O
líder da Renamo e candidato presidencial pelo maior partido da oposição
nacional, Afonso Dhlakama, vai iniciar a sua campanha eleitoral na próxima
terça-feira, na cidade do Chimoio, província de Manica, anunciou ontem em
conferência de imprensa.
Dhlakama
escolheu para o arranque oficial da sua caça ao voto a cidade que testemunhou o
seu histórico embarque para a capital do país a fim de assinar o acordo de
cessar-fogo. Dhlakama parte para a caça ao voto com duas semanas de atraso,
facto, entretanto, desvalorizado pelo próprio candidato.
“Vou
iniciar com a campanha. Não acredito que vai ser uma campanha complicada. Vou
pedir, de facto, voto para mim e para o meu partido, porque sinto que os
moçambicanos querem mudanças”, disse Dhlakama em conferência de imprensa na
capital do país.
O
líder da “perdiz” diz que vai apostar numa campanha com muito “fair-play”, sem
ataques pessoais aos seus rivais, nomeadamente, Filipe Nyusi e Daviz Simango.
“Não vou perder tempo com os outros partidos e candidatos, vou falar do que eu
vou fazer quando for presidente deste país, que conheço do Rovuma ao Maputo.
Sei o que toca os corações dos moçambicanos”, disse Dhlakama, apontando as
áreas de saúde, educação, o Estado de Direito e, sobretudo, uma atenção
especial aos funcionários do Estado como as grandes prioridades.
“Vou
prometer, mas do fundo do coração… a primeira coisa que vou fazer
quando for eleito é estabelecer o Estado de Direito, para que os moçambicanos,
de facto, sintam que já há um governo que os vai servir, não um governo que vai
exigir a um descalço para servir alguém sentado no gabinete”, realçou.
A
despartidarização do aparelho do Estado é uma das questões que considera
prioritárias e que vai merecer a sua maior atenção. “O meu partido não irá
obrigar que todo aquele que seja funcionário do Aparelho do Estado seja membro
do partido no poder (a Renamo). Vamos trabalhar para que as pessoas sintam que,
independentemente da sua cor partidária, são úteis e podem servir o Estado”,
concluiu.
O
líder da Renamo, que concorre pela quinta vez à Ponta Vermelha, desafiou os
seus rivais para um debate a três sobre as propostas de governação.
“Eu
gostaria... arrumar com aquilo, mas não aceitam”, declarou, frisando que desde
1994 que o seu desafio não é aceite.
Refira-se
que depois de Chimoio, Dhlakama vai escalar, na quarta-feira a província de
Nampula, de onde seguirá para Zambézia.
MDM
vs Nyusi
Sobre
os seus rivais à Presidência da República, Dhlakama minimiza o MDM,
considerando que este não é um rival à sua altura.
“Não
quero, de facto, contar o MDM como um adversário para se embater com a Renamo
ou com Dhlakama, desculpe, mas não é orgulho”, respondeu.
Quanto
a Filipe Nyusi, Dhlakama preferiu avaliá-lo pelo partido que representa,
minimizando, contudo, o actual discurso de campanha do candidato da Frelimo à
sucessão de Armando Guebuza.
“A
Frelimo é um partido tradicionalista, é um partido histórico, e vamos ver. Com
o meu amigo Nyusi, vamos encontrar-nos no terreno. Se ele continuar a dizer o
que anda a dizer, dizer votar na continuidade, a priori já perdeu”, enfatizou
Dhlakama.
Fundo
da paz
O
líder da Renamo falou ontem sobre o Fundo da Paz e Estabilidade anunciado
recentemente pelo Presidente da república, Armando Guebuza.
Dhlakama
disse ter-se reunido com Guebuza, na terça-feira, que o informou sobre a ideia.
Depois
da reunião, o líder da “perdiz” disse ter iniciado a sua campanha para a
mobilização de valores para o fundo. “Estou em campanha junto de alguns países
amigos de Moçambique para que, quem puder, possa contribuir para o fundo”,
disse, em contacto com a imprensa.
“Não
acredito que o estado possa ter dinheiro suficiente para este fundo, por isso,
estou a trabalhar para que possamos ter contribuições de parceiros”, realçou.
Dhlakama
considera que a inovadora ideia lançada por Guebuza já devia ter sido criada
depois do Acordo Geral de Roma.
As
promessas de Dhlakama
“Como
se explica que num país como este o governo do dia gaste muito dinheiro em
guerras e armamentos, ao invés de gastar na educação e saúde. Qualquer governo,
no mundo, que não gaste mais dinheiro na saúde, falhou, este governo falhou”,
disse Dhlakama.
“Se
o sector da saúde não é prioritário, quer dizer que o povo está condenado à
morte. Não digo que vou acabar com a morte, porque quando o dia chegar a pessoa
vai morrer. Mas não vai morrer porque o médico pediu dinheiro, porque o médico
estava a ler o manifesto do partido no poder, não. Eu vou acabar com isto”,
prometeu.
O
País (mz)
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