quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Catalunha. Mas na mira do Ministério Público e Rajoy na de dirigentes do PP



António Ribeiro Ferreira – jornal i

Ministério Público da Catalunha pode abrir um processo ao presidente da Generalitat e ala conservadora do PP ataca Rajoy por não ter impedido consulta de domingo

A consulta de 9 de Novembro na Catalunha sobre a independência não acalmou nenhumas das parte envolvidas. A guerra continua e até subiu de tom durante o dia de ontem com ameaças de processos judiciais Artur Mas, presidente da Generalitat, e críticas violentas da ala conservadora do partido Popular e de movimentos cívicos a Mariano Rajoy por não ter impedido a consulta de domingo. Ontem, Alicia Sánchez-Camachom, presidente do Partido Popular catalão, adiantou que o Ministério Público está a ultimar uma acusação contra Artur Mas, mas o procurador-geral da República, também na corda bamba por não ter actuado contra a Generalitat antes da consulta, veio ontem também pôr água na fervura e rejeitar as críticas de que está a ser alvo em diversos sectores da sociedade espanhola.

MINISTÉRIO PÚBLICO DEFENDE-SE 

Eduardo Torres-Dulce recusou as críticas de inacção e adiantou que o Ministério Público começou a trabalhar no caso no sábado e tem feito desde então diversas diligências. O procurador recusou fazer mais comentários mas foi adiantando que, sem precipitações, o Ministério Público actuará sempre no cumprimento da legalidade.

Torres-Dulce, citado pelo "El País", afirmou também que o Ministério Público da Catalunha está a analisar tudo o que envolveu a consulta de domingo para determinar que delitos foram cometidos e só depois actuará contra as pessoas responsáveis. Mas Torres-Dulce adiantou que até ao momento não há nada de concreto. Mas quando houver, clarificou Torres-Dulce, o Ministério Público avançará com as acções penais e informará os cidadãos sobre todos os factos. "Os tempos do Ministério Público e da justiça não são os tempos políticos ou mediáticos", avisou ainda Torres-Dulce. Não se actua nem antes nem depois, actua-se quando se considera que os acontecimentos são matéria para um processo penal ou são para arquivar", finalizou o procurador-geral da República.

DEMISSÃO DE RAJOY 

Mas se Artur Mas pode estar na mira do Ministério Público, Rajoy está na mira dos sectores mais conservadores do PP e de movimentos cívicos, como a plataforma Livres e Iguais, um grupo de intelectuais, como Mario Vargas Llosa, jornalistas, ex-políticos e políticos no activo, como a deputada do PP Cayetana Álvarez Toledo. Este grupo emitiu ontem um violento comunicado contra a passividade de Rajoy, em que afirmam que o presidente do governo de Madrid deve pedir a demissão e abandonar a Moncloa.

MAS AMEAÇA MADRID 

Ontem também, Artur Mas fez um balanço da consulta e revelou que escreveu uma carta a Rajoy onde pede ao chefe de governo não só diálogo político como a autorização expressa para a realização de um referendo vinculativo sobre a independência da Catalunha. Se a resposta de Madrid for negativa, como se espera, então o presidente da Generalitat admite convocar eleições antecipadas plebiscitarias seguidas de uma consulta vinculativa sobre a independência.

As guerras judiciais e políticas avançam a todo o vapor e o processo está praticamente a entrar num perigoso caminho sem retorno. Mas não tem margem de manobra para recuar e Mariano Rajoy fica com a cabeça a prémio dentro e fora do Partido Popular se não actuar com todos os meios à sua disposição contra a revolta catalã.

Foto: Gustau Nacarino/Reuters

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