Com
o vírus a propagar-se em vários países da África Ocidental, as autoridades
sanitárias cabo-verdianas deixam o alerta: o perigo do vírus ébola entrar no
país é real.
Cabo
Verde ainda não registou nenhum caso de ébola, mas as autoridades do país temem
que, com o alastramento do vírus da febre hemorrágica a alguns países da África
Ocidental, a doença chegue ao arquipélago. O diretor-geral da Saúde, António
Pedro Delgado, já deixou o aviso, em entrevista à Rádio de Cabo Verde: o risco
de o vírus da ébola entrar no país é real.
“O
risco existe pelo fato de os países vizinhos apresentarem casos”, justifica,
acrescentando que “ainda não se verificou uma diminuição consistente para se
poder falar no controlo da situação”. “Não se sabe a que momento pode uma
pessoa contagiada, ainda sem doença, vir para Cabo Verde fazer a sua vida
normal e, de repente, criar um foco da doença”, considera António Pedro
Delgado.
Portos
e aeroportos sob vigilância
As
autoridades cabo-verdianas já reforçaram as equipas sanitárias de controlo e
prevenção nos aeroportos internacionais e nos portos que têm ligação com os
países oeste-africanos. Neste momento, as principais atenções estão viradas
para os portos e aeroportos internacionais do país, de acordo com declarações
da ministra da Saúde, Cristina Fontes Lima.
“Há
pessoas a movimentar-se nesta zona, temos passageiros que circulam e, por isso,
estamos a tomar precauções e a verificar os dispositivos”, afirma a ministra.
Algumas medidas que estão a ser tomadas passam pelo acompanhamento das pessoas
com sinais visíveis de mal-estar. Quando necessário, pode recorrer-se à análise
sanguínea aos passageiros oriundos dos países afetados logo nas fronteiras do
país.
“São
instruções que já foram dadas ao pessoal navegante, por exemplo”, explica
António Pedro Delgado, “para estar atento, a bordo, a qualquer pessoa que
manifeste doença ou que apresente algum sintoma”. Desta forma, a situação
poderá ser comunicada “com antecedência aos serviços de saúde, para que se
possam ser tomadas medidas para se fazer um diagnóstico, se se trata de uma
situação que encaixa neste quadro de ébola, ou se é outra doença febril que
possa aparecer”.
Triagem
de passageiros vindos das regões afetadas
As
residências dos passageiros oriundos dos países afetados também podem ser
passadas a pente fino pelos agentes sanitários.“Fazemos a triagem das pessoas
que vêm de ou passaram em zonas epidémicas, com a intervenção da polícia de
fronteira e com o nosso pessoal de saúde”, revela o diretor-geral da Saúde.
Esta listagem, de acordo com António Pedro Delgado, permite “saber para onde
vão estas pessoas e comunicar aos serviços de saúde da área, para se
estabelecer com elas uma relação mais próxima”.
Devido
ao surto do vírus ébola, a Federação Cabo-verdiana de Basquetebol cancelou a
deslocação da seleção nacional à Guiné-Conacri para cumprir a fase preliminar
da zona II da Taça de África das Nações.
Aumenta
o número de casos
O
vírus ébola já matou cerca de 900 pessoas na África Ocidental, segundo um
relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado nas últimas horas. O
mesmo relatório refere que já foram notificados 1.600 casos na Guiné-Conacri,
Libéria, Serra Leoa e Nigéria.
A
OMS afirma que aumentou para quatro o número de pessoas infectadas com ébola na
Nigéria, o país mais populoso de África, com 170 milhões de habitantes. Uma das
pessoas infectadas é um dos médicos que tratou Patrick Sawyer, a primeira
pessoa a morrer no país, na cidade de Lagos, devido à febre hemorrágica.
A
informação foi avançada pelo ministro da Saúde do país, Onyebuchi Chukwu, que
garante ainda que das 70 pessoas que se encontram em observação oito
"estão de quarentena, numa ala isolada, fornecida pelo governo estatal de
Lagos".
O
vírus manifesta-se em poucos dias através de febre hemorrágica, seguida de
dores musculares, náusea, vómito e diarreia. A taxa de mortalidade pode ir de 25 a 90%, consoante as
estirpes. A doença transmite-se por contacto direto com o sangue, secreções,
órgãos ou fluídos corporais de pessoas infetadas.
Deutsche
Welle - Autoria: Nélio dos Santos (Cidade da Praia) – Edição: Maria
João Pinto / Cristiane Vieira Teixeira
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