Vinte
jovens ativistas angolanos queixaram-se hoje de agressões pela polícia por
tentarem promover uma manifestação no centro da cidade de Luanda, tendo sido
detidos e libertados ao início da noite a 60 quilómetros da
capital.
De
acordo com um dos rostos da manifestação, convocada pelo autodesignado
Movimento Revolucionário, Manuel Nito Alves, estes ativistas foram detidos
pelas forças policiais cerca das 15:00 de hoje, quando tentavam aceder ao Largo
da Independência, na cidade de Luanda.
"Fomos
detidos, escorraçados do Largo da Independência, pela polícia que nos levou.
Agrediram-nos antes de nos deixarem em Catete [província do Bengo], eram 20:00.
Estamos muito machucados", disse à agência Lusa Manuel Nito Alves.
A
Lusa tentou obter uma posição da Polícia Nacional angolana sobre estas queixas,
mas sem sucesso até ao momento.
Os
manifestantes detidos, um grupo de vinte jovens, queixam-se ainda da utilização
de gás lacrimogéneo por parte dos agentes policiais.
Um
forte dispositivo policial impediu hoje à tarde o acesso ao centro do Largo da
Independência onde deveria ter lugar esta manifestação.
Aquele
espaço principal de Luanda e artérias envolventes estavam a ser vigiadas por
dezenas de elementos policiais, equipas cinotécnicas e polícia de choque,
constatou a Lusa no local.
A
manifestação de hoje, que acabou por não acontecer nos moldes previstos, foi
convocada pelo Movimento Revolucionário sob o lema "Chega de chacinas em
Angola".
Contactadas
pela Lusa nas últimas horas, as autoridades não confirmaram se esta
manifestação tinha sido autorizada pelo Governo Provincial de Luanda.
"Nós
cumprimos tudo o que estava previsto na Lei, mas somos acusados pelo Governo
angolano de sermos arruaceiros", disse ainda Nito Alves.
Este
movimento de jovens tem protagonizado manifestações de protesto na capital
angolana desde 2011, nomeadamente com críticas à atuação das forças de
segurança, terminando geralmente em confrontos com a polícia.
O
protesto de hoje acontece na passagem do 37.º aniversário da liquidação da ala
do MPLA - partido no poder em Angola -, dirigida por Nito Alves e José Van Dunem.
Sobre
esta data, estes exigem a criação de uma "Comissão da Verdade" sobre
o que aconteceu em 1977.
Reclamam
ainda "Justiça" para o caso dos ativistas e ex-militares Alves
Kamulingue e Isaías Cassule, que desapareceram em maio de 2012. Estes tentavam na
altura organizar uma manifestação de outros antigos camaradas de armas, para
exigir o pagamento de subsídios alegadamente em atraso, nalguns casos há mais
de 20 anos sem serem pagos.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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