domingo, 9 de fevereiro de 2014

Xanana Gusmão: "Choca-me a situação portuguesa porque a população está a sofrer"

 


Xanana Gusmão, líder da resistência timorense que na passada semana visitou Portugal, confessa em entrevista ao Diário de Notícias, publicada este domingo, que está chocado com “a situação portuguesa” e de outros países como “a Grécia” porque “a população está a sofrer”. Na sua opinião, “o Mundo anda muito errado e perdeu a noção do humanismo e o sentido da existência”.
 
Em entrevista ao Diário de Notícias, publicada na edição deste domingo, o líder da resistência timorense, Xanana Gusmão, comenta a situação económica e financeira que o Mundo, particularmente a Europa, atravessa.
 
Questionado sobre se “desconfia dos métodos de ajuda” da grande finança e dos mercados, Xanana é perentório na resposta: “não desconfio, sei”. Como exemplo, conta que “em 2000, tive um encontro com Mahathir (antigo primeiro-ministro da Malásia) e vi como é que aplicaram remédios a todas as doenças e nada resolveram”.
 
“É como quando se referem à democracia: ‘Calcem este sapato de democracia’. Só que é um calçado com a mesma medida para todos e [que] não respeita as diferenças”, afirma. O atual primeiro-ministro timorense salienta, como “tem vindo a dizer em fóruns internacionais”, que “o sistema está moribundo e o shut down do governo americano bem o mostrou e obrigou a que o Congresso tivesse de levantar o teto da dívida”.
 
Mas mais do que isso, o que o “choca são os triliões de euros e de dólares que se evadem. Ou seja, este sistema está a produzir os grandes e os ricos. Não é correto”, advoga Xanana Gusmão.
 
Neste sentido, também o modelo da União Europeia “está falhado” e, mais concretamente sobre Portugal revela que está “chocado com a situação portuguesa mas não só, também a da Grécia e de outros países”.
 
“Choca-me no sentido de a população estar a sofrer e fico alarmado que cada país tente resolver por si o seu problema. E em cada país vejo as pessoas responsáveis a disputar o papel de herói. Não dá para ser assim nestas ocasiões, temos de tentar todos juntos resolver porque quem sofre é o povo”, alerta.
 
O líder da resistência timorense conclui, por isso, que “o Mundo anda muito errado e perdeu a noção do humanismo e o sentido da existência”.
 
Ana Lemos – Notícias ao Minuto
 

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