Desde
o início da manhã que a trajetória dos juros da dívida para mínimos se inverteu
nos periféricos da zona euro. Reinstalaram-se as dúvidas geopolíticas e sobre o
comportamento do BCE.
Jorge
Nascimento Rodrigues – Expresso
Na
sessão da manhã assistiu-se a uma reviravolta no mercado secundário da dívida
soberana da zona euro. A trajetória de descida para mínimos históricos nas yields da
dívida dos periféricos foi invertida.
As yields das
Obrigações do Tesouro português no prazo de referência, a 10 anos, subiram
entre as 8h45 e as 11h até um pico diário de 3,14%, depois de terem fechado em
3,03% na quarta-feira com um mínimo intradiário de 2,952%. Pelas 12h30
registavam 3,11%, segundo dados da Investing.com.
O
mesmo movimento de subida registou-se para as yields das obrigações
dos restantes periféricos naquela maturidade, com uma subida mais acentuada
para as obrigações gregas.
O
movimento de descida das yields para novos mínimos históricos
continua a observar-se para as obrigações alemãs e francesas no prazo a 10 anos
que desceram para 0,889% e 1,24% respetivamente pelas 12h30.
Continuam
a surgir as más notícias económicas sobre a zona euro. A situação do conjunto
da moeda única deteriora-se. As expetativas centram-se, agora, na divulgação
dos dados preliminares sobre a inflação em agosto pelo Eurostat na sexta-feira.
Os analistas esperam uma descida para 0,3% na taxa de inflação homóloga, ou
seja, a confirmação de que prossegue o processo de desinflação.
A
degradação dos principais indicadores económicos da zona euro - estagnação do
PIB, desinflação, quebra na confiança dos consumidores e no sentimento
económico, contração contínua do crédito ao sector privado, má situação
macroeconómica das três principais economias, Alemanha, França e Itália - tem
alimentado uma onda especulativa entre os investidores na expetativa de que o
Banco Central Europeu (BCE) irá passar das palavras de Mario Draghi, o seu
presidente, em Jackson
Hole na passada sexta-feira ("fazer pouco é pior do que
fazer demasiado") para a ação efetiva ainda este ano. A reunião de 4
de setembro do BCE é agora um ponto alto na agenda para avaliar os
"sinais".
Hoje,
segundo os analistas, regressaram as dúvidas. As palavras do ministro das
Finanças alemão, proferidas na quarta-feira em entrevista a um jornal da
Baviera, de que se estava a empolar o que Draghi disse nos Estados Unidos
reinstalaram a incerteza sobre a trajetória do BCE, a par da evolução das
tensões geopolíticas no leste. Kiev acusou hoje Moscovo de ter em curso uma
invasão do sudeste da Ucrânia.
No
plano da agenda interna de alguns membros da zona euro contam-se a repercussão
da formação recente do terceiro governo Hollande (segundo de Antonio Valls), os
resultados no domingo das primeiras eleições regionais na Saxónia, na Alemanha,
a divulgação a 1 de setembro pelo Banco de Portugal do nível de dívida pública
no final de julho, e a reunião no dia 2 do governo grego com a troika em
Paris.
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