sexta-feira, 15 de maio de 2015

Portugal. Movimento Erradicar a Pobreza aponta medidas para combater flagelo




O Movimento Erradicar a Pobreza realiza no sábado, em Lisboa, o seu primeiro encontro nacional, num momento em que Portugal "vê aumentar drasticamente" o flagelo da pobreza, que atinge cerca de dois milhões de portugueses.

O encontro tem como objetivo fazer um balanço de todo o trabalho realizado pelo movimento desde que foi criado, em 2004, até ao presente, e perspetivar ações para 2015, disse hoje à agência Lusa o coordenador nacional do movimento, João Bernardino.

"Vamos aprofundar a situação que se vive hoje no país, o seu agravamento, mas sobretudo apontar medidas fundamentais e estruturais que são necessárias" para combater a pobreza que "tem assolado o nosso país", adiantou João Bernardino.

O responsável explicou que a pobreza e a exclusão social não são uma questão residual e não se resolvem apenas com ações de assistência social, que são "necessárias para acorrer situações urgentes", mas não resolvem as causas estruturais do problema.

As raízes "são profundas" e decorrem do modo como a sociedade e a economia estão organizadas, assente num modelo económico baseado em baixos salários, que tende a desvalorizar o fator trabalho e que é sustentado na desigualdade com que se reparte a riqueza e o rendimento.

Para combater a pobreza, é necessária uma "vasta gama de políticas públicas no plano económico, social, de emprego e desenvolvimento, de educação e do bem-estar e saúde dos cidadãos, com reformas dignas e valorizadas do ser humano", defendeu João Bernardino.

Estas políticas devem fomentar "o desenvolvimento económico, a criação de emprego" e o aumento dos apoios sociais e dos "serviços de apoio a todos os cidadãos, nomadamente aos mais carenciados, tentando diminuir as grandes desigualdades que existem", frisou.

"É por aqui que passam os aspetos fundamentais do ataque à pobreza que tem alastrado por largas camadas da nossa população", sustentou João Bernardino.

Por outro lado, adiantou, está a assistir-se ao "recente agravamento" dos problemas associados diretamente a "uma conjuntura económica cujas consequências mais visíveis são o desemprego, o emprego precário e o empobrecimento generalizado da população".

"Temos feito reuniões e algumas iniciativas a nível nacional e a situação é muito dramática em larguíssimos setores da nossa sociedade" devido ao desemprego, ao aumento da pobreza infantil e à diminuição das reformas, elucidou.

Apontou ainda para outro "fenómeno com uma amplitude muito grande": "Hoje não basta ter emprego para estar na pobreza ou nos limites da pobreza e não conseguir cumprir muitos dos seus compromissos básicos.

"Há muito casais e muitas pessoas que tendo um emprego, mas com salários muito baixos e sem garantias, estão numa situação de pobreza e sem possibilidades de, por si próprios, darem uma resposta à situação que têm", lamentou.

O Movimento pela Erradicação da Pobreza é composto por 156 pessoas de áreas como o ensino, instituições particulares de solidariedade social, saúde, economia, ativistas sociais e religiosos, entre outros.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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