segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Pequim: CIDADE PERDIDA DA ALCATEIA DE LOBOS COM PELES DE CORDEIRO



Mário Motta, Lisboa

Corre imediatamente a seguir o título China - Hong Kong: LÍDER DOS PROTESTOS PRÓ-DEMOCRACIA EM GREVE DE FOME. A greve de fome é o extremo dos extremos se não contarmos com a imolação. Mas quem considera que em Pequim os dirigentes da China se vão incomodar? Alguma vez se incomodaram com as imolações dos tibetanos ao reinvindicarem que a China deixe de ocupar o Tibete? Todos sabem ou devem saber que para Pequim as mortes por isto e aquilo até dão algum jeito. Ainda para mais as mortes de gente que pensa diferente do unaninismo forçado, da ditadura, dá um jeitão. Sempre são mais uns quantos que por greve de fome, por imolação, etc. deixam esta vida e, assim, também de incomodar os dirigentes de Pequim e suas sucursais plantadas pelo maior país do mundo.

Para os opositores ao regime pequinês o tipo de luta “até à morte” não deve fazer parte das suas formas de luta. Por isso a greve de fome não devia ser encetada por este líder de Hong Kong. Fazer uma greve de fome inconsequente não interessa a ninguém e muito menos a quem defende de alma e coração princípios democráticos que obstem a que a China continue a mascarar o seu regime hipócrita a que chama “um país dois sistemas”, porque na realidade toda a China é uma ditadura pegada e bolorenta que tem em Macau e Hong Kong uns quantos palhaços a atuar num circo a que chamam democracia, sabendo todos nós que afinal os palhaços também são animais amestrados que obedecem às ordens dos seus domadores que de Pequim fazem estalar o chicote quando consideram conveniente.

Não há-de ser fácil dirigir um país tão grande como a China. Mas é escusado o PCC e os dirigentes chineses quererem manter a fachada das zonas especiais sob a ditadura pequineza, como Macau e Hong Kong. Aliás, a China só teria a ganhar se já tivesse avançado para uma democracia plena naquelas duas regiões em vez de teimar em manter o tal circo, contando com uns paspalhos que a troco de boas vidas e alguns poderes têm vendido a alma aos diabos de Pequim.

Ou a China se abre de facto à democracia (e não falo da democracia caduca e mascarada do ocidente) ou mantém a mão-de-ferro habitual sobre os seus cidadãos até impludir e o mal maior acontecer para todos, na China e no mundo. É que assim, o que parecia há uns anos abertura real não o é. Porque era suposto que a abertura fosse progressiva a um ritmo aceitável e não super-lenta e exageradamente ao contrário da vontade dos cidadãos.

Muito mais decente seria os dirigentes de Pequim desenterrarem Mao Tse Tung, o seu regime, e manterem-se na deles com uma ditadura escancarada. Perante o fracasso de Macau e Hong Kong para que é que quer Pequim meter as patas sobre Taiwan? Para aplicarem a mesma palhaçada? Sem boa-fé, honestidade e transparência, esta “coisa da abertura” ainda vai dar mau resultado. Por isso estes falsários não merecem os sacrifícios das imolações nem das greves de fome mas sim resistência criativa e efetiva sem tréguas. Resistir, resistir sempre aos ditadores vestidos de falsa democracia, justiça e liberdade. Lobos com peles de cordeiros numa cidade perdida que tem tudo centralizado, Pequim.

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