O
Movimento Erradicar a Pobreza realiza no sábado, em Lisboa, o seu primeiro
encontro nacional, num momento em que Portugal "vê aumentar
drasticamente" o flagelo da pobreza, que atinge cerca de dois milhões de
portugueses.
O
encontro tem como objetivo fazer um balanço de todo o trabalho realizado pelo
movimento desde que foi criado, em 2004, até ao presente, e perspetivar ações
para 2015, disse hoje à agência Lusa o coordenador nacional do movimento, João
Bernardino.
"Vamos
aprofundar a situação que se vive hoje no país, o seu agravamento, mas
sobretudo apontar medidas fundamentais e estruturais que são necessárias"
para combater a pobreza que "tem assolado o nosso país", adiantou
João Bernardino.
O
responsável explicou que a pobreza e a exclusão social não são uma questão
residual e não se resolvem apenas com ações de assistência social, que são
"necessárias para acorrer situações urgentes", mas não resolvem as
causas estruturais do problema.
As
raízes "são profundas" e decorrem do modo como a sociedade e a
economia estão organizadas, assente num modelo económico baseado em baixos
salários, que tende a desvalorizar o fator trabalho e que é sustentado na
desigualdade com que se reparte a riqueza e o rendimento.
Para
combater a pobreza, é necessária uma "vasta gama de políticas públicas no
plano económico, social, de emprego e desenvolvimento, de educação e do
bem-estar e saúde dos cidadãos, com reformas dignas e valorizadas do ser
humano", defendeu João Bernardino.
Estas
políticas devem fomentar "o desenvolvimento económico, a criação de
emprego" e o aumento dos apoios sociais e dos "serviços de apoio a
todos os cidadãos, nomadamente aos mais carenciados, tentando diminuir as grandes
desigualdades que existem", frisou.
"É
por aqui que passam os aspetos fundamentais do ataque à pobreza que tem
alastrado por largas camadas da nossa população", sustentou João
Bernardino.
Por
outro lado, adiantou, está a assistir-se ao "recente agravamento" dos
problemas associados diretamente a "uma conjuntura económica cujas
consequências mais visíveis são o desemprego, o emprego precário e o
empobrecimento generalizado da população".
"Temos
feito reuniões e algumas iniciativas a nível nacional e a situação é muito
dramática em larguíssimos setores da nossa sociedade" devido ao
desemprego, ao aumento da pobreza infantil e à diminuição das reformas,
elucidou.
Apontou
ainda para outro "fenómeno com uma amplitude muito grande":
"Hoje não basta ter emprego para estar na pobreza ou nos limites da
pobreza e não conseguir cumprir muitos dos seus compromissos básicos.
"Há
muito casais e muitas pessoas que tendo um emprego, mas com salários muito
baixos e sem garantias, estão numa situação de pobreza e sem possibilidades de,
por si próprios, darem uma resposta à situação que têm", lamentou.
O
Movimento pela Erradicação da Pobreza é composto por 156 pessoas de áreas como
o ensino, instituições particulares de solidariedade social, saúde, economia,
ativistas sociais e religiosos, entre outros.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário