sábado, 4 de julho de 2015

CARTA ABERTA PARA O PRESIDENTE DA GUINÉ-BISSAU, JOSÉ MÁRIO VAZ




Sua Excelência Senhor Presidente da República, espero que esteja em ótima condição de saúde física e mental. Que a sua família se encontre em plena paz.

Tomo a liberdade, na qualidade de um cidadão guineense, de lhe endereçar a presente e modesta missiva no sentido de lhe persuadir a cumprir com os ditames da constituição da república que lhe incumbiu a responsabilidade de garantir a paz e de ser garante da constituição.

Gostaria de lhe dirigir em outras ocasiões mais alegres, mas infelizmente, esta é a trajetória que o destino nos afrontou.

A minha preocupação ganhou raiz no famoso adágio popular guineense “kil ki  guineenses papia kata maina”.  Lembro-me de ter ouvido algumas vezes o meu pai, contemplado ao ministério que o senhor ministrava dizer- “Jomav é um homem competente”, pois ele só reforça o consenso nacional. Mas, hoje muita coisa me fez voltar atrás e fazer uma série de questionamentos. Mas, quero aproveitar antes de fechar esta carta aberta, meu querido presidente, para lhe pedir e rogar o seguinte:

Por mais difícil que seja a situação procure sempre o diálogo como o caminho, insista em conversar sempre. A minha preocupação é também a de muitos compatriotas. O meu sonho era de um dia voltar para História e poder dizer para meus filhos – olha o que Jomav fez, e não – olha o que Jomav  estragou.  Lembro-me ainda de entusiasmo com que os guineenses aplaudiram a sua eleição para dirigir a Nação durante 5 anos, muitos disseram “gos no safa”.

Se for verdade, o que se tem falado sobre o derrube de governo… sei lá. Mas não deixo registrar desde já a minha preocupação como guineense e jovem, que acredita profundamente nos ideais de uma ˝Guiné Suíça de África˝. Peço ao senhor Presidente que olhe para trás e se lembre que nossa História é uma História de sangue e mais sangue! Nós marchamos sobre soldados anónimos, homens e mulheres que se tombaram em vão, porque a Independência ainda não se traduziu em liberdade total. Tenha paciência querido presidente, criatura de Deus.

Este povo já comeu o pão que diabo amassou e pior, já ficou sem luz no abismo. Acreditamos no Senhor – Primeiro Magistrado da Nação, não por nada, a não ser por ser um presidente que não derrubaria a nossa esperança. Será que estamos enganados? Espero que não.

Sua excelência Presidente da República, seja realmente garante da Paz e não se levante contra os velhos de Boé, aqueles que aceitaram deitar-se no chão e transformaram-se em ponte para que possamos chegar ao Insalma e entregar a terra nas mãos dos que têm difícil tarefa –  construir na prática os sonhos de Amílcar Cabral (desenvolver Guiné e criar riqueza para todos os guineenses).

Amado presidente, não faz muito tempo que ganhamos fôlego no estrangeiro e poder dizer num tom relaxado – SOU GUINEENSE, isto porque algo vai bem, se gosta ou não.

Nós queremos viver em paz, queremos trabalhar em paz e construir oportunidades na terra de Cabral. Peço-lhe como nunca aconteceu numa democracia se é que a temos: tenha dor de “mindjeris bideras” que sustentam famílias e tenha piedade dos guineenses. Converse com governo, no sentido de encontrar soluções, pois é normal dissensões no campo da política, o que não é normal é não dialogar.

Espero que seja mais flexível, aja com naturalidade, pois dizia Amílcar: ˝pensar antes para melhor agir˝.

Que Deus lhe dê força e paciência e que tudo corra com tranquilidade e que a Guiné possa normalmente trilhar caminhos de progresso, bem-estar e desenvolvimento pleno. Viva nação guineense e um forte abraço para Sua Excelência. Espero o não ter ferido e nem magoado a sua sensibilidade, caso acontecer peço desde já as minhas mais sinceras desculpas. O meu objetivo é partilhar o grito do povo guineense e de todos aqueles que acreditam num alvorecer novo e radiante para todos nós. Um forte abraço para senhor e toda sua equipa. Rogo a Deus que lhe proteja e guarde de más influências e lhe guie sempre que quer desviar e não lhe deixar cair em tentações jamais. Bem nos haja.

Tamilton Teixeira, em O Democrata (gb), opinião

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