O
Presidente inicia na terça-feira uma visita oficial de dois dias a Portugal, a
última como chefe de Estado e que será marcada pelo simbolismo da despedida e pela
consolidação das relações entre os dois países.
Num
momento em que Portugal
se apresentou, no primeiro trimestre de 2014, como o maior investidor
estrangeiro em Moçambique e o que mais emprego cria, as relações entre os dois
países vivem o que o Governo português definiu como um "bom momento".
No
anúncio da visita oficial, na quinta-feira em Maputo, o porta-voz da
Presidência moçambicana, Edson Macuácua, afirmou que a visita de Guebuza a
Portugal, a convite do seu homólogo, Aníbal Cavaco Silva, "revela o alto
nível de aproximação que existe entre os dois chefes de Estado".
O
conteúdo da visita de Guebuza a Portugal, a terceira desde que é chefe de
Estado, deverá ser essencialmente político, uma vez que passaram apenas três
meses desde a cimeira luso-moçambicana, em Maputo, na qual foram selados 19
acordos sectoriais.
Ao
longo dos dois dias da visita, Armando Guebuza manterá encontros com Cavaco
Silva e com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e tem prevista a
participação, na segunda-feira em Lisboa, num seminário económico com cerca de
300 investidores de ambos os países, 31 dos quais moçambicanos, existindo um
valor de 134 milhões de euros para parcerias empresariais, já anunciado pelo
Governo português.
A
visita será também marcada pelo simbolismo de ser a última que o Presidente
moçambicano realiza a Portugal e uma das derradeiras no exercício do cargo,
tendo apenas marcada a presença na cimeira de chefes de estado e de governo da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a 23 de julho em Díli, mas que
poderá coincidir com uma visita bilateral a Timor-Leste.
Armando
Guebuza vai deixar a Ponta Vermelha, a residência oficial do chefe de Estado
moçambicano, após as eleições gerais (presidenciais e legislativas e
assembleias provinciais) a 15 de Outubro, uma vez que atinge este ano o limite
de dois mandatos consecutivos impostos pela Constituição da República para o
cargo.
Portugal
é um dos principais doadores do Orçamento do Estado moçambicano, mas a sua
cooperação estende-se às áreas da saúde, educação, agricultura, pescas, defesa,
transportes e comunicações e infraestruturas e, um dos temas que poderá ser
analisado, durante a visita de Guebuza, são os eixos principais do próximo
Programa Indicativo de Cooperação Moçambique-Portugal.
"A
cooperação com Portugal é multifacetada, é um dos nossos principais parceiros,
sempre foi, independentemente dos montantes", assinalou o ministro dos
Negócios Estrangeiros moçambicano, Oldemiro Baloi, numa entrevista à RDP África
em maio passado, quando se deslocou a Lisboa para preparar esta visita de
Armando Guebuza.
As
autoridades moçambicanas, segundo o porta-voz da Presidência moçambicana,
esperam também novas oportunidades no domínio da diplomacia económica,
atendendo às potencialidades que Moçambique oferece, face às descobertas de
recursos minerais no centro e norte do país.
Com
a sua terceira visita a Portugal, Armando Guebuza regressa a um país do qual
recebeu a "segunda independência" a Moçambique, como classificou o
acordo de reversão da HCB, que assinou em 2007 com o então primeiro-ministro
José Sócrates.
Guebuza
foi recebido inicialmente com desconfiança por parte de alguns sectores da
população portuguesa, quando chegou à Presidência, devido à memória dos seus
tempos como ministro da Administração Interna do Governo saído da independência
em 1975, quando criou a medida "20/24", que dava 20 quilos de bagagem
e 24 horas para os colonos que não adotassem a nacionalidade moçambicana saírem
do país.
Quase
40 anos depois, e ao fim de dois mandatos como Chefe de Estado, Armando Guebuza
realiza a visita de "despedida a Portugal", num contexto de amizade e
relações bilaterais estreitas, reconhecidos por ambas as partes.
Lusa
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