António
Ribeiro Ferreira – jornal i
Ministério
Público da Catalunha pode abrir um processo ao presidente da Generalitat e ala
conservadora do PP ataca Rajoy por não ter impedido consulta de domingo
A
consulta de 9 de Novembro na Catalunha sobre a independência não acalmou
nenhumas das parte envolvidas. A guerra continua e até subiu de tom durante o
dia de ontem com ameaças de processos judiciais Artur Mas, presidente da
Generalitat, e críticas violentas da ala conservadora do partido Popular e de
movimentos cívicos a Mariano Rajoy por não ter impedido a consulta de domingo.
Ontem, Alicia Sánchez-Camachom, presidente do Partido Popular catalão, adiantou
que o Ministério Público está a ultimar uma acusação contra Artur Mas, mas o
procurador-geral da República, também na corda bamba por não ter actuado contra
a Generalitat antes da consulta, veio ontem também pôr água na fervura e
rejeitar as críticas de que está a ser alvo em diversos sectores da sociedade
espanhola.
MINISTÉRIO
PÚBLICO DEFENDE-SE
Eduardo Torres-Dulce recusou as críticas de inacção e
adiantou que o Ministério Público começou a trabalhar no caso no sábado e tem
feito desde então diversas diligências. O procurador recusou fazer mais
comentários mas foi adiantando que, sem precipitações, o Ministério Público
actuará sempre no cumprimento da legalidade.
Torres-Dulce,
citado pelo "El País", afirmou também que o Ministério Público da
Catalunha está a analisar tudo o que envolveu a consulta de domingo para determinar
que delitos foram cometidos e só depois actuará contra as pessoas responsáveis.
Mas Torres-Dulce adiantou que até ao momento não há nada de concreto. Mas
quando houver, clarificou Torres-Dulce, o Ministério Público avançará com as
acções penais e informará os cidadãos sobre todos os factos. "Os tempos do
Ministério Público e da justiça não são os tempos políticos ou
mediáticos", avisou ainda Torres-Dulce. Não se actua nem antes nem depois,
actua-se quando se considera que os acontecimentos são matéria para um processo
penal ou são para arquivar", finalizou o procurador-geral da República.
DEMISSÃO
DE RAJOY
Mas se Artur Mas pode estar na mira do Ministério Público, Rajoy
está na mira dos sectores mais conservadores do PP e de movimentos cívicos,
como a plataforma Livres e Iguais, um grupo de intelectuais, como Mario Vargas
Llosa, jornalistas, ex-políticos e políticos no activo, como a deputada do PP
Cayetana Álvarez Toledo. Este grupo emitiu ontem um violento comunicado contra
a passividade de Rajoy, em que afirmam que o presidente do governo de Madrid
deve pedir a demissão e abandonar a Moncloa.
MAS
AMEAÇA MADRID
Ontem também, Artur Mas fez um balanço da consulta e revelou
que escreveu uma carta a Rajoy onde pede ao chefe de governo não só diálogo
político como a autorização expressa para a realização de um referendo
vinculativo sobre a independência da Catalunha. Se a resposta de Madrid for
negativa, como se espera, então o presidente da Generalitat admite convocar
eleições antecipadas plebiscitarias seguidas de uma consulta vinculativa sobre
a independência.
As
guerras judiciais e políticas avançam a todo o vapor e o processo está
praticamente a entrar num perigoso caminho sem retorno. Mas não tem margem de
manobra para recuar e Mariano Rajoy fica com a cabeça a prémio dentro e fora do
Partido Popular se não actuar com todos os meios à sua disposição contra a
revolta catalã.
Foto:
Gustau Nacarino/Reuters
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