Representantes
dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa contam-se entre os
participantes da cimeira EUA-África. Analistas consideram que EUA e países
lusófonos partilham interesses semelhantes nesta cimeira.
Antes
de partir para a capital norte-americana, o chefe da diplomacia angolana,
George Chikoti, esteve na cidade da Praia, em Cabo Verde , onde falou
sobre as suas expectativas para a cimeira que tem como lema "Investir na
próxima geração”.
“Sei
que há um programa relacionado com a juventude que poderia ser bom se a
formação fosse mais longa e com cursos eventualmente mais concretos”,
considerou Chikoti, acrescentando que a cimeira pode ser “uma boa base de
discussão para o futuro com todos aqueles que querem apoiar o continente
africano, particularmente, os Estados Unidos da América”.
Apesar das questões sociais e de segurança, nomeadamente a violência na Nigéria causada pelo grupo Boko Haram ou a guerra civil no Sudão do Sul, a cimeira Estados Unidos – África tem também uma forte componente económica.
Apesar das questões sociais e de segurança, nomeadamente a violência na Nigéria causada pelo grupo Boko Haram ou a guerra civil no Sudão do Sul, a cimeira Estados Unidos – África tem também uma forte componente económica.
Um
olhar diferente sobre Angola
Tal
como S. Tomé e Príncipe, Angola não se faz representar pelo chefe de Estado em Washington. José Eduardo
dos Santos enviou, em sua representação, uma comitiva chefiada pelo
vice-Presidente Manuel Vicente. Independentemente disso, a cimeira é uma
oportunidade de os dois países reforçarem relações, na opinião do economista e
professor na Universidade Católica de Angola, Manuel Alves da Rocha.
"Evidentemente que os EUA olham para Angola de uma maneira diferente daquela de há 10 ou 15 anos atrás”, começa por explicar o analista. O motivo, segundo Alves da Rocha, é “a capacidade que Angola tem demonstrado não apenas de reorganizar a sua economia, mas também pela influência que vai exercendo na África Subsaariana - muito embora, do ponto de vista político, as oportunidades e as aberturas possam não ser as mesmas do que as que existem no domínio económico e financeiro”.
"Evidentemente que os EUA olham para Angola de uma maneira diferente daquela de há 10 ou 15 anos atrás”, começa por explicar o analista. O motivo, segundo Alves da Rocha, é “a capacidade que Angola tem demonstrado não apenas de reorganizar a sua economia, mas também pela influência que vai exercendo na África Subsaariana - muito embora, do ponto de vista político, as oportunidades e as aberturas possam não ser as mesmas do que as que existem no domínio económico e financeiro”.
O
gigante asiático: um rival de peso para os EUA
Com
esta cimeira, os Estados Unidos pretendem fortalecer a presença em África,
continente que tem relações mais consolidadas com a União Europeia, mas,
sobretudo com a China. Para o professor Manuel Alves da Rocha, os Estados
Unidos estão ainda muito longe do sucesso que o gigante asiático tem em África
e, em particular, em Angola, uma vez que “o regime angolano se sente muito mais
próximo do regime político chinês”.
"As facilidades que a China dá a Angola e aos países africanos são muito maiores e isentas, praticamente, das condicionalidades que o Ocidente impõe aos países africanos”, explica o analista, concluindo que, por isso, “a presença chinesa em África e em Angola aumenta”.
“A maior parte das empresas de construção civil que estão em Angola são chinesas. Já há muita imigração chinesa aqui. A comunidade chinesa está estimada em 300 mil pessoas e tudo isto abona, no sentido de haver maior facilidade de negócios e financiamento”, exemplifica Manuel Alves da Rocha.
Em Moçambique, contudo, o analista moçambicano Silvério Ronguane considera que as relações com os Estados Unidos são mais amplas e sólidas do que com a China, uma vez que “há uma ligação [com os EUA] muito mais profunda e que abrande muito mais áreas, que se estende da economia à política, passando pela cultura e a área social. Não assistimos a esta relação com a China porque, com a China, as relações são puramente económicas”.
"As facilidades que a China dá a Angola e aos países africanos são muito maiores e isentas, praticamente, das condicionalidades que o Ocidente impõe aos países africanos”, explica o analista, concluindo que, por isso, “a presença chinesa em África e em Angola aumenta”.
“A maior parte das empresas de construção civil que estão em Angola são chinesas. Já há muita imigração chinesa aqui. A comunidade chinesa está estimada em 300 mil pessoas e tudo isto abona, no sentido de haver maior facilidade de negócios e financiamento”, exemplifica Manuel Alves da Rocha.
Em Moçambique, contudo, o analista moçambicano Silvério Ronguane considera que as relações com os Estados Unidos são mais amplas e sólidas do que com a China, uma vez que “há uma ligação [com os EUA] muito mais profunda e que abrande muito mais áreas, que se estende da economia à política, passando pela cultura e a área social. Não assistimos a esta relação com a China porque, com a China, as relações são puramente económicas”.
Potencial
ainda por explorar
Apesar
das ameaças à segurança internacional na costa oriental do continente africano,
o analista Silvério Ronguane duvida que Moçambique faça esforços, na cimeira,
no sentido de reforçar a cooperação em matéria de segurança com os Estados
Unidos. “Estamos nesta rota do Oriente, uma rota efetiva de terrorismo
internacional”, explica Ronguane, considerando que, “por isso, seria desejável
que se reforçassem ainda mais os laços de cooperação”. No entanto, o analista
diz-se “um pouco céptico, porque a herança marxista ainda pesa muito nas
cabeças e na visão geoestratégica e geopolítica do Governo de hoje em
Moçambique”.
Moçambique e Angola ocupam lugar de destaque no seio dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, organização que, de acordo com o economista e professor angolano, Manuel Alves da Rocha, tem um papel cada vez mais relevante em acontecimentos internacionais, como a cimeira nos Estados Unidos.
“É um espaço geográfico que encerra uma potência energética notável. Temos países produtores de petróleo, gás, carvão. Evidentemente que isto confere à CPLP um papel que ainda nem sequer foi explorado nas relações entre a Europa e África ou mesmo entre África e os EUA”, conclui.
Moçambique e Angola ocupam lugar de destaque no seio dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, organização que, de acordo com o economista e professor angolano, Manuel Alves da Rocha, tem um papel cada vez mais relevante em acontecimentos internacionais, como a cimeira nos Estados Unidos.
“É um espaço geográfico que encerra uma potência energética notável. Temos países produtores de petróleo, gás, carvão. Evidentemente que isto confere à CPLP um papel que ainda nem sequer foi explorado nas relações entre a Europa e África ou mesmo entre África e os EUA”, conclui.
Deutsche
Welle – Autoria: Glória Sousa – Edição: Maria João Pinto / Cristiane
Vieira Teixeira
Sem comentários:
Enviar um comentário