sábado, 25 de abril de 2015

Portugal. TODAS AS GERAÇÕES DE CRAVO NA MÃO PELOS VALORES DE ABRIL




Milhares de pessoas desceram a Avenida da Liberdade, em Lisboa, para comemorar o 41º aniversário do 25 de Abril. De cravo na mão, todas as gerações - avós, pais, filhos, netos - clamaram pelos valores de Abril.

"Pela democracia, pela liberdade, pela solidariedade, pela liberdade de expressão", ouvia-se, ao mesmo tempo que no ar ecoava o pregão "olha ó cravo liiiiindo".

E de cravo na lapela, Álvaro Faria, 68 anos, contou que votou para a Assembleia Constituinte em 1975, as primeiras eleições livres com sufrágio universal realizadas no país. Não teve reticências quando disse que nesse dia recuperou "a sensação de dignidade pessoal e coletiva". Hoje "os princípios de Abril estão muito ameaçados", lamentou.

Ameaçados com o desemprego, com a precariedade, com um Estado Social cada vez mais débil, com a emigração dos mais jovens, disse a voz do povo, canto sim, canto não, avenida abaixo. Disse a voz de Inês Sousa, de 26 anos, que emigrará no final do ano, "se até lá não conseguir emprego". Esta licenciada em engenharia civil garante que vê "o país a regredir" e que "é preciso lutar contra isso e devolver a dignidade às pessoas".

Dignidade "retirada também aos que trabalham", indignou-se Sofia Carvalho. A professora de 43 anos não teve pejo em afirmar que "a escola pública está a ser arruinada" e que "os que nos governam nunca tiveram os valores de Abril".

Mais à frente, Pedro Costa, com 43 anos também, lamentava o facto de estar sozinho, sem a esposa, a descer a avenida. A sua mulher "foi para fora", porque sendo investigadora, "não conseguiu trabalho em Portugal".

Um Portugal que foi este sábado à rua dizer de sua Justiça. E não faltaram as crianças. João, 10 anos, sabia na ponta da língua o que foi o 25 de Abril de 1974. "Foi uma revolução que acabou com uma ditadura. As pessoas viviam pior; as crianças, por exemplo, não podiam ir à escola e agora vão". E isso é uma coisa boa? "Sim, claro". Simples assim. Simples como a música de Sérgio Godinho, que também foi entoada: "Só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação".

No meio do povo, Sampaio da Nóvoa, candidato presidencial que se apresenta oficialmente na próxima quarta-feira, passava discreto. Testa assim "se Portugal está preparado para uma candidatura que nasce fora de um partido".

Leonor Paiva Watson – Jornal de Notícias foto Mário Cruz/Lusa


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