O
primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, presidiu hoje à
abertura oficial do ano letivo nas escolas públicas, anunciando uma série de
reformas para a melhoria do setor de ensino.
O
chefe do governo apelou à participação de todos, sindicatos, pais e
encarregados de educação, alunos e parceiros, para a execução das reformas.
Domingos
Simões Pereira afirmou que o Governo vai trabalhar para que todos os alunos
possam ter uma peça de identificação pessoal e acesso a "pelo menos uma
refeição quente diária".
"Um
aluno com a barriga vazia não pode ter cabeça para assimilar a matéria",
defendeu o chefe do Governo guineense, enfatizando o facto de muitas crianças
irem para escola sem nada no estômago.
O
primeiro-ministro disse também que não podem continuar a existir situações em
que "milhares de alunos" só a partir dos liceus terem documentos de
identificação civil por não serem registados à nascença.
O
chefe do executivo quer que os ministérios da Justiça e Educação coloquem em
marcha um plano de registo móvel para a população em idade escolar, para que
todos possam ter bilhete de identidade.
A
reintrodução de disciplinas da moral e ética no currículo escolar é outra das
recomendações deixadas pelo primeiro-ministro ao dirigir-se à ministra da
Educação, Odete Semedo, frisando que, no passado, essas matérias "eram a
essência da sociedade".
Domingos
Simões Pereira disse que o Governo vai "ter em conta uma boa dotação
orçamental" para o setor da Educação, mas sublinhou que o setor nunca
poderá estar no centro das atenções enquanto a paz e a estabilidade continuarem
a ser a prioridade da ação governativa.
Citando
as estatísticas do Ministério da Educação, que apontam para uma taxa de
analfabetismo de 59 por cento da população, o primeiro-ministro guineense
defendeu que o país só vai conseguir combater a pobreza se conseguir
"mudar radicalmente esses dados".
Nesse
sentido, Domingos Simões Pereira pediu a compreensão dos sindicatos para os
problemas do setor e anunciou "abertura total" do Governo para o
diálogo em busca de soluções para os vários problemas do setor do ensino
público.
A
ministra da Educação, Odete Semedo, anunciou também as medidas já encetadas no
sentido de trazer melhorias ao ano letivo que espera venha a decorrer sem
interrupções devido a greves de docentes, como aconteceu nos últimos anos por
não receberem salários.
Devido
à greve dos professores, nos últimos cinco anos as escolas públicas raras vezes
abriram as portas em outubro.
As
aulas arrancaram quase sempre em dezembro ou janeiro.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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