O
chefe da diplomacia de Angola, Georges Chikoti, disse hoje ser necessário
"refletir-se" sobre o futuro da parceria entre o grupo África,
Caraíbas e Pacífico (ACP) e a União Europeia (UE), assim como a abertura a
outros entendimentos.
O
ministro das Relações Exteriores discursava na abertura da sexta reunião do
Grupo de Eminentes Personalidades da África, Caraíbas e Pacífico (GEP-ACP), que
decorre em Luanda e que vai debater o "Futuro do Grupo ACP após
2020".
O
organismo, envolvendo 79 nações, surgiu com o Tratado de Lomé, assinado em 1979
entre os países ACP e a então Comunidade Económica Europeia, para regular as
relações entre ambos. As relações comerciais entre os dois blocos seriam mais
tarde regulamentadas através do acordo de Cotounou, rubricado em 2000 entre UE
e ACP, até 2020.
"Hoje,
quase 15 anos depois, consideramos positiva a relação de parceria com a União
Europeia. Entretanto, temos de reconhecer que nem tudo correu como desejado e
que é necessário refletir-se sobre o futuro dessa parceria", disse o
ministro.
Georges
Chikoti garantiu também que a parceria com os países europeus "facilitou
importantes passos em prol da unidade e da solidariedade entre os
Estados-membros do ACP", mas que o momento é de definição do futuro da
instituição, face aos atuais "impasses" no modelo de gestão.
"Apesar
da sua ligação umbilical à União Europeia, talvez seja este o momento de equacionar
o alargamento a outras parcerias, se isso constituir de facto uma mais-valia
para o Grupo", reconheceu.
Europa
e países daquelas três regiões estabeleceram acordos de parceira económica nos
últimos anos, nomeadamente para "eliminação progressiva dos obstáculos ao
comércio", reforço da cooperação, consolidação de iniciativas de
"integração regional" e promoção da "integração gradual dos
países ACP na economia global".
"Devemos
continuar a trabalhar no sentido da definição, estruturação e aplicação dos acordos
de parceria económica que, como todos almejamos, deverá alavancar a integração
económica regional rumo à zona continental de livre comércio", acrescentou
Chikoti.
O
Grupo de Eminentes Personalidades destas três regiões realiza até quarta-feira
a última reunião regional de consulta sobre o futuro da organização. Este será
tema de discussão da próxima cimeira de chefes de Estado e de Governo deste
grupo, a realizar em novembro, em Paramaribo, no Suriname.
O
encontro de Luanda, que conta com a presença do antigo chefe de Estado da
Nigéria, atualmente presidente do GEP, Olusegun Obasanjo, permitirá abordar o
desenvolvimento e futuro das regiões abrangidas pelo grupo, novos desafios,
relações internacionais e "refletir" sobre o Acordo de Cotonou e o
Tratado de Lisboa, entre outros assuntos.
Integram
o GEP-ACP doze personalidades, como antigos chefes de Estados e governantes, o
ex-secretário-geral adjunto das Nações Unidas, Ibrahim Fall e a diretora-geral
adjunta da Organização Mundial do Comércio, Valentine Rugwabiza, entre outras
figuras "proeminentes".
O
professor angolano Sebastião Isata, antigo representante especial da União
Africana na Guiné-Bissau, Burundi e Região dos Grandes Lagos, integra este
grupo e sugeriu hoje a criação de um banco de financiamento envolvendo as três
regiões.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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