Emildo Sambo - Verdade (mz)
Filipe
Nyusi, Presidente da República, empossou, na segunda-feira (19), a sua
máquina governativa, da qual espera integridade, honestidade, racionalização
de recursos financeiros, humanos, materiais, não escangalhar ou esbanjar o que
encontrar nos sectores a que está afecto, trabalhar e apresentar soluções para
os problemas com que o povo se debate e não reclamações.
Entretanto,
o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, continua o seu périplo pelo país para fazer
ressonância da sua contestação aos resultados das eleições passadas, e endurece
as ameaças caso a Frelimo recuse a proposta de formar o pretenso “governo de
gestão”.
Segundo
o Chefe de Estado, os ministros e seus vice-ministros foram empossados para,
entre outras tarefas, promover um progresso social, cultural, aprimorar a
percepção que se tem sobre o desenvolvimento, zelar pela coisa pública,
combater o desvio de recursos e enfrentar com determinação a cultura de
impunidade que impera em certos sectores públicos.
Dirigindo-se
a todos os governantes em simultâneo, mas com um discurso orientado para cada
sector, o Alto Magistrado da Nação disse que, apesar dos progressos alcançados
pelo anterior Executivo, o país ainda está prenhe de dificuldades cujas
soluções são prementes.
Nyusi
referiu-se, por exemplo, ao crónico caos que caracteriza os transportes
públicos de passageiros; à falta de infra-estruturas sociais; à carência de
alimentos e à subnutrição; à falta de emprego e habitação condigna; à saúde
pública; à educação; à energia eléctrica que, pese embora chegue a quase todos
os distritos, não tem qualidade; à persistente crise de água potável que
continua a ser um luxo nas zonas rurais, em particular; às vias de acesso e à
criminalidade.
Infelizmente,
apesar dos progressos alcançados, afirmou Nyusi, nas zonas rurais há muita
gente que vive em situação de pobreza e não existe garantia de alimentos para
todos os moçambicanos, o que faz com que pelo menos uma refeição por dia ainda
seja um luxo.
A
Carlos Mesquita, ministro dos Transportes e Comunicações, o Presidente da
República lembrou que a mobilidade dos cidadãos ainda é problemática porque os
transportes são críticos nas zonas urbanas e rurais.
Carlos
Martinho, das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, recebeu a
“advertência” de que muitas famílias, sobretudo os jovens, não possuem
habitação condigna. No campo predominam casas precárias. Luís Ferrão, da
Educação e Desenvolvimento Humano, levou o recado de que milhares de crianças
estudam ao relento e outras sentadas no chão.
Silva
Dunduro e Alberto Nkutumula, ministros da Cultura e Turismo e da Juventude e
Desportos, respectivamente, nunca devem esquecer que “as infra-estruturas
culturais e desportivas não abrangem todas as zonas onde o povo vive. (...) É
preciso investir mais”, enquanto Cidália Chaúque, ministra do Género, Criança e
Acção Social, deverá, entre outras acções, “pensar nas crianças com um carinho
que elas merecem”.
À
ministra da Saúde, Nazira Karimo Vali Abdula, o Chefe de Estado lembrou que a
malária, o VIH/SIDA e outras doenças continuam a ser um entreve ao progresso
económico e social. Num outro desenvolvimento, o Presidente da República
desafiouao seu Executivo a encontrar formas eficazes de lidar com os recursos
hídricos (cheias) “que hoje sacrificam a vida dos nossos concidadãos”. “(...)
Não nomeámos pessoas para alistarem reclamações ou para apresentarem
requisições, nomeámos quadros para produzir soluções para os problemas do povo
e mobilizar recursos (...). O povo espera uma acção governativa que assegure o
gozo dos seus direitos e o desenvolvimento equilibrado do país. (...) Não
podemos prometer o que não temos, mas, também, não podemos gastar de qualquer
maneira o pouco que conseguimos”, disse o estadista.
Para
Nyusi, num país com tantas terras férteis e 36 milhões de hectares de solos
aráveis, com disponibilidade de recursos hídricos e milhares de pessoas à
procura de emprego, não faz sentido falar de fome e sofrimento. José Pacheco,
ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, ouviu atentamente e
exigiu-se-lhe a aplicação de “políticas claras, algumas já definidas, que
dinamizem mais investimentos para a agricultura, pescas, indústria e outros
sectores da economia”.
Por
sua vez, Lutero Simango, chefe da bancada do MDM, disse que o país devia ter 15
a 18 ministérios. O seu partido esperava ver um Governo inclusivo tal como
Nyusi prometeu mas o que se verifica é uma máquina formada com base em
afinidades com o partido no poder. “Viemos testemunhar a demissão deste
Governo”, disse na Ponta Vermelha.
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