segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Futuro PM de São Tomé e Príncipe acredita que será o primeiro a cumprir mandato até ao fim




O futuro primeiro-ministro são-tomense disse hoje acreditar que será o primeiro chefe de Governo a levar o mandato até ao fim porque o povo "deu um sinal claro" com a maioria absoluta do seu partido no domingo.

"O povo são-tomense realmente deu-nos um sinal claro ontem, o fenómeno do banho [compra de votos], está mais do que provado, não muda o sentido de voto das pessoas, as sondagens de opinião confirmaram-se nas urnas, o que quer dizer que há uma possibilidade de se preverem as coisas em São Tomé e Príncipe e isso é muito bom", disse Patrice Trovoada, em entrevista à Lusa, a primeira após a vitória do seu partido nas legislativas de domingo.

Trovoada anunciou na noite de domingo que a Ação Democrática Independente (ADI) obteve a maioria absoluta, devendo conquistar entre 30 e 33 mandatos. A Comissão Eleitoral Nacional ainda não divulgou os resultados.

O candidato vencedor das legislativas disse acreditar que nos próximos quatro anos será possível "manter a estabilidade", tanto política como social.

"Eu estou convencido que uma política de proximidade, a favor do 'povo pequeno' como eu costumo dizer e com o diálogo com as forças políticas, a busca de consenso naquilo que deve ser consensual, mas também o contraditório, o debate, não poderá brigar com a estabilidade politica", disse.

A nível social, referiu que uma das primeiras medidas que vai aplicar é a descida do preço do arroz para ir ao encontro das promessas eleitorais que fez e que incluem ainda Internet gratuita em todo o país e a descida do preço da carta de condução de 14 milhões de dobras para dois milhões (570 para 80 euros).

As medidas pretendem garantir a estabilidade social, que "é fundamental porque na base do descontentamento social é que se constrói depois a instabilidade política", disse Patrice Trovoada.

Questionado sobre o conflito político com o Presidente da República, Manuel Pinto da Costa, o líder da ADI referiu que está aberto a entendimentos e considerou que a legitimidade que o povo lhe deu com a maioria absoluta vão fazê-lo centrar as energias em "resolver os problemas económicos e sociais do povo são-tomense e não em querelas políticas".

Sobre se esta candidatura a primeiro-ministro poderá servir de trampolim para concorrer às eleições presidenciais de 2016, Patrice Trovoada respondeu que não, referindo que a sua agenda neste momento "é corresponder às expetativas dos são-tomenses como chefe do Governo".

"Eu sou um bom soldado, há uma missão, eu vou cumprir essa missão com toda a minha energia, com a boa vontade, com os meus recursos intelectuais e físicos", acrescentou.

Em relação aos convites para o Governo, Patrice Trovoada disse que ainda não fez nenhum, mas que já está "a pensar em algumas figuras" e manifestou confiança que vai conseguir reunir "uma equipa talentosa".

"Aqueles que estiveram comigo no Governo foram quase todos vítimas de perseguição política, foram incomodados na sua vida privada, familiar, por isso eu vou ter de fazer muita advocacia para convidar alguns para regressar ", referiu.

Questionado sobre se pretende responder, ainda antes de tomar posse, no alegado caso de branqueamento de capitais de que será suspeito, Patrice Trovoada limitou-se a dizer: "Isso depende do Ministério Público", acrescentando que não se pode pronunciar sobre o assunto.

"Há uma coisa que eu espero que jamais volte a acontecer em São Tomé e Príncipe, são as perseguições políticas, os processos políticos, uma justiça ao serviço do poder político. É o que eu espero e o que eu garanto como primeiro-ministro que não deixarei acontecer", garantiu.

Quanto às prioridades na política externa, disse que pretende fortalecer ainda mais as relações com Portugal e com os portugueses, com os restantes Estados da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e com os países do Golfo da Guiné, "um mercado essencial para o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe".

Lusa, em Notícias ao Minuto

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