sábado, 3 de janeiro de 2015

Portugal - Sócrates: “Pedir dinheiro emprestado não é crime em lado nenhum”




O ex-primeiro-ministro José Sócrates considerou, em resposta à TVI, que a prisão preventiva a que está sujeito foi «utilizada para aterrorizar» e «para calar» e que não foi confrontado «com provas e factos» quando foi interrogado pelo juiz Carlos Alexandre.

O ex-primeiro-ministro, que aceitou responder por escritos a seis perguntas da TVI, alegando «legítima defesa pela violação do segredo de justiça», afirmou que, a medida restritiva da liberdade, foi tomada para o calar. 

«Sei que quiseram inibir-me de falar», acentuou, acrescentando que a prisão preventiva é «uma infâmia». 

«A prisão substitui-se ao processo, à investigação, aos indícios, às provas, ao contraditório», escreveu José Sócrates, depois de o seu advogado, João Araújo, ter sido portador das seis questões. 

Sobre o indício de corrupção, crime que lhe é imputado juntamente com o de branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada, Sócrates classificou-o como o «mais ignominioso» e negou que tenha praticado qualquer ilícito. 

«Os factos não têm conexão com crimes», referiu. 

Garantindo que não sabia que estava a ser investigado, José Sócrates salientou que «não há nem podem existir indícios ou provas» e vincou que o processo judicial tem «contornos políticos». 

Em resposta a uma das perguntas, Sócrates referiu que «o dinheiro» da conta de Carlos Santos Silva, amigo de longa duração também arguido neste processo, resulta de um empréstimo. 

«Pedir dinheiro emprestado não é crime em lado nenhum», disse, negando as alegadas entregas de dinheiro em Paris, designadamente a viagem do seu motorista, João Perna, também arguido no processo. 

O ex-primeiro-ministro José Sócrates, preso preventivamente em Évora, disse hoje que aceitou responder a perguntas da TVI por «legítima defesa contra os crimes de violação do segredo de justiça» e «contra um poder obscuro».  

Na introdução que escreveu antes de responder às questões, José Sócrates afirmou que as violações do segredo de justiça são «uma agressão feita cobardemente e a coberto do anonimato». 

Reiterando inocência, José Sócrates sublinhou que aceitou dar a entrevista escrita à TVI, através de perguntas entregues pelo seu advogado, João Araújo, contra «a divulgação de 'informações' manipuladas, falsas e difamatórias».

O ex-primeiro-ministro, detido preventivamente desde 25 de novembro, aludiu a um «poder obscuro» e salientou que não foi confrontado «com provas e factos» quando foi interrogado pelo juiz Carlos Alexandre, no Tribunal Central de Instrução Criminal.

Sócrates disse que existe um «poder obscuro», que tem «puro arbítrio e despotismo», com «impunidade absoluta» e decisões com «desproporcionalidade nos direitos fundamentais».

Considerou ainda que «à prisão física sempre quiseram somar, em certo sentido, a prisão da opinião pública» e responsabilizou diretamente «os que têm o processo à sua guarda e não o guardaram como devia».

Sócrates frisou também que o segredo de justiça «apenas foi imposto à defesa», além de «a proibição de entrevistas, do contraditório».

José Sócrates foi detido a 21 de novembro, no aeroporto de Lisboa, depois de viagem desde Paris.

O ex-chefe do governo está indiciado dos crimes de branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e corrupção.

Desde 25 de novembro que Sócrates se encontra detido preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora.

Lusa, em TSF

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