Marta
F. Reis – jornal i
Procuradoria-Geral
da República confirmou ao i que foram instaurados inquéritos a três mortes em
urgências hospitalares
O
Ministério Público está a investigar as mortes de doentes em serviços de
urgências do SNS onde terão esperado várias horas antes de serem atendidos. A
justiça não esperou que lhe fossem remetidos indícios criminais pela
Inspecção-Geral das Actividades em Saúde, onde decorrem processos de inquérito,
e avançou já com algumas investigações. A Procuradoria-Geral da República
confirmou ontem ao i que foram instaurados pelo menos três inquéritos
referentes aos óbitos registados nos hospitais de S. José, Peniche e Santa
Maria da Feira, os três por iniciativa do Ministério Público. Encontram-se em
investigação, informou fonte oficial da PGR, sem adiantar ontem até à hora de
fecho desta edição quais os crimes sob suspeita.
Ao
todo foram noticiadas no último mês sete mortes de doentes que deram entrada em
serviços de urgência e esperaram mais do que o tempo previsto na Triagem de
Manchester para serem observados, tendo alguns falecido antes de serem vistos.
Os três casos que a PGR confirma que estão a ser investigados ocorreram entre o
dia 27 de Dezembro e o dia 5 de Janeiro. No hospital de S. José, um homem de 80
anos terá sido vítima de um AVC ao fim de seis horas de espera nas urgências.
Em Peniche, uma idosa de 79 anos terá estado em observação na urgência entre as
9h30 e as 19h, altura em que faleceu quando aguardava ser transferida para o
hospital das Caldas para fazer uma TAC, já que este exame não está disponível
no hospital. O hospital já contestou que a doente foi submetida a uma primeira
avaliação 20 minutos após ter dado entrada no hospital, tendo contudo aberto um
processo inquérito. Mas o Centro Hospitalar do Oeste, que integra a unidade,
considera que este caso "não deve ser tratado como os que têm vindo a ser
noticiados devido a alegadas faltas de atendimento médico."
Já
o caso de Santa Maria da Feira prende-se com Roberto Pereira, um homem de 57
anos que esteve seis horas à espera de observação, vindo a falecer alegadamente
na sequência da ruptura de uma úlcera. Os familiares de Roberto Pereira
contaram ao i que foram chamados a depor na quinta-feira.
O
Ministério da Saúde já reiterou que os casos estão a ser avaliados quer
internamento nos hospitais, quer pela IGAS, garantindo que pretende apurar
responsabilidades. A tutela deu também instruções aos hospitais para repetirem
a triagem de doentes que estão a aguardar para lá do tempo indicado e garantir
escalas completas.
Foto:
Mário Cruz, Lusa
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