domingo, 9 de agosto de 2015

50 ANOS DE RESGATES COMUNS




1 – Os “activistas” contemporâneos que se afirmam de “revolucionários” e os “activistas” dos“direitos humanos”, não se reportam à história e agora procuram afrontar muitos daqueles que integraram e integram a saga de resgates que se têm alcançado com o Movimento de Libertação em África, procurando criar obstáculos agenciados a um rumo que só foi possível com o sacrifício assumido por várias gerações de africanos (e de angolanos), bem como de seus aliados como os cubanos, tendo como horizonte os benefícios que há que consumar dando a volta a tantas sequelas dum passado que histórica e antropologicamente advêm das trevas…

… E no entanto lutar contra o colonialismo, lutar contra o “apartheid”, lutar contra algumas das suas sequelas e lutar hoje contra o subdesenvolvimento, em 50 anos consecutivos, degrau a degrau e nunca perdendo o rumo, é essencial para efectivamente se irem consumando os “direitos humanos” que todos os africanos e seus descendentes devem usufruir nos relacionamentos internacionais, no concerto das nações e dos povos e num processo em busca dos equilíbrios saudáveis que beneficiarão em paz todos os seres humanos e o próprio planeta!
  
2 – Há 50 anos, no dia 8 de Agosto de 1965, chegava a Brazzaville a 2ª coluna do Che, comandada por Jorge Risquet, em apoio ao governo congolês ameaçado por Mobutu que entretanto assumia o poder do outro lado do rio Congo, em Kinshasa e dando curso à estreita aliança da Revolução Cubana com o Movimento de Libertação em África, neste caso com o MPLA.

Os povos africanos e cubano encetaram então um relacionamento que trouxe conquistas inestimáveis: para trás ficaram escravatura, colonialismo, fascismo, “apartheid” e sequelas poderosas que foram sendo instrumentalizadas por uns e por outros, sempre com todos os sentidos postos no desenvolvimento sustentável, na justiça social, no aprofundamento da democracia e na paz.

Nenhum dos projectados “activistas de direitos humanos” contemporâneos, projectados sob os cânones da própria hegemonia unipolar, tem como eles uma folha de serviços tão decisiva em benefício de facto dos direitos humanos em África e muito para lá de África, já que os resgates a realizar são-no em nome de toda a humanidade!
  
3 – Por isso o afrontamento, que é herança de quem concebeu e fez parte, no concerto duma globalização perseguindo a pista da hegemonia unipolar, da Guerra Fria na sequência da IIª Guerra Mundial, faz tábua rasa desse esforço, não o reconhecendo como um longo e legítimo processo em busca de independência, de soberania, de paz, de aprofundamento da democracia e de justiça social, não o reconhecendo nos ganhos obtidos desde logo pelos direitos humanos daqueles que foram tão historicamente oprimidos, marginalizados e desprezados.

Não reconhecendo esse rumo histórico da emancipadora e solidária libertação, recusando-se terminantemente a evocá-lo, o afrontamento parte de forma avulsa para a guerra psicológica, recorrendo às filosofias que têm suportado, entre outros fenómenos sócio-políticos, as “revoluções coloridas” e as “primaveras árabes”, como se essas fossem as verdades absolutas de que precisam“para seu consumo” os povos africanos.

Como se não bastasse, através de instrumentos como a NATO e o AFRICOM, os promotores desses “direitos humanos” têm feito tudo para expandir o caos em África, de modo a surgirem agora como os grandes campeões duma liberdade que jamais o foi, jamais oé e jamais o será!

50 anos depois da passagem do Che por África, ter consciência crítica sobre os fenómenos humanos que se inscrevem na antropologia e na história, é tão importante como os acontecimentos progressistas que marcaram aqueles anos decisivos de 1965:

Só poderão subsistir direitos humanos, se houver sequência para o Movimento de Libertação na luta contra o subdesenvolvimento crónico que os africanos herdaram do seu passado, jamais mediante “direitos humanos” que sejam injectados por cartilhas de poderes dominantes, cujo fito inquestionável será sempre enfraquecer, manipular, vulnerabilizar e subverter o rumo que foi tão duramente conquistado, de acordo com princípios e convicções que se identificam por completo com os povos africanos e de todo o mudo que se contrapõe à hegemonia unipolar

Marcando a efeméride, estas questões mantêm vivo o inquestionável pensamento terceiro-mundista do Che, como dos pais fundadores das jovens nações africanas como Ben Bella, Kwame N’Krumah, Amilcar Cabral, Agostinho Neto, Samora Machel e tantos outros que sabem que a verdadeira residência dos direitos humanos está na construção do socialismo, da paz e da afirmação da identidade própria dos povos africanos e não na injecção perturbadora de programas que procuram a todo o custo ser injectados, como se de autênticas drogas alienantes (e subversivas) se tratassem!
  
Foto do último encontro entre Jorge Risquet e o Presidente José Eduardo dos Santos, em Luanda.

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