Occuppy
Central antecipa início da campanha de desobediência civil em Hong Kong
28
de Setembro de 2014, 11:38
Hong
Kong, China, 28 set (Lusa) -- A campanha de desobediência civil do grupo Occupy
Central arrancou hoje em
Hong Kong , um dia depois de protestos junto à sede do governo
contra a decisão de Pequim de limitar o sufrágio universal terem causado mais
de 70 detidos.
O
grupo, denominado Occupy Central with Love and Peace (Ocupar o centro com paz e
amor, na tradução livre em português), anunciou o início da campanha ao início
da madrugada de hoje (tarde de sábado em Lisboa), segundo a Rádio Pública de
Hong Kong (RTHK).
"O
Occupy Central começa agora", disse o académico e cofundador do Ocuppy
Central, Benny Tai, num discurso perante milhares de pessoas concentradas numa
zona do centro de Hong Kong (Admiralty). Segundo a Federação de Estudantes,
citada pela RTHK, estariam no local 50.000 pessoas.
A
China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Executivo é
escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200
pessoas, que poderia escolher o seu líder em 2017.
A
31 de agosto, porém, Pequim decidiu que os aspirantes ao cargo vão precisar do
apoio de mais de 50% de um comité de nomeação para concorrer à eleição e que apenas
dois ou três serão selecionados. Ou seja, a população de Hong Kong exercerá o
seu direito de voto mas só depois daquilo que os democratas designam de
'triagem'.
Uma
coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento "Occupy
Central" -- rotulou o plano de Pequim de "falsa democracia" e
prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao distrito
financeiro de Hong Kong.
O
início da campanha do Occupy Central estava previsto para 01 de outubro num
jardim de Hong Kong (Chater Garden), e tinha sido anunciado como um
"banquete", como forma de código. Mas Benny Tai disse esta noite que
os líderes do movimento mudaram de ideias na sequência das ações de protesto
levadas a cabo pelos estudantes ao longo da semana.
Na
noite de sexta-feira, na Praça Cívica, junto à sede do governo, uma
concentração de cerca de 2.000 manifestantes, sobretudo alunos do secundário e
estudantes universitários, culminou com a entrada forçada de cerca de 150
ativistas no complexo de Tamar -- que alberga o gabinete do chefe do Executivo,
o Conselho Legislativo (parlamento) e as principais secretarias de Hong Kong.
A
polícia usou gás pimenta para tentar dispersar os manifestantes e 34 pessoas
ficaram feridas e 74 foram detidas, incluindo líderes da Federação de Estudantes,
segundo a AFP e RTHK.
Entretanto,
os protestos prosseguiram no sábado, com os organizadores a tocarem músicas
motivacionais e proferirem discursos recebidos com aplausos pelos
manifestantes. Postos de socorro e pontos de reciclagem foram criados no local,
e distribuídas águas, lanches e proteções contra gás pimenta.
"Estou
profundamente comovida, 99% destas pessoas são jovens e sabem o que estão a
fazer e estão cientes das consequências dos seus atos", disse à AFP
Claudia Mo, deputada representante do pró-democrata Partido Cívico. "Eles
não estão só a lutar pela democracia, eles estão a lutar pela humanidade",
frisou.
Milhares
de estudantes iniciaram na segunda-feira uma semana de boicote às aulas em
forma de protesto contra a recusa de Pequim em garantir pleno sufrágio
universal.
"Queremos
decidir o nosso futuro nós próprios", disse o estudante de Relações
Internacionais, Gary Mak, de 23 anos. "É um bom princípio para todas as
pessoas de Hong Kong lutar pela democracia", acrescentou.
A
reforma política proposta carece de ser submetida ao Conselho Legislativo de
Hong Kong (LegCo, parlamento) e aprovada por dois terços dos 70 deputados, dos
quais 27 do campo pró-democrata anunciaram ter-se unido num compromisso pelo
veto.
FV
(DM/ IMA) // FV
Manifestantes
de Hong Kong protestam junto ao porto
29
de Setembro de 2014, 03:14
Hong
Kong, 28 set (Lusa) - Manifestantes pró-democracia em Hong Kong bloquearam
hoje uma área junto ao porto, após a polícia ter recorrido a gás lacrimogéneo
para dispersar os ativistas do centro da cidade.
Segundo
as autoridades locais, 30 pessoas ficaram feridas (26 manifestantes e quatro
polícias) após a intervenção policial para dispersar o protesto, que acabou por
alastrar, durante a noite, a um outro local.
Os
manifestantes contestam uma decisão de Pequim que limita o sufrágio universal
na antiga colónia britânica, sob domínio da China desde julho de 1997.
A
China prometeu a Hong Kong que o chefe do Executivo local a eleger em 2017
poderia ser escolhido livremente pela população.
No
entanto, a 31 de agosto, o Governo de Pequim determinou que os candidatos ao
cargo têm de reunir mais de metade dos votos de um comité de nomeação.
Uma
coligação de grupos pró-democracia -- liderada pelo movimento "Occupy
Central" -- considerou o plano de Pequim uma "falsa democracia"
e prometeu levar a cabo uma série de ações incluindo um bloqueio ao centro financeiro
de Hong Kong.
EO
(JOP) // VC
Milhares
de pessoas continuam concentradas no centro de Hong Kong após noite tensa
29
de Setembro de 2014, 12:31
Pequim,
29 set (Lusa) -- Milhares de pessoas continuam hoje concentradas no centro de
Hong Kong para pedir a eleição democrática do chefe do Executivo, após mais uma
noite de tensão e recurso a gás lacrimogéneo pela polícia da antiga colónia
britânica.
A
situação estava mais calma esta manhã, com muitos manifestantes sentados ou a
deitados a dormir nas ruas, enquanto os polícias, que formam barreiras junto de
edifícios ou de cruzamentos estratégicos, também estavam a descansar.
As
autoridades renovaram, ainda que sem resultados, os apelos para que os
manifestantes regressem a casa e abandonem os distritos administrativos e
financeiros da Região Administrativa Especial chinesa, como Admiralty, Central
ou Causeway Bay.
Bancos,
escolas e alguns estabelecimentos comerciais dessas zonas estavam hoje
encerrados, apesar de a paralisação da atividade não ser total.
Em
paralelo, foram também suspensas várias atividades do governo e reuniões do
Conselho Legislativo (LegCo, parlamento).
Contudo,
a Bolsa de Valores de Hong Kong -- a segunda mais importante da Ásia e a sexta
maior do mundo -- estava a funcionar dentro da normalidade, apesar da tensão na
cidade e da possibilidade de o distrito financeiro puder ficar cortado ter tido
consequências nos mercados.
A
bolsa abriu a sessão em baixa, com o principal índice, o Hang Seng, a registar
perdas de 1,18%.
Encerradas
estavam também ainda várias saídas do metro e várias carreiras de autocarros
foram suspensas ou desviadas.
Os
manifestantes contam com o apoio de voluntários que lhes levam alimentos, água
e máscaras para fazer frente ao gás lacrimogéneo, permitindo assim que
prossigam com aquele que se começa a chamar de "o protesto dos
guarda-chuvas", numa referência ao uso dos mesmos como 'escudo' face ao
lançamento de gás pimenta.
O
chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, desmentiu rumores de que irá
recorrer à Guarnição do Exército Popular de Libertação Exército de Libertação
Popular ou de que os agentes da polícia antimotim estão a utilizar balas de
borracha.
Além
das universidades, há paralisações em escolas secundárias nas quais os
estudantes declararam boicote, ficando sentados nos pátios.
O
movimento surge em contestação à decisão de Pequim de restringir o sufrágio
universal pleno. A 31 de agosto, a Assembleia Nacional Popular decidiu que os
aspirantes ao cargo vão precisar de reunir o apoio de mais de 50% de um comité
de nomeação para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão então
selecionados.
Ou
seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois
daquilo que os democratas designam de 'triagem'.
A
China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é escolhido
por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200 pessoas, que
seria capaz de escolher o seu líder em 2017.
Após
os incidentes da madrugada de sábado durante a manifestação que encerrava uma
semana de boicote às aulas e protestos estudantis, o movimento 'Occupy Central'
declarou o início antecipado de uma campanha de desobediência civil.
O
objetivo de 'Occupy Central' passa por paralisar a atividade no distrito de
Central, coração financeiro e comercial da cidade, caso não exista sufrágio
universal pleno, sem restrições, nas próximas eleições para o chefe do
Executivo, em 2017.
O
movimento pediu hoje a demissão de CY Leung, considerando ser a única forma de
fazer com que seja possível relançar o processo de reforma política e de criar
um espaço que permita terminar com a crise.
O
'Occupy Central' garante que o protesto "é um movimento espontâneo do povo
de Hong Kong, que não está sob nenhuma organização".
DM
// JCS.
Governo
de Hong Kong anuncia retirada da polícia antimotim das ruas
29
de Setembro de 2014, 14:55
Hong
Kong, China, 29 set (Lusa) -- As autoridades de Hong Kong anunciaram hoje a
retirada da polícia antimotim das ruas tomadas por protestos massivos contra a
recusa de Pequim em garantir pleno sufrágio universal na antiga colónia
britânica.
Em
comunicado publicado no portal do Governo de Hong Kong lê-se a seguinte
mensagem: "Porque os cidadãos reunidos nas ruas acalmaram, a polícia de
choque foi retirada".
No
mesmo comunicado, o Governo liderado por CY Leung apela aos manifestantes
"para desistirem de ocupar as ruas o mais rapidamente possível para que
viaturas de emergência possam passar e para que os serviços de transporte
público possam ser parcialmente retomados".
Milhares
de manifestantes ocuparam pelo menos três artérias da cidade, paralisando
várias zonas depois dos confrontos, esta madrugada, que se estenderam por
várias horas e durante os quais a polícia lançou gás lacrimogéneo.
Durante
a manhã de hoje a presença policial era menos visível com os agentes da polícia
antimotim a serem substituídos por um contingente menor de efetivos fardados
com os uniformes do dia-a-dia.
Num
dos locais de protesto no movimentado distrito comercial de Causeway Bay não se
avistava presença policial.
Apesar
dos apelos, os manifestantes não têm dado sinais de que irão ceder ao pedido do
Governo de Hong Kong para que deixem as ruas.
Uma
semana de boicote às aulas por parte de estudantes universitários terminou na
noite de sexta-feira com uma manifestação que resvalou em incidentes que se
estenderam ao fim de semana.
O
movimento em Hong Kong
surge em contestação à decisão de Pequim de restringir o sufrágio universal
pleno. A 31 de agosto, a Assembleia Nacional Popular decidiu que os aspirantes
ao cargo vão precisar de reunir o apoio de mais de 50% de um comité de nomeação
para concorrer à eleição e que apenas dois ou três serão então selecionados.
Ou
seja, a população de Hong Kong exercerá o seu direito de voto mas só depois
daquilo que os democratas designam de 'triagem'.
A
China tinha prometido à população de Hong Kong, cujo chefe do Governo é
escolhido por um colégio eleitoral composto atualmente por cerca de 1.200
pessoas, que seria capaz de escolher o seu líder em 2017.
Após
os incidentes da madrugada de sábado, o movimento 'Occupy Central' declarou o
início antecipado da campanha de desobediência civil.
DM
//
Protestos
em Hong Kong
"podem não terminar pacificamente como a Revolução dos Cravos"
29
de Setembro de 2014, 16:44
Macau,
China, 29 set (Lusa) - Os protestos pela democracia em Hong Kong estão hoje a
ser acompanhados de perto por ativistas de Macau, como Jason Chao, que disse à
agência Lusa recear o desfecho das manifestações.
"A
menos que haja novos fatores emergentes, os protestos pela democracia em Hong Kong não vão acabar
como a Revolução dos Cravos em Portugal. O Governo chinês parece estar a ser
muito duro e muito restritivo no que diz respeito às reformas políticas, mas os
valores universais são bastante valorizados pela humanidade e todas as pessoas
devem ter direitos políticos iguais", afirma à Lusa. "E nesse aspeto
dou o meu apoio total às pessoas de Hong Kong que lutam pelo sufrágio universal",
acrescenta.
Jason
Chao, um dos líderes da associação Consciência de Macau, que recentemente
organizou um referendo civil sobre o sufrágio universal naquele território, tem
estado desde sexta-feira a acompanhar os protestos junto ao complexo
governamental de Hong Kong, "na qualidade de observador".
"O
mais espantoso é que nenhum dos movimentos de Hong Kong está a liderar. Isto é
um milagre, não há organizadores, os cidadãos tomam decisões coletivas através
da Internet", disse.
"No
final, espero que os cidadãos de Hong Kong consigam o que querem, que é também
o eu quero e pelo qual luto em
Macau. E também espero que as manifestações acabem
pacificamente. Mas neste momento, não penso que acabe como a Revolução dos
Cravos", rematou.
No
domingo à noite, a Consciência de Macau, emitiu um comunicado condenando
"veementemente o uso de força por parte do Governo de Hong Kong contra
cidadãos desarmados que participavam numa manifestação pacífica".
"Às
18:00 [11:00 em Lisboa] lançaram pela primeira vez gás lacrimogéneo. As pessoas
fugiram e depois voltaram. Isto aconteceu a noite toda", lembra.
Foi
com surpresa que Kin Long Wong assistiu ao uso de força por parte da polícia,
que a certa altura chegou mesmo a empunhar um cartaz avisando a multidão de que
se não recuasse iria disparar, ainda que munições de borracha - tal acabou por
não acontecer.
"Fiquei
chocado, não podia acreditar que estavam a usar gás lacrimogéneo em
manifestantes pacíficos", conta.
O
estudante defendeu que "as pessoas de Macau têm de apoiar as pessoas de
Hong Kong. O que eles conseguirem vai afetar Macau significativamente. Se
falharem, também falham as pessoas de Macau".
No
território têm surgido manifestações de solidariedade, com um grupo de cerca de
40 pessoas a juntar-se domingo à noite junto à Igreja de São Domingos, onde
habitualmente se realiza a vigília pelo massacre de Tiananmen.
"Não
estão sozinhos. Macau apoia a democracia em Hong Kong ", lia-se
num cartaz colocado no chão, rodeado de velas.
Segundo
Rocky Chan, membro da Novo Macau, a maior associação pró-democracia do
território, um grupo de estudantes está a organizar um protesto em frente à
Assembleia Legislativa para o dia 01 de outubro, Dia Nacional da China. Os
estudantes pediram a apoio da associação que já se disponibilizou a ajudar.
Em
Taiwan, os estudantes de Macau também se juntaram às manifestações de apoio.
Com o líder dos estudantes de Hong Kong em Taipé retido da Região
Administrativa Especial, é Scott Chiang, vice-presidente da Associação Novo
Macau, quem está encarregue de organizar o movimento que domingo à noite se
reuniu junto ao edifício de representação de Hong Kong em Taipé e hoje voltou a
juntar-se ao início da tarde.
"Vou
distribuir laços amarelos. Ontem [domingo] eram centenas de pessoas, mas de
Macau apenas uma mão cheia. Ainda estão a vir de outras cidades", explicou
o ativista.
"Vejo
que as pessoas não têm medo. A polícia usa gás lacrimogéneo, as pessoas
afastam-se e voltam. Não funciona. Gostava que as pessoas de Macau conseguissem
perceber porque é que em
Hong Kong aceitam ser alvo desta violência. Estão a lutar
pela liberdade. A vida é mais do que fazem dinheiro e comer, o que é um pensamento
muito comum em Macau", comentou.
Por
volta do 12:00 (05:00 em Lisboa), o lixo era recolhido e algumas vias
rodoviárias eram reabertas ao trânsito. Populares subiam a uma plataforma para
falar em altifalantes: "De acordo com as últimas notícias, o Governo
anuncia que vai mandar mais agentes da polícia para cá [Admiralty] e insta os
cidadãos de Hong Kong a dispersar, mas nós pedimos aos polícias para fazerem
greve. Nós ficamos até ao fim".
FV/ISG
// ARA
Na foto: De noite e de dia milhares de manifestantes ocupam e protestam nas ruas de Hong Kong
*Título PG
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