Cairo/Suez (Reuters)
- Os eleitores egípcios depositaram seus votos nesta segunda-feira em uma
eleição em que se prevê que o chefe do Exército, Abdel Fatah al-Sisi, será
eleito presidente, com seus apoiadores demonstrando não estar preocupados com a
liberdade política e o saudando como um líder forte necessário para o país.
Três anos após o
histórico levante contra o presidente Hosni Mubarak, as eleições devem
restaurar um padrão de governo liderado pelos militares no Egito, após Sisi ter
deposto o primeiro presidente livremente eleito do país, Mohamed Mursi, da
Irmandade Muçulmana.
Eleitores fizeram
fila para depositar seus votos em colégios eleitorais protegidos por soldados e
homens armados com fuzis de assalto. Sisi enfrenta apenas um adversário nessas
eleições, o político de esquerda Hamdeen Sabahi.
“Vemos Sisi como um
homem de verdade. O Egito gosta de homens fortes”, disse o eleitor Saber Habib,
de 64 anos, na fila para depositar seu voto, em Suez, leste do Cairo. “Queremos
que o país siga adiante e que as pessoas tenham comida”, disse Habib, um
construtor.
Amplamente considerado
como o líder de facto do Egito desde que depôs Mursi após uma onda de
protestos, Sisi, de 59 anos, enfrenta desafios que incluem uma economia em
crise e uma campanha de violência de militantes islâmicos que tem crescido
desde a saída forçada de Mursi.
Para os islamistas,
Sisi é o responsável por um sangrento golpe que levou a uma operação de
segurança que matou centenas de apoiadores de Mursi e colocou outros milhares
na cadeia. Dissidentes seculares que lideraram o levante de 2011 contra Mubarak
também foram aprisionados.
A Irmandade e seus
aliados pediram um boicote, declarando a votação como “eleições da presidência
de sangue”. Já o governo diz que a Irmandade é uma organização terrorista.
“Hoje os egípcios
vão escrever sua história”, disse Sisi, esperando que um consistente resultado
lhe garanta um forte mandato.
Essa eleição é a
sétima votação ou referendo desde as revoltas de 2011 que levantaram as
esperanças de democracia. Mas, depois de três anos, com a democracia vista como
um experimento fracassado, muitos egípcios dizem que a estabilidade deve vir em
primeiro lugar.
Sisi conquistou 95
por cento dos votos depositados em urnas do Egito, mas uma pesquisa de opinião
feita pelo Pew Research Center sugere um cenário mais misto, já que Sisi foi citado
de modo favorável por 54 por cento e desfavorável por 45 por cento.
Monitores da União
Europeia e da Democracia Internacional, entidade financiada pelos Estados
Unidos, estão observando as votações, e mais de 400 mil membros das forças de
segurança foram colocados nas ruas para proteger os colégios eleitorais no
país.
(Reportagem
adicional de Maggie Fick, Yasmine Saleh e Asma Alsharif) Reuters
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