terça-feira, 23 de setembro de 2014

Associação pretende lançar plataforma para agilizar queixas contra táxis em Macau




Macau, China, 22 set (Lusa) - O lançamento de uma plataforma online que permita agilizar as queixas contra irregularidades cometidas por taxistas é um dos primeiros projetos da Associação de Passageiros de Táxi de Macau (MTPA, na sigla em inglês), formalmente constituída hoje.

A MPTA surge na sequência da adesão a um grupo criado no Facebook, a 30 de junho, atualmente com mais de 2.500 membros de pelo menos 40 nacionalidades diferentes, incluindo portugueses, brasileiros, cabo-verdianos e moçambicanos.

Num ritmo quase diário, denunciam-se irregularidades e ilegalidades diversas praticadas por taxistas de Macau, complementadas com frequência por fotografias e vídeos e, na maior parte das vezes, através de histórias contadas na primeira pessoa. A 01 de setembro, os administradores do grupo criaram mesmo uma 'lista negra' e uma 'lista branca' feitas com base nas experiências relatadas pelos próprios membros.

De acordo com o fundador e presidente da MPTA, Andrew Scott, entre 30 de junho e 28 de agosto, os membros reportaram 141 incidentes específicos descrevendo boas e más práticas por parte de taxistas. Do total, 85% foram más experiências, incluindo cobrança excessiva, condução perigosa e comportamentos rudes e/ou agressivos e até mesmo casos de violência.

A "lista negra" contava com 73 matrículas, enquanto a "branca" com apenas 18, segundo dados contabilizados até ao final de agosto constantes do documento a entregar à Direção dos Serviços de Assuntos de Tráfego (DSAT) no âmbito da consulta pública, que termina esta terça-feira, sobre o serviço de táxis em Macau.

Com a transformação do grupo de Facebook numa associação, Andrew Scott quer "profissionalizar" as listas: na terça-feira vai reunir com a DSAT e propor a criação de uma página na internet, com uma adaptação para telemóvel, que permite aos passageiros preencher uma "ficha" do taxista, relatando as infrações.

Essa "ficha" é imediatamente encaminhada para a DSAT e todos os membros da associação, juntamente com os dados pessoais do denunciante, para que possa ser contactado para prestar mais declarações.

"A ideia é que funcione como uma queixa", explica.

Andrew Scott admite que o atual método para apresentar queixa, que implica uma deslocação à DSAT, "é um pesadelo", e que as queixas não têm, muitas vezes, seguimento.

O presidente da associação não sabe o motivo que leva à inação das autoridades e prefere "não especular por agora", mas garante que não é por falta de provas.

"Há ótimas provas. Estamos a ?treinar' os nossos membros para tirarem fotografias e fazerem vídeos. Não há falta de provas e as pessoas estão cada vez melhores a obtê-las", explica.

Na primeira metade do ano, a DSAT e a PSP realizaram 166 operações conjuntas, sinalizando 291 infrações - ou seja, mais do que as registadas no cômputo do ano passado (279), de acordo com informações disponibilizadas pela recém-criada associação.

A MPTA alerta ainda para o facto de Macau - com uma população estimada em 614.500 habitantes e uma média mensal de 2,4 milhões de turistas - ter apenas 1.380 táxis em circulação.

Andrew Scott admite que os taxistas enfrentam despesas muito elevadas, especialmente com as licenças que podem ultrapassar um milhão de patacas (779 mil euros), o que os leva, por vezes, a cometer irregularidades.

Por esse motivo, sugere também uma redução drástica do preço das licenças e uma subida das tarifas - isto, claro, se o serviço melhorar, diz o presidente da associação.

"Não somos contra os taxistas, somos contra comportamentos ilegais", ressalva.

ISG/DM // APN - Lusa

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