segunda-feira, 16 de março de 2015

Timor-Leste estuda ofertas para uma ligação de fibra ótica à Indonésia ou Austrália




Díli, 16 mar (Lusa) -- O Governo timorense está a estudar duas ofertas para uma ligação de fibra ótica submarina a Timor-Leste, a de um consórcio entre a chinesa Hauwei e o grupo britânico e norueguês Marine, e outra do grupo australiano Nextegn.

Segundo apurou a Lusa as duas propostas foram apresentadas ao Governo timorense nos últimos dias e inserem-se num programa amplo de definição da estratégia de telecomunicações do executivo.

Em causa, nas propostas apresentadas, estão quatro possibilidades, sendo que a mais barata é a da ligação submarina partir de Kupang, na metade indonésia da ilha de Timor, com uma ligação ao enclave de Oe-cusse e outra a Díli, com uma distância de cabo de cerca de 500 quilómetros.

A segunda, numa distância de cabo de cerca de 750 quilómetros, seria entre Darwin, no Norte da Austrália e Suai, no sul de Timor-Leste.

A terceira opção (cabo de mais de 3.200 quilómetros) seria uma ligação de Singapura, por águas indonésias, no Mar de Java, até Díli e a última, a mais longa (6.500 quilómetros) ligaria Singapura à capital timorense, mas através de águas internacionais, ao sul do arquipélago indonésio.

Nos documentos fornecidos ao Governo timorense, a que a Lusa teve acesso, o consórcio Hauwei-Marine, destaca que a opção via Kupang é a que tem o menor custo, sendo flexível -- o que permite a ligação direta a Oe-cusse e "latência curta" para a Europa através da Indonésia e Singapura.

Recorde-se que o Plano Estratégico de Desenvolvimento já determina que o Governo timorense vai investir numa rede de fibra ótica submarina no âmbito dos seus planos de modernização das redes de comunicações.

Essa ligação seria feita quer a partir da Indonésia, com uma ligação à capital da metade indonésia da ilha de Timor, Kupang, quer a partir da Austrália, sendo que qualquer das opções seria realizada "numa base comercial quer por operadores privados de telecomunicações quer pelo Governo".

Segundo o Governo a estratégia para a fibra ótica insere-se nas medidas do Governo para o setor das telecomunicações, que incluem ainda a nacionalização de parte do capital da Timor Telecom (TT).

Fonte sénior do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações, confirmou à Lusa que está "praticamente fechada" a opção do Estado comprar a parte da operadora atualmente controlada pela PT e que a OI quer agora alienar.

"A ideia é apoiada pelo Gastão de Sousa (ministro das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações), por Xanana Gusmão (ministro do Planeamento e Investimento Estratégico), e outros membros do Governo", explicou.

"Terá agora apenas que ser agendado o seu debate no Conselho de Ministros", disse a fonte.

Recorde-se que Gastão de Sousa já tinha dito no passado dia 20 de fevereiro à Lusa que o Governo timorense quer manter, com investimento seu e eventualmente dos acionistas privados da empresa, a TT como um "ativo timorense".

"Devemos fazer todos os esforços para manter este ativo no Estado de Timor-Leste", disse na altura.

"A melhor solução seria algo conjunto, entre os acionistas privados e o Estado", afirmou, referindo que vai procurar que o assunto seja já debatido na reunião do Conselho de Ministros da próxima semana.

Em causa está a maior fatia de capital da TT (54,01%), controlada pela sociedade Telecomunicações Públicas de Timor (TPT) onde, por sua vez, a PT controla 76% do capital.

Os restantes acionistas da TPT são a Fundação Harii - Sociedade para o Desenvolvimento de Timor-Leste (ligada à diocese de Baucau) que controla 18% e pela Fundação Oriente (6%).

Na TT o capital está dividido entre a TPT (54,01%), o Estado timorense (20,59%), a empresa com sede em Macau VDT Operator Holdings (17,86%), o empresário timorense Julio Alfaro (4,49%) e a PT Participações SGPS (3,05%).

ASP // FV

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