quarta-feira, 25 de junho de 2014

Criada Associação de Amizade Moçambique Timor para desenvolver relações bilaterais




Díli, 25 jun (Lusa) - Um grupo de cidadãos timorenses e moçambicanos, a residir em Díli, apresentaram hoje a Associação de Amizade Moçambique-Timor-Leste com o objetivo de desenvolver as relações entre os dois países.

"Peço à nova geração que faça tudo para honrar esta relação extraordinária que temos com Moçambique", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Timor-Leste, José Luís Guterres.

Durante a sua intervenção, o chefe da diplomacia timorense recordou alguns episódios vividos em Maputo, onde residiu durante mais de 20 anos.

Moçambique foi a base da frente diplomática timorense durante a ocupação indonésia de Timor-Leste.

"Vocês têm de se vestir melhor do que as pessoas que vos recebem", afirmou José Luís Guterres, recordando as palavras do antigo Presidente moçambicano Samora Machel num encontro entre vários elementos da frente diplomática timorense.

O episódio, recordou o ministro, terminou com todos num pronto-a-vestir a comprar roupa e sapatos.

"Falar da relação entre Moçambique e Timor-Leste é uma história longa. A relação não começou em 1974. É uma história que reflete de certa forma a contradição da relação entre povos e dessa contradição se fez nascer a amizade e identidade comum", afirmou Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), principal força da oposição timorense.

"Em Timor-Leste há agora vários descendentes de africanos, em particular de moçambicanos, que foram para cá trazidos para sufocar as revoltas dos timorenses. Se formos a Moçambique também encontramos timorenses que foram daqui levados e que lá deixaram os seus descendentes", disse.

Segundo Mari Alkatiri, que também viveu mais de 20 anos em Moçambique, durante a ocupação indonésia os timorenses fizeram daquele país africano a sua pátria.

"Mas Moçambique sempre quis que lutássemos para sermos estrangeiros em Moçambique e não sermos moçambicanos. O sermos estrangeiro não significa perder a identidade comum. Há uma identidade comum que se forjou durante séculos", disse.

Para Mari Alkatiri, a associação vai ser um útil instrumento para desenvolver a relação entre os dois países.

Na cerimónia de apresentação formal da associação, que decorreu no Salão Nobre do Ministério dos Negócios Estrangeiros, participaram vários membros do governo, diplomatas e figuras da antiga frente diplomática timorense, que residiram durante mais de 20 em Moçambique.

MSE // EL - Lusa

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