A
ascensão do partido político espanhol Podemos tem como consequência imediata a
propagação do medo, em particular agora que o Podemos tem uma possibilidade
real de chegar ao poder.
Há
muito a temer neste jovem partido alternativo, desde logo o ataque às
oligarquias financeiras e a reestruturação da dívida pública e privada.
Assim,
os mercados não escondem o seu nervosismo perante a ascensão de um partido que
foge em absoluto ao seu controlo. O Podemos é um elemento “desestabilizador” e
é necessário combatê-lo da única forma possível: através do medo e de tudo o
que alimenta o medo – ignorância, ideias pré-concebidas, etc.
A
comunicação social tradicional terá o papel de passar a ideia de que este é um
partido “perigoso para a democracia, para a liberdade e para própria liberdade
de impressa” - palavras do PP partido do Governo de Rajoy.
Tenham
medo, tenham muito medo de todos aqueles que ousam desafiar os poderes
instalados apostados em destruir vidas e enfraquecer as democracias.
Tenham
medo, tenham muito medo II
São
notórias as tentativas de se demonizar o jovem partido espanhol Podemos. E é
natural que assim seja, sobretudo quando se coloca em causa o status quo.
Populistas e perigosos são apenas alguns adjectivos utilizados para
caracterizar o Podemos. Faz sentido, senão vejamos: defesa de medidas
económicas que pugnam pela criação de empregos através de reduções do horário
de trabalho; aumento da participação social nas empresas públicas; auditoria
cidadã à dívida pública; reestruturação da dívida; reforço da protecção social;
maior participação popular na elaboração do Orçamento de Estado; contestação e
defesa de mudanças no Banco Central Europeu; reforço dos mecanismos de
democratização no sentido de devolver a democracia aos cidadãos.
Estas medidas são perigosas para quem defende o primado daqueles partidos políticos guardiões de um sistema que promove iniquidades enquanto defende os interesses de uma espécie de casta dominante assente no capitalismo financeiro. Partidos como o Podemos representam uma ameaça e, nesse sentido, importa que a comunicação social faça o seu papel: diabolizar os que põe em causa o capitalismo financeiro que, como todos sabemos, não se coaduna com as democracias. Tenham medo do Podemos, tenham muito medo - podia ser o lema de uma parte importante da comunicação social em Espanha, mas também em boa parte da Europa.
Ana
Alexandra Gonçalves – Triunfo da Razão
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