O
setor privado moçambicano está indignado com os discursos de Dhlakama. Os
empresários consideram o atual cenário mau para os negócios, pois acumularam
dívidas e fizeram investimentos que podem vir a cair por terra.
O
líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) tem ameaçado dividir o país
e criar uma região autónoma no centro. Afonso Dhlakama não reconhece os novos
poderes políticos resultantes das eleições gerais de 15 de outubro, que
classificou como “fraudulentas”.
A
Confederação das Associações Económicas (CTA) mostra-se indignada com os
discursos do líder da RENAMO. Os empresários entendem que a posição do maior
partido da oposição moçambicana pode levar ao caos, à semelhança do que
aconteceu em 2013, quando a RENAMO atacou viaturas no centro do país.
Segundo
a CTA, os empresários fizeram muitos investimentos e acumularam dívidas aos
bancos. O retorno à instabilidade no país só deverá agravar a já difícil
situação em que se encontram, afirma o presidente da confederação, Rogério
Manuel.
“É
muito preocupante. Mal dormimos a pensar naquilo que investimos, nas dívidas
que temos com os bancos”, conta o empresário, que diz ter ainda bem presente na
memória “os anos em que o país esteve em guerra”.
Cheias
entre as preocupações
Outro
dos problemas que preocupam os empresários são as cheias, que de acordo com o
mais recente balanço das autoridades já mataram pelo menos 159 pessoas, a
maioria na província central da Zambézia e causaram enormes prejuízos.
No
setor dos transportes as perdas diárias são equivalentes a 40 mil euros. “O
sector privado foi incentivado a ir para os distritos que neste momento se
encontram nestas condições”, lamenta Rogério Manuel, lembrando que ainda vai
levar algum tempo até que as vias de acesso em muitos distritos voltem à
normalidade.
O
presidente da CTA pondera recorrer à ajuda do Executivo para ressarcir os
danos. Acredita que “o Governo também terá algum incentivo ou apoio para esses
empresários.”
As
viaturas também não conseguem chegar ao norte do país por causa do corte na
Estrada Nacional número um na Zambézia provocado pelas cheias, conta o
empresário Abel Torres. “As pessoas não vêm como muita afluência e não se ganha
como se ganhava antes. Os bilhetes não são vendidos da mesma forma. As pessoas
estão com medo de viajar”, observa.
Muitos
empresários já têm dificuldades em pagar à banca e estão a “acumular dívidas”,
confirma Eugénio Filimone, da Associação dos Transportadores Interprovinciais
(Amotrans).
Romeu
da Silva (Maputo) – Deutsche Welle
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