terça-feira, 16 de setembro de 2014

PODERÁ A CHINA CRIAR FORÇAS ESPACIAIS?





Há pouco, o jornal japonês Yomiuri Shimbun escreveu que a China, possivelmente, tem formado Forças Espaciais com o estatuto de ramo independente das Forças Armadas paralelamente às Tropas Terrestres, à Força Aérea, à Marinha e à Segunda Artilharia (tropas de mísseis de destino estratégico).

Há várias provas testemunhando que a importância da utilização militar do espaço para a China está crescendo constantemente.

A China é um dos líderes mundiais ou ocupa o primeiro lugar no mundo em muitos vetores importantes do desenvolvimento do espaço militar. Seus projetos de elaboração de armas antissatélite são de maior escala e os mais avançados no mundo. O país está ocupando primeiras posições no desenvolvimento de satélites de reconhecimento, conseguindo, em particular, obter uma resolução inferior a um metro em seus satélites de reconhecimento ótico-eletrônico. Engenheiros chineses estão desenvolvendo com êxito um sistema de navegação por satélites.

Ao mesmo tempo, a atribuição do estatuto de ramo independente das Forças Armadas às Forças Espaciais é pouco provável. Em primeiro lugar, porque, no caso da aprovação de tal decisão, poderíamos ver alterações na composição do Conselho Militar Central da China, formado pelos comandantes dos ramos das Forças Armadas. Seria alterada cardinalmente a estrutura organizativa do Comando General de Armamentos que controla a maioria de objetos da infraestrutura espacial terrestre. As mudanças seriam notáveis também na Segunda Artilharia cujo pessoal participa no lançamento de aparelhos espaciais no interesse das Forças Armadas.

Tais bases espaciais chinesas como Taiyuan e Xichang são também centros de ensaio de mísseis de combate, inclusive balísticos e antissatélite. É interessante como elas seriam controladas. Em geral, as alterações no sistema de comando, recrutamento e abastecimento material-técnico seriam de tal envergadura que não faria sentido, sendo mesmo um non sense, dissimula-las.

Mas, de qualquer maneira, será necessário resolver em perspectiva os problemas da subordinação e do estatuto das Forças Espaciais. Em breve, a China irá dispor de vários sistemas espaciais complexos ao serviço de diferentes consumidores. Por exemplo, o desdobramento de mísseis de cruzeiro pesados contra navios e de mísseis balísticos contra navios exigirá desenvolver potentes sistemas de indicação de alvos. Em outras palavras, será dispensada cada vez maior atenção ao espaço militar.

A China está aumentando também o número de satélites de reconhecimento destinados para a espionagem ótica e a escuta de radiotransmissões e pretende desenvolver um sistema de aviso de ataques de mísseis. Tudo isso, paralelamente ao desenvolvimento de armas antissatélite, significa o crescimento do número de especialistas e o aumento de despesas financeiras ligadas ao espaço, devendo, respectivamente, elevar a influência e o peso político de certas estruturas militares. Naquela altura, possivelmente, surgirá a necessidade de atribuir o estatuto independente das Forças Armadas às Forças Espaciais.

Foto: Flickr.com/NASA's Marshall Space Flight Center/cc-by-nc

Vassili Kashin – Voz da Rússia

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