sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Portugal: JUSTIÇA INVESTIGA MORTES NAS URGÊNCIAS



Marta F. Reis – jornal i

Procuradoria-Geral da República confirmou ao i que foram instaurados inquéritos a três mortes em urgências hospitalares

O Ministério Público está a investigar as mortes de doentes em serviços de urgências do SNS onde terão esperado várias horas antes de serem atendidos. A justiça não esperou que lhe fossem remetidos indícios criminais pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde, onde decorrem processos de inquérito, e avançou já com algumas investigações. A Procuradoria-Geral da República confirmou ontem ao i que foram instaurados pelo menos três inquéritos referentes aos óbitos registados nos hospitais de S. José, Peniche e Santa Maria da Feira, os três por iniciativa do Ministério Público. Encontram-se em investigação, informou fonte oficial da PGR, sem adiantar ontem até à hora de fecho desta edição quais os crimes sob suspeita.

Ao todo foram noticiadas no último mês sete mortes de doentes que deram entrada em serviços de urgência e esperaram mais do que o tempo previsto na Triagem de Manchester para serem observados, tendo alguns falecido antes de serem vistos. Os três casos que a PGR confirma que estão a ser investigados ocorreram entre o dia 27 de Dezembro e o dia 5 de Janeiro. No hospital de S. José, um homem de 80 anos terá sido vítima de um AVC ao fim de seis horas de espera nas urgências. Em Peniche, uma idosa de 79 anos terá estado em observação na urgência entre as 9h30 e as 19h, altura em que faleceu quando aguardava ser transferida para o hospital das Caldas para fazer uma TAC, já que este exame não está disponível no hospital. O hospital já contestou que a doente foi submetida a uma primeira avaliação 20 minutos após ter dado entrada no hospital, tendo contudo aberto um processo inquérito. Mas o Centro Hospitalar do Oeste, que integra a unidade, considera que este caso "não deve ser tratado como os que têm vindo a ser noticiados devido a alegadas faltas de atendimento médico."

Já o caso de Santa Maria da Feira prende-se com Roberto Pereira, um homem de 57 anos que esteve seis horas à espera de observação, vindo a falecer alegadamente na sequência da ruptura de uma úlcera. Os familiares de Roberto Pereira contaram ao i que foram chamados a depor na quinta-feira.

O Ministério da Saúde já reiterou que os casos estão a ser avaliados quer internamento nos hospitais, quer pela IGAS, garantindo que pretende apurar responsabilidades. A tutela deu também instruções aos hospitais para repetirem a triagem de doentes que estão a aguardar para lá do tempo indicado e garantir escalas completas.

Foto: Mário Cruz, Lusa

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