Angola:
a luta pela diversificação da economia
Rui Peralta, Luanda
Em Angola o esforço patriótico pela
diversificação da economia nacional mobiliza a vontade popular de Cabina ao
Cunene e do Leste ao Atlântico. Este grande esforço nacional é a resposta de
Angola á crise económica provocada pela nova realidade dos preços petrolíferos
nos mercados internacionais e simultaneamente um gesto autocritico próprio de
um Povo que sabe corrigir os erros e lançar mão á obra, ao invés de as
estender, pedinchando migalhas.
As medidas do Executivo contam com o
apoio de todo o Povo. A desburocratização, o aprofundamento dos mecanismos
democráticos e participativos, as politicas sociais, a luta por uma Educação de
qualidade, por uma politica de saúde para todos, por serviços públicos
universais e acessíveis com atendimento de qualidade (serviços que sirvam o
cidadão e não serviços que se sirvam do cidadão) o envolvimento dos
trabalhadores, o desenvolvimento do Poder Local (arma da Soberania Popular e
mecanismo básico da cidadania democrática), a integração jurídica das comissão
de moradores, as cooperativas, as organizações populares de base, o combate
continuado á corrupção e aos vícios administrativos da burocracia, são
representativos da dinâmica que se faz sentir por toda a sociedade angolana e é
todo um processo de dinamização nacional e popular de grandes repercussões na
vida económica, social, politica e cultura do país.
Claro que ainda há muitos que não
entendem (e outros que boicotam) este esforço, muitos sectores (mesmo no
aparelho do Estado) que não compreendem a necessidade de contenção de despesas,
de racionalização dos custos e de optimização dos processos organizativos e de
trabalho, de forma a aumentar os baixíssimos níveis de produtividade e reduzir
os enormes níveis de desperdício. A esses há que responder com o prevalecer do
nosso esforço, com a vigilância cidadã e democrática, com a pedagogia da nossa
generosidade e com a firmeza dos nossos valores e princípios. Somos um Povo que
recusa a submissão e que sabe contornar obstáculos e derrubar barreiras. Essa é
a nossa História!
Estamos, pois, perante Angola Avante,
linha da Frente dos Povos Africanos e Fonte da Solidariedade para com os Povos
do Mundo na construção de uma Nova Vida, Digna e Justa.
Demos
(texto-
mistura com fragmentos extraídos do “Colosso de Maroussi” de Henry Miller, em
itálico sublinhado)
Na Europa existem 3 espaços que são “refúgio
de poetas e de loucos”: 1) A região da Dordogne, onde o negro e misterioso rio
Domme cria um território de encantamento que fascinou os nossos antepassados
Cro-Magnon, o que comprova o seu desenvolvido sentido do belo e a formação da
sua religiosidade; 2) Lisboa, a Cidade-Tejo, de uma luminosidade iniciática,
cosmopolita e única; 3) A Grécia.
“Os gregos são um povo apaixonado” e a
Grécia, berço da Europa (mas também da democracia e da cidadania universal) é
um espaço de contradição harmoniosa, de confusão logicamente ordenada, de caos
poético e filosófico geometricamente delineado, uma aritmética da vida e do
amor sem limites, cujo somatório cria as “qualidades autenticamente humanas dos
gregos, em particular a generosidade”.
Foi neste país que uma vez tive uma das
experiências mais marcantes da minha vida: consegui “ficar em silêncio um dia
inteiro, sem qualquer revista, jornal, livro, rádio, televisão, telefone, sem
escutar tagarelices, ficar totalmente ocioso”…No dia seguinte sentia-me limpo,
completamente limpo, com um sentimento de pureza de alma, “sem o peso da
cultura livresca, com os problemas dissolvidos, os laços cortados, o corpo
transformado num instrumento eficaz e novo e olhando com outro olhar para o(s)
Outro(s)”. Aprendi, na Grécia, que “quando estamos bem com nós próprios não
importa a bandeira que nos alberga ou a língua que nos rodeia”. Foi a primeira
lição de cidadania universal que recebi na minha vida.
“A paz, a solidão e a ociosidade
fazem-nos tanta falta como a verdade (a verdade-verdadeira e não a verdade que
nos é servida em embalagens tentadoras). A minha primeira lição de cidadania
universal ensinou-me tudo isto e mais: ensinou-me a fazer greve. “Não apenas a
greve por melhores salários, condições e novas oportunidades, mas também a
greve ao(s) Outro(s), o negar tudo o que o(s) Outro(s) faz(em) revelou-se uma
forma eficaz de produzir novas esperanças”
Recordo-me de uma imagem que representa
a posição das oligarquias da Eurolândia em relação á Grécia: “Toda a base de
Acrópole assemelha-se a uma cratera vulcânica, um autêntico depósito de arte,
artefactos, fragmentos da História. O turista chega ali e olha para essas
ruinas, para esses leitos de lava, para esses fragmentos da História da
Humanidade, com os olhos húmidos. E de repente o turista repara que afinal a
sua contemplação é manchada por um intruso: o Grego vivo, que anda por ali…”
E depois há muitas coisas, para além do
deficit, da crise, do Capital…”Há a Via Sagrada, percorrida por pés pagãos a
caminho da iniciação em Elêusis. Neste trilho não há martírios, nem o
sofrimento da flagelação…é apenas um trilho trilhado por pés pagãos, através
dos séculos, com árvores inundadas de luz, plantadas por deuses embriagados. Há
Elêusis, onde deitamos fora 2 mil anos de ignorância e de mórbido viver em
mentira. Quando chegamos a Elêusis chegamos despedaçados, fragmentados…Depois
há Atenas, Delfos, Lesbos, Corfu, Mégara, Paros…O Monte Atos, Leonidion, Ossa,
Samarcanda…”
E há, agora, uma Nova Grécia “quintessência
extraída da lama, sem fronteiras, nem limites ou idade, composta por ilhas
ofuscantes banhadas por luz e mar” e por Homens e Mulheres que banham-se nessa
luz e nesse mar. É todo um país que movimenta-se em “planos cubistas: paredes e
janelas, rochas e cobras, árvores e arbustos, pomares e fragâncias” mar e
montanhas, órfãos e viúvas, desempregados e empregados para quem o emprego é um
luxo…É como “recapturar a alegria de passar pelo colo do útero”.
A Grécia “está viva e é banhada pela
luz estelar do próprio planeta” gerada pela luta dos Homens em busca de uma
Nova Vida. Até porque a Soberania Popular não está sujeita a chantagens…
Sem comentários:
Enviar um comentário