João
Céu e Silva – Diário de Notícias - ENTREVISTA
A
dois dias de celebrar o terceiro ano do seu mandato o Presidente da República
de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, explica a polémica recente em torno da
adesão da Guiné-Equatorial à CPLP e considera quem Cavaco Silva e Passos Coelho
não foram enxovalhados com a entrada desse país na comunidade de língua
portuguesa. Clarifica que o essencial da decisão já fora tomado na reunião dos
ministros dos Negócios Estrangeiros dos vários países: "Os chefes de
Estado e de Governo apenas trabalharam a partir de uma recomendação que vinha
de todos os ministros dos Negócios Estrangeiros, inclusivamente do ministro
português [Rui Machete]."
Para
o Presidente a "imprensa portuguesa insistiu muito na posição do chefe de
Estado e do chefe de Governo de Portugal" mas o "debate sobre esse
dossier revelou que não havia identidade total de perspectivas mas, depois do
debate, entendeu-se que era positivo globalmente para a organização a entrada
da Guiné-Equatorial e por isso a decisão foi totalmente consensual, incluindo,
merecendo a aquiescência do Presidente e do primeiro-ministro de
Portugal."
A
nível de política interna, o Presidente da República de Cabo Verde confirmou
que pretende instalar o Tribunal Constitucional antes do fim do seu mandato,
daqui a dois anos. Considera que é responsável pela "coesão social e
nacional" e que deve evitar "tentações de excesso de exercício de
poder". Em entrevista ao DN afirma: "O Presidente deve ser o
principal garante da estabilidade institucional e social, mas também do
cumprimento da Constituição e da defesa da democracia e seus valores."
Quanto
à sua recandidatura a um segundo mandato, o Presidente considera ser
"muito cedo para falar disso".
No
que diz respeito à descolonização, Jorge Carlos Fonseca acredita que o processo
foi o possível: "Mesmo que seja sempre possível fazerem-se as coisas de
maneira diferente, o contexto revolucionário que se vivia em Portugal, o
domínio das forças da esquerda e da extrema-esquerda, o peso do MFA em Portugal
e nas ex-colónias, favorecia negociações que tenderiam para as posições e
objetivos dos movimentos de libertação nacional."
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