A
instabilidade na Guiné-Bissau está a afectar negativamente a atividade
comercial no país. As exportações estão suspensas. E também estão em risco
novos investimentos, alertou já o ministro das Finanças cessante.
O
presidente da Associação de Importadores e Exportadores da Guiné-Bissau, Mamadú
Djamanca, lamenta o facto de neste momento estarem suspensas as exportações, em
particular da castanha de caju, atividade que sustenta a economia do país.
"Esta
crise política está a ter um impacto muito negativo. As exportações estão
suspensas e as importações também têm tendência para baixar porque as condições
político-comerciais não são convidativas", conta em entrevista à DW
África. "Não nos podemos esquecer que a Guiné-Bissau não é um país
industrializado", lembra Mamadú Djamanca.
Com
a crise política, o volume de negócios também está em baixo. "O país está
parado. Antes havia negócio, mas agora não, porque todos estão com medo e
preferem ficar em casa", confirma à DW África a vendedora de peixe Mariatu
Djaló. "Torna-se difícil viver num país assim".
Receitas
em queda
As
receitas estão a baixar desde que se acentuaram os sinais de instabilidade.
"As receitas alfandegárias caíram cerca de 50%" nas últimas semanas,
declarou na semana passada o ministro cessante da Economia e Finanças, Geraldo
Martins.
Verificou-se
o mesmo com as receitas dos impostos. "E como há poucas receitas, o Estado
tem menos capacidade de arcar com as despesas. Isto eventualmente vai
traduzir-se numa redução do consumo público por parte do Estado", avisou
Geraldo Martins.
Por
outro lado, sublinhou que, nesta situação, "o país não atrai
investidores". Segundo o ministro cessante da Economia e Finanças, a atual
instabilidade está a pôr em risco "muitos ganhos conseguidos ao longo dos
últimos 12 meses", não só na mesa
redonda de doadores que teve lugar em Bruxelas, em março, mas também em
termos de mobilização de outros fundos, como "um apoio de 20 milhões de
dólares por ano, durante os próximos três anos", que terá sido aprovado na
semana passada pelo Banco Mundial.
Projetos
em risco
Alfredo
Handem, presidente da Fundação Suíça para o Desenvolvimento (SWISSAID), diz que
a atual crise política pode comprometer a implementação de projetos,
"porque vai ter um impacto muito negativo na actuação das organizações
internacionais de desenvolvimento."
egundo
o responsável, "só num clima de paz e de entendimento mútuo entre os
órgãos de soberania as organizações podem encontrar o seu espaço para poderem
intervir."
O
Presidente da República, José Mário Vaz, demitiu na quarta-feira passada
(13.08) o Governo liderado por Domingos Simões Pereira, após meses de tensão e
de divergências. Em decreto presidencial, justificou a sua decisão alegando
quebra mútua de confiança, dificuldades de relacionamento e sinais de obstrução
à Justiça por parte do Executivo.
Fátima
Tchumá (Bissau) / Lusa – Deutsche Welle
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