Sua
Excelência Senhor Presidente da República, espero que esteja em ótima condição
de saúde física e mental. Que a sua família se encontre em plena paz.
Tomo
a liberdade, na qualidade de um cidadão guineense, de lhe endereçar a presente
e modesta missiva no sentido de lhe persuadir a cumprir com os ditames da
constituição da república que lhe incumbiu a responsabilidade de garantir a paz
e de ser garante da constituição.
Gostaria
de lhe dirigir em outras ocasiões mais alegres, mas infelizmente, esta é a
trajetória que o destino nos afrontou.
A
minha preocupação ganhou raiz no famoso adágio popular guineense “kil ki
guineenses papia kata maina”. Lembro-me de ter ouvido algumas vezes o meu
pai, contemplado ao ministério que o senhor ministrava dizer- “Jomav é um homem
competente”, pois ele só reforça o consenso nacional. Mas, hoje muita coisa me
fez voltar atrás e fazer uma série de questionamentos. Mas, quero aproveitar
antes de fechar esta carta aberta, meu querido presidente, para lhe pedir e
rogar o seguinte:
Por
mais difícil que seja a situação procure sempre o diálogo como o caminho,
insista em conversar sempre. A minha preocupação é também a de muitos
compatriotas. O meu sonho era de um dia voltar para História e poder dizer para
meus filhos – olha o que Jomav fez, e não – olha o que Jomav estragou.
Lembro-me ainda de entusiasmo com que os guineenses aplaudiram a sua
eleição para dirigir a Nação durante 5 anos, muitos disseram “gos no safa”.
Se
for verdade, o que se tem falado sobre o derrube de governo… sei lá. Mas não
deixo registrar desde já a minha preocupação como guineense e jovem, que
acredita profundamente nos ideais de uma ˝Guiné Suíça de África˝. Peço ao
senhor Presidente que olhe para trás e se lembre que nossa História é uma
História de sangue e mais sangue! Nós marchamos sobre soldados anónimos, homens
e mulheres que se tombaram em vão, porque a Independência ainda não se traduziu
em liberdade total. Tenha paciência querido presidente, criatura de Deus.
Este
povo já comeu o pão que diabo amassou e pior, já ficou sem luz no abismo.
Acreditamos no Senhor – Primeiro Magistrado da Nação, não por nada, a não ser
por ser um presidente que não derrubaria a nossa esperança. Será que estamos
enganados? Espero que não.
Sua
excelência Presidente da República, seja realmente garante da Paz e não se
levante contra os velhos de Boé, aqueles que aceitaram deitar-se no chão e
transformaram-se em ponte para que possamos chegar ao Insalma e
entregar a terra nas mãos dos que têm difícil tarefa – construir na
prática os sonhos de Amílcar Cabral (desenvolver Guiné e criar riqueza para
todos os guineenses).
Amado
presidente, não faz muito tempo que ganhamos fôlego no estrangeiro e poder
dizer num tom relaxado – SOU GUINEENSE, isto porque algo vai bem, se gosta ou
não.
Nós
queremos viver em paz, queremos trabalhar em paz e construir oportunidades na
terra de Cabral. Peço-lhe como nunca aconteceu numa democracia se é que a
temos: tenha dor de “mindjeris bideras” que sustentam famílias e tenha piedade
dos guineenses. Converse com governo, no sentido de encontrar soluções, pois é
normal dissensões no campo da política, o que não é normal é não dialogar.
Espero
que seja mais flexível, aja com naturalidade, pois dizia Amílcar: ˝pensar antes
para melhor agir˝.
Que
Deus lhe dê força e paciência e que tudo corra com tranquilidade e que a Guiné
possa normalmente trilhar caminhos de progresso, bem-estar e desenvolvimento
pleno. Viva nação guineense e um forte abraço para Sua Excelência. Espero o não
ter ferido e nem magoado a sua sensibilidade, caso acontecer peço desde já as
minhas mais sinceras desculpas. O meu objetivo é partilhar o grito do povo
guineense e de todos aqueles que acreditam num alvorecer novo e radiante para
todos nós. Um forte abraço para senhor e toda sua equipa. Rogo a Deus que lhe
proteja e guarde de más influências e lhe guie sempre que quer desviar e não
lhe deixar cair em tentações jamais. Bem nos haja.
Tamilton
Teixeira, em O Democrata
(gb), opinião
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