quarta-feira, 8 de julho de 2015

EM LUTA POR UM NOVO MUNDO E POR UMA NOVA VIDA




Angola: a luta pela diversificação da economia

Rui Peralta, Luanda

Em Angola o esforço patriótico pela diversificação da economia nacional mobiliza a vontade popular de Cabina ao Cunene e do Leste ao Atlântico. Este grande esforço nacional é a resposta de Angola á crise económica provocada pela nova realidade dos preços petrolíferos nos mercados internacionais e simultaneamente um gesto autocritico próprio de um Povo que sabe corrigir os erros e lançar mão á obra, ao invés de as estender, pedinchando migalhas.

As medidas do Executivo contam com o apoio de todo o Povo. A desburocratização, o aprofundamento dos mecanismos democráticos e participativos, as politicas sociais, a luta por uma Educação de qualidade, por uma politica de saúde para todos, por serviços públicos universais e acessíveis com atendimento de qualidade (serviços que sirvam o cidadão e não serviços que se sirvam do cidadão) o envolvimento dos trabalhadores, o desenvolvimento do Poder Local (arma da Soberania Popular e mecanismo básico da cidadania democrática), a integração jurídica das comissão de moradores, as cooperativas, as organizações populares de base, o combate continuado á corrupção e aos vícios administrativos da burocracia, são representativos da dinâmica que se faz sentir por toda a sociedade angolana e é todo um processo de dinamização nacional e popular de grandes repercussões na vida económica, social, politica e cultura do país.

Claro que ainda há muitos que não entendem (e outros que boicotam) este esforço, muitos sectores (mesmo no aparelho do Estado) que não compreendem a necessidade de contenção de despesas, de racionalização dos custos e de optimização dos processos organizativos e de trabalho, de forma a aumentar os baixíssimos níveis de produtividade e reduzir os enormes níveis de desperdício. A esses há que responder com o prevalecer do nosso esforço, com a vigilância cidadã e democrática, com a pedagogia da nossa generosidade e com a firmeza dos nossos valores e princípios. Somos um Povo que recusa a submissão e que sabe contornar obstáculos e derrubar barreiras. Essa é a nossa História!

Estamos, pois, perante Angola Avante, linha da Frente dos Povos Africanos e Fonte da Solidariedade para com os Povos do Mundo na construção de uma Nova Vida, Digna e Justa.

Demos

(texto- mistura com fragmentos extraídos do “Colosso de Maroussi” de Henry Miller, em itálico sublinhado)

Na Europa existem 3 espaços que são “refúgio de poetas e de loucos”: 1) A região da Dordogne, onde o negro e misterioso rio Domme cria um território de encantamento que fascinou os nossos antepassados Cro-Magnon, o que comprova o seu desenvolvido sentido do belo e a formação da sua religiosidade; 2) Lisboa, a Cidade-Tejo, de uma luminosidade iniciática, cosmopolita e única; 3) A Grécia.

“Os gregos são um povo apaixonado” e a Grécia, berço da Europa (mas também da democracia e da cidadania universal) é um espaço de contradição harmoniosa, de confusão logicamente ordenada, de caos poético e filosófico geometricamente delineado, uma aritmética da vida e do amor sem limites, cujo somatório cria as “qualidades autenticamente humanas dos gregos, em particular a generosidade”.

Foi neste país que uma vez tive uma das experiências mais marcantes da minha vida: consegui “ficar em silêncio um dia inteiro, sem qualquer revista, jornal, livro, rádio, televisão, telefone, sem escutar tagarelices, ficar totalmente ocioso”…No dia seguinte sentia-me limpo, completamente limpo, com um sentimento de pureza de alma, “sem o peso da cultura livresca, com os problemas dissolvidos, os laços cortados, o corpo transformado num instrumento eficaz e novo e olhando com outro olhar para o(s) Outro(s)”. Aprendi, na Grécia, que “quando estamos bem com nós próprios não importa a bandeira que nos alberga ou a língua que nos rodeia”. Foi a primeira lição de cidadania universal que recebi na minha vida.

“A paz, a solidão e a ociosidade fazem-nos tanta falta como a verdade (a verdade-verdadeira e não a verdade que nos é servida em embalagens tentadoras). A minha primeira lição de cidadania universal ensinou-me tudo isto e mais: ensinou-me a fazer greve. “Não apenas a greve por melhores salários, condições e novas oportunidades, mas também a greve ao(s) Outro(s), o negar tudo o que o(s) Outro(s) faz(em) revelou-se uma forma eficaz de produzir novas esperanças”

Recordo-me de uma imagem que representa a posição das oligarquias da Eurolândia em relação á Grécia: “Toda a base de Acrópole assemelha-se a uma cratera vulcânica, um autêntico depósito de arte, artefactos, fragmentos da História. O turista chega ali e olha para essas ruinas, para esses leitos de lava, para esses fragmentos da História da Humanidade, com os olhos húmidos. E de repente o turista repara que afinal a sua contemplação é manchada por um intruso: o Grego vivo, que anda por ali…”

E depois há muitas coisas, para além do deficit, da crise, do Capital…”Há a Via Sagrada, percorrida por pés pagãos a caminho da iniciação em Elêusis. Neste trilho não há martírios, nem o sofrimento da flagelação…é apenas um trilho trilhado por pés pagãos, através dos séculos, com árvores inundadas de luz, plantadas por deuses embriagados. Há Elêusis, onde deitamos fora 2 mil anos de ignorância e de mórbido viver em mentira. Quando chegamos a Elêusis chegamos despedaçados, fragmentados…Depois há Atenas, Delfos, Lesbos, Corfu, Mégara, Paros…O Monte Atos, Leonidion, Ossa, Samarcanda…”

E há, agora, uma Nova Grécia “quintessência extraída da lama, sem fronteiras, nem limites ou idade, composta por ilhas ofuscantes banhadas por luz e mar” e por Homens e Mulheres que banham-se nessa luz e nesse mar. É todo um país que movimenta-se em “planos cubistas: paredes e janelas, rochas e cobras, árvores e arbustos, pomares e fragâncias” mar e montanhas, órfãos e viúvas, desempregados e empregados para quem o emprego é um luxo…É como “recapturar a alegria de passar pelo colo do útero”.

A Grécia “está viva e é banhada pela luz estelar do próprio planeta” gerada pela luta dos Homens em busca de uma Nova Vida. Até porque a Soberania Popular não está sujeita a chantagens…

Sem comentários:

Mais lidas da semana