segunda-feira, 26 de maio de 2014

Chefe do Exército é o grande favorito nas eleições presidenciais do Egito




Cairo/Suez (Reuters) - Os eleitores egípcios depositaram seus votos nesta segunda-feira em uma eleição em que se prevê que o chefe do Exército, Abdel Fatah al-Sisi, será eleito presidente, com seus apoiadores demonstrando não estar preocupados com a liberdade política e o saudando como um líder forte necessário para o país.

Três anos após o histórico levante contra o presidente Hosni Mubarak, as eleições devem restaurar um padrão de governo liderado pelos militares no Egito, após Sisi ter deposto o primeiro presidente livremente eleito do país, Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana.

Eleitores fizeram fila para depositar seus votos em colégios eleitorais protegidos por soldados e homens armados com fuzis de assalto. Sisi enfrenta apenas um adversário nessas eleições, o político de esquerda Hamdeen Sabahi.

“Vemos Sisi como um homem de verdade. O Egito gosta de homens fortes”, disse o eleitor Saber Habib, de 64 anos, na fila para depositar seu voto, em Suez, leste do Cairo. “Queremos que o país siga adiante e que as pessoas tenham comida”, disse Habib, um construtor.

Amplamente considerado como o líder de facto do Egito desde que depôs Mursi após uma onda de protestos, Sisi, de 59 anos, enfrenta desafios que incluem uma economia em crise e uma campanha de violência de militantes islâmicos que tem crescido desde a saída forçada de Mursi.

Para os islamistas, Sisi é o responsável por um sangrento golpe que levou a uma operação de segurança que matou centenas de apoiadores de Mursi e colocou outros milhares na cadeia. Dissidentes seculares que lideraram o levante de 2011 contra Mubarak também foram aprisionados.

A Irmandade e seus aliados pediram um boicote, declarando a votação como “eleições da presidência de sangue”. Já o governo diz que a Irmandade é uma organização terrorista.

“Hoje os egípcios vão escrever sua história”, disse Sisi, esperando que um consistente resultado lhe garanta um forte mandato.

Essa eleição é a sétima votação ou referendo desde as revoltas de 2011 que levantaram as esperanças de democracia. Mas, depois de três anos, com a democracia vista como um experimento fracassado, muitos egípcios dizem que a estabilidade deve vir em primeiro lugar.

Sisi conquistou 95 por cento dos votos depositados em urnas do Egito, mas uma pesquisa de opinião feita pelo Pew Research Center sugere um cenário mais misto, já que Sisi foi citado de modo favorável por 54 por cento e desfavorável por 45 por cento.

Monitores da União Europeia e da Democracia Internacional, entidade financiada pelos Estados Unidos, estão observando as votações, e mais de 400 mil membros das forças de segurança foram colocados nas ruas para proteger os colégios eleitorais no país.

(Reportagem adicional de Maggie Fick, Yasmine Saleh e Asma Alsharif) Reuters

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