Paula
Ferreira – Jornal de Notícias, opinião
São
apontados como responsáveis pelo crash que deixou 44 dias os tribunais
portugueses moribundos: um especialista em Ciência Política ,
outro em
Marketing. Paula Teixeira da Cruz encontrou os rostos que,
parece acreditar a ministra da Justiça, diminuem a sua responsabilidade
política. As notícias vindas agora a público devem dar que pensar. O Estado,
esse pequeno monstro que para tudo pede pareceres, cria grupos de trabalho e
comissões pagas a preços de ouro - dizem até ser essa uma das explicações por
que a despesa pública não emagrece - entregou a um indivíduo, que entrou na PJ
como segurança e, em dois anos, ascendeu à direção do Departamento de
Arquitetura de Sistemas do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da
Justiça, a gestão do sistema informático do Ministério da Justiça.
Bem
pode Paula Teixeira da Cruz usar a velha fórmula de pedir que a Justiça
investigue e daí lavar as mãos. Antes disso, a senhora ministra deve uma
explicação ao país, aos cidadãos. Esta novela leva já episódios em demasia e
cada um mais deprimente que o anterior.
Deixem
a Justiça investigar. Se de facto houve sabotagem, como Paula Teixeira da Cruz
deu a entender, é muito grave. Todavia, antes de a Justiça chegar a alguma
conclusão, a ministra, ou alguém por ela, tratou de crucificar várias vítimas.
A Procuradoria-Geral da República há de chegar a alguma conclusão - no limite,
arquiva o caso. As responsabilidades políticas são outra coisa: nesse campo,
esta ministra não tem tido limites para as chutar para canto.
No
mesmo dia em que os rostos do colapso do Ministério da Justiça foram
conhecidos, o JN relata mais um episódio de um outro crash. Nas escolas
portuguesas, há alunos ainda sem aulas: há professores colocados de manhã e
descolocados ao final da tarde.
Nádia
Bastos, docente do primeiro ciclo, recebeu um e-mail a colocá-la no agrupamento
de escolas de Carnide. A viver em Ermesinde, no concelho de Valongo,
preparava-se para mudar para Lisboa com as duas filhas de três e cinco anos.
Mulher prevenida, decidiu ligar primeiro para a escola. Poupou a viagem: pois a
vaga já estava preenchida. A confirmação chegou mais tarde, novamente por
e-mail, com um pedido de desculpa da Direção-Geral da Administração Escolar
para que desconsiderasse o mail anterior. Era um erro informático.
É
caso para perguntar quem serão os técnicos informáticos contratados pelo
Ministério da Educação. Se o Ministério da Justiça escolheu um antigo
segurança, licenciado em
Ciência Política , e um especialista em marketing, sem
qualquer formação em Informática, que razões teria o Ministério de Nuno Crato
para não fazer o mesmo?
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