Díli,
16 mar (Lusa) -- O Governo timorense está a estudar duas ofertas para uma
ligação de fibra ótica submarina a Timor-Leste, a de um consórcio entre a
chinesa Hauwei e o grupo britânico e norueguês Marine, e outra do grupo
australiano Nextegn.
Segundo
apurou a Lusa as duas propostas foram apresentadas ao Governo timorense nos
últimos dias e inserem-se num programa amplo de definição da estratégia de
telecomunicações do executivo.
Em
causa, nas propostas apresentadas, estão quatro possibilidades, sendo que a
mais barata é a da ligação submarina partir de Kupang, na metade indonésia da
ilha de Timor, com uma ligação ao enclave de Oe-cusse e outra a Díli, com uma
distância de cabo de cerca de 500 quilómetros.
A
segunda, numa distância de cabo de cerca de 750 quilómetros, seria entre
Darwin, no Norte da Austrália e Suai, no sul de Timor-Leste.
A
terceira opção (cabo de mais de 3.200 quilómetros) seria uma ligação de
Singapura, por águas indonésias, no Mar de Java, até Díli e a última, a mais
longa (6.500 quilómetros) ligaria Singapura à capital timorense, mas através de
águas internacionais, ao sul do arquipélago indonésio.
Nos
documentos fornecidos ao Governo timorense, a que a Lusa teve acesso, o
consórcio Hauwei-Marine, destaca que a opção via Kupang é a que tem o menor
custo, sendo flexível -- o que permite a ligação direta a Oe-cusse e
"latência curta" para a Europa através da Indonésia e Singapura.
Recorde-se
que o Plano Estratégico de Desenvolvimento já determina que o Governo timorense
vai investir numa rede de fibra ótica submarina no âmbito dos seus planos de
modernização das redes de comunicações.
Essa
ligação seria feita quer a partir da Indonésia, com uma ligação à capital da
metade indonésia da ilha de Timor, Kupang, quer a partir da Austrália, sendo
que qualquer das opções seria realizada "numa base comercial quer por
operadores privados de telecomunicações quer pelo Governo".
Segundo
o Governo a estratégia para a fibra ótica insere-se nas medidas do Governo para
o setor das telecomunicações, que incluem ainda a nacionalização de parte do
capital da Timor Telecom (TT).
Fonte
sénior do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações,
confirmou à Lusa que está "praticamente fechada" a opção do Estado
comprar a parte da operadora atualmente controlada pela PT e que a OI quer
agora alienar.
"A
ideia é apoiada pelo Gastão de Sousa (ministro das Obras Públicas, Transportes
e Telecomunicações), por Xanana Gusmão (ministro do Planeamento e Investimento
Estratégico), e outros membros do Governo", explicou.
"Terá
agora apenas que ser agendado o seu debate no Conselho de Ministros", disse
a fonte.
Recorde-se
que Gastão de Sousa já tinha dito no passado dia 20 de fevereiro à Lusa que o
Governo timorense quer manter, com investimento seu e eventualmente dos
acionistas privados da empresa, a TT como um "ativo timorense".
"Devemos
fazer todos os esforços para manter este ativo no Estado de Timor-Leste",
disse na altura.
"A
melhor solução seria algo conjunto, entre os acionistas privados e o
Estado", afirmou, referindo que vai procurar que o assunto seja já
debatido na reunião do Conselho de Ministros da próxima semana.
Em
causa está a maior fatia de capital da TT (54,01%), controlada pela sociedade
Telecomunicações Públicas de Timor (TPT) onde, por sua vez, a PT controla 76%
do capital.
Os
restantes acionistas da TPT são a Fundação Harii - Sociedade para o
Desenvolvimento de Timor-Leste (ligada à diocese de Baucau) que controla 18% e
pela Fundação Oriente (6%).
Na
TT o capital está dividido entre a TPT (54,01%), o Estado timorense (20,59%), a
empresa com sede em
Macau VDT Operator Holdings (17,86%), o empresário timorense
Julio Alfaro (4,49%) e a PT Participações SGPS (3,05%).
ASP
// FV
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