanha
eleitoral encerra oficialmente às 24:00 (22:00 em Lisboa) e seguem-se dois dias
de reflexão antes da votação, na quarta-feira.
PSP // SMA - Lusa
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