quinta-feira, 28 de agosto de 2014

REVIRAVOLTA NOS JUROS DA DÍVIDA, DÚVIDAS REGRESSAM




Desde o início da manhã que a trajetória dos juros da dívida para mínimos se inverteu nos periféricos da zona euro. Reinstalaram-se as dúvidas geopolíticas e sobre o comportamento do BCE.

Jorge Nascimento Rodrigues – Expresso

Na sessão da manhã assistiu-se a uma reviravolta no mercado secundário da dívida soberana da zona euro. A trajetória de descida para mínimos históricos nas yields da dívida dos periféricos foi invertida.

As yields das Obrigações do Tesouro português no prazo de referência, a 10 anos, subiram entre as 8h45 e as 11h até um pico diário de 3,14%, depois de terem fechado em 3,03% na quarta-feira com um mínimo intradiário de 2,952%. Pelas 12h30 registavam 3,11%, segundo dados da Investing.com.

O mesmo movimento de subida registou-se para as yields das obrigações dos restantes periféricos naquela maturidade, com uma subida mais acentuada para as obrigações gregas.

O movimento de descida das yields para novos mínimos históricos continua a observar-se para as obrigações alemãs e francesas no prazo a 10 anos que desceram para 0,889% e 1,24% respetivamente pelas 12h30.

Continuam a surgir as más notícias económicas sobre a zona euro. A situação do conjunto da moeda única deteriora-se. As expetativas centram-se, agora, na divulgação dos dados preliminares sobre a inflação em agosto pelo Eurostat na sexta-feira. Os analistas esperam uma descida para 0,3% na taxa de inflação homóloga, ou seja, a confirmação de que prossegue o processo de desinflação.

A degradação dos principais indicadores económicos da zona euro - estagnação do PIB, desinflação, quebra na confiança dos consumidores e no sentimento económico, contração contínua do crédito ao sector privado, má situação macroeconómica das três principais economias, Alemanha, França e Itália - tem alimentado uma onda especulativa entre os investidores na expetativa de que o Banco Central Europeu (BCE) irá passar das palavras de Mario Draghi, o seu presidente, em Jackson Hole na passada sexta-feira ("fazer pouco é pior do que fazer demasiado")  para a ação efetiva ainda este ano. A reunião de 4 de setembro do BCE é agora um ponto alto na agenda para avaliar os "sinais".

Hoje, segundo os analistas, regressaram as dúvidas. As palavras do ministro das Finanças alemão, proferidas na quarta-feira em entrevista a um jornal da Baviera, de que se estava a empolar o que Draghi disse nos Estados Unidos reinstalaram a incerteza sobre a trajetória do BCE, a par da evolução das tensões geopolíticas no leste. Kiev acusou hoje Moscovo de ter em curso uma invasão do sudeste da Ucrânia.

No plano da agenda interna de alguns membros da zona euro contam-se a repercussão da formação recente do terceiro governo Hollande (segundo de Antonio Valls), os resultados no domingo das primeiras eleições regionais na Saxónia, na Alemanha, a divulgação a 1 de setembro pelo Banco de Portugal do nível de dívida pública no final de julho, e a reunião no dia 2 do governo grego com a troika em Paris.

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