sábado, 13 de setembro de 2014

Moçambique – Eleições: Afonso Dhlakama anuncia início da campanha e minimiza rivais




O líder da Renamo e candidato presidencial pelo maior partido da oposição nacional, Afonso Dhlakama, vai iniciar a sua campanha eleitoral na próxima terça-feira, na cidade do Chimoio, província de Manica, anunciou ontem em conferência de imprensa.

Dhlakama escolheu para o arranque oficial da sua caça ao voto a cidade que testemunhou o seu histórico embarque para a capital do país a fim de assinar o acordo de cessar-fogo. Dhlakama parte para a caça ao voto com duas semanas de atraso, facto, entretanto, desvalorizado pelo próprio candidato.

“Vou iniciar com a campanha. Não acredito que vai ser uma campanha complicada. Vou pedir, de facto, voto para mim e para o meu partido, porque sinto que os moçambicanos querem mudanças”, disse Dhlakama em conferência de imprensa na capital do país.

O líder da “perdiz” diz que vai apostar numa campanha com muito “fair-play”, sem ataques pessoais aos seus rivais, nomeadamente, Filipe Nyusi e Daviz Simango. “Não vou perder tempo com os outros partidos e candidatos, vou falar do que eu vou fazer quando for presidente deste país, que conheço do Rovuma ao Maputo. Sei o que toca os corações dos moçambicanos”, disse Dhlakama, apontando as áreas de saúde, educação, o Estado de Direito e, sobretudo, uma atenção especial aos funcionários do Estado como as grandes prioridades.

“Vou prometer, mas do fundo do  coração… a primeira coisa que vou fazer quando for eleito é estabelecer o Estado de Direito, para que os moçambicanos, de facto, sintam que já há um governo que os vai servir, não um governo que vai exigir a um descalço para servir alguém sentado no gabinete”, realçou.

A despartidarização do aparelho do Estado é uma das questões que considera prioritárias e que vai merecer a sua maior atenção. “O meu partido não irá obrigar que todo aquele que seja funcionário do Aparelho do Estado seja membro do partido no poder (a Renamo). Vamos trabalhar para que as pessoas sintam que, independentemente da sua cor partidária, são úteis e podem servir o Estado”, concluiu.

O líder da Renamo, que concorre pela quinta vez à Ponta Vermelha, desafiou os seus rivais para um debate a três sobre as propostas de governação.

“Eu gostaria... arrumar com aquilo, mas não aceitam”, declarou, frisando que desde 1994 que o seu desafio não é aceite.

Refira-se que depois de Chimoio, Dhlakama vai escalar, na quarta-feira a província de Nampula, de onde seguirá para Zambézia.

MDM vs Nyusi

Sobre os seus rivais à Presidência da República, Dhlakama minimiza o MDM, considerando que este não é um rival à sua altura.

“Não quero, de facto, contar o MDM como um adversário para se embater com a Renamo ou com Dhlakama, desculpe, mas não é orgulho”, respondeu.

Quanto a Filipe Nyusi, Dhlakama preferiu avaliá-lo pelo partido que representa, minimizando, contudo, o actual discurso de campanha do candidato da Frelimo à sucessão de Armando Guebuza.

“A Frelimo é um partido tradicionalista, é um partido histórico, e vamos ver. Com o meu amigo Nyusi, vamos encontrar-nos no terreno. Se ele continuar a dizer o que anda a dizer, dizer votar na continuidade, a priori já perdeu”, enfatizou Dhlakama. 

Fundo da paz

O líder da Renamo falou ontem sobre o Fundo da Paz e Estabilidade anunciado recentemente pelo Presidente da república, Armando Guebuza.

Dhlakama disse ter-se reunido com Guebuza, na terça-feira, que o informou sobre a ideia.

Depois da reunião, o líder da “perdiz” disse ter iniciado a sua campanha para a mobilização de valores para o fundo. “Estou em campanha junto de alguns países amigos de Moçambique para que, quem puder, possa contribuir para o fundo”, disse, em contacto com a imprensa.

“Não acredito que o estado possa ter dinheiro suficiente para este fundo, por isso, estou a trabalhar para que possamos ter contribuições de parceiros”, realçou.

Dhlakama considera que a inovadora ideia lançada por Guebuza já devia ter sido criada depois do Acordo Geral de Roma.

As promessas de Dhlakama

“Como se explica que num país como este o governo do dia gaste muito dinheiro em guerras e armamentos, ao invés de gastar na educação e saúde. Qualquer governo, no mundo, que não gaste mais dinheiro na saúde, falhou, este governo falhou”, disse Dhlakama.

“Se o sector da saúde não é prioritário, quer dizer que o povo está condenado à morte. Não digo que vou acabar com a morte, porque quando o dia chegar a pessoa vai morrer. Mas não vai morrer porque o médico pediu dinheiro, porque o médico estava a ler o manifesto do partido no poder, não. Eu vou acabar com isto”, prometeu.

O País (mz)

Sem comentários:

Mais lidas da semana