Macau,
China, 22 set (Lusa) - O lançamento de uma plataforma online que permita
agilizar as queixas contra irregularidades cometidas por taxistas é um dos
primeiros projetos da Associação de Passageiros de Táxi de Macau (MTPA, na
sigla em inglês), formalmente constituída hoje.
A
MPTA surge na sequência da adesão a um grupo criado no Facebook, a 30 de junho,
atualmente com mais de 2.500 membros de pelo menos 40 nacionalidades
diferentes, incluindo portugueses, brasileiros, cabo-verdianos e moçambicanos.
Num
ritmo quase diário, denunciam-se irregularidades e ilegalidades diversas
praticadas por taxistas de Macau, complementadas com frequência por fotografias
e vídeos e, na maior parte das vezes, através de histórias contadas na primeira
pessoa. A 01 de setembro, os administradores do grupo criaram mesmo uma 'lista
negra' e uma 'lista branca' feitas com base nas experiências relatadas pelos
próprios membros.
De
acordo com o fundador e presidente da MPTA, Andrew Scott, entre 30 de junho e
28 de agosto, os membros reportaram 141 incidentes específicos descrevendo boas
e más práticas por parte de taxistas. Do total, 85% foram más experiências,
incluindo cobrança excessiva, condução perigosa e comportamentos rudes e/ou
agressivos e até mesmo casos de violência.
A
"lista negra" contava com 73 matrículas, enquanto a
"branca" com apenas 18, segundo dados contabilizados até ao final de
agosto constantes do documento a entregar à Direção dos Serviços de Assuntos de
Tráfego (DSAT) no âmbito da consulta pública, que termina esta terça-feira,
sobre o serviço de táxis em Macau.
Com
a transformação do grupo de Facebook numa associação, Andrew Scott quer
"profissionalizar" as listas: na terça-feira vai reunir com a DSAT e
propor a criação de uma página na internet, com uma adaptação para telemóvel,
que permite aos passageiros preencher uma "ficha" do taxista,
relatando as infrações.
Essa
"ficha" é imediatamente encaminhada para a DSAT e todos os membros da
associação, juntamente com os dados pessoais do denunciante, para que possa ser
contactado para prestar mais declarações.
"A
ideia é que funcione como uma queixa", explica.
Andrew
Scott admite que o atual método para apresentar queixa, que implica uma
deslocação à DSAT, "é um pesadelo", e que as queixas não têm, muitas
vezes, seguimento.
O
presidente da associação não sabe o motivo que leva à inação das autoridades e
prefere "não especular por agora", mas garante que não é por falta de
provas.
"Há
ótimas provas. Estamos a ?treinar' os nossos membros para tirarem fotografias e
fazerem vídeos. Não há falta de provas e as pessoas estão cada vez melhores a
obtê-las", explica.
Na
primeira metade do ano, a DSAT e a PSP realizaram 166 operações conjuntas,
sinalizando 291 infrações - ou seja, mais do que as registadas no cômputo do
ano passado (279), de acordo com informações disponibilizadas pela recém-criada
associação.
A
MPTA alerta ainda para o facto de Macau - com uma população estimada em 614.500
habitantes e uma média mensal de 2,4 milhões de turistas - ter apenas 1.380
táxis em circulação.
Andrew
Scott admite que os taxistas enfrentam despesas muito elevadas, especialmente
com as licenças que podem ultrapassar um milhão de patacas (779 mil euros), o
que os leva, por vezes, a cometer irregularidades.
Por
esse motivo, sugere também uma redução drástica do preço das licenças e uma
subida das tarifas - isto, claro, se o serviço melhorar, diz o presidente da
associação.
"Não
somos contra os taxistas, somos contra comportamentos ilegais", ressalva.
ISG/DM
// APN - Lusa
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