quarta-feira, 19 de agosto de 2015

CRISE POLÍTICA GUINEENSE TEM IMPACTO NEGATIVO NA ECONOMIA




A instabilidade na Guiné-Bissau está a afectar negativamente a atividade comercial no país. As exportações estão suspensas. E também estão em risco novos investimentos, alertou já o ministro das Finanças cessante.

O presidente da Associação de Importadores e Exportadores da Guiné-Bissau, Mamadú Djamanca, lamenta o facto de neste momento estarem suspensas as exportações, em particular da castanha de caju, atividade que sustenta a economia do país.

"Esta crise política está a ter um impacto muito negativo. As exportações estão suspensas e as importações também têm tendência para baixar porque as condições político-comerciais não são convidativas", conta em entrevista à DW África. "Não nos podemos esquecer que a Guiné-Bissau não é um país industrializado", lembra Mamadú Djamanca.

Com a crise política, o volume de negócios também está em baixo. "O país está parado. Antes havia negócio, mas agora não, porque todos estão com medo e preferem ficar em casa", confirma à DW África a vendedora de peixe Mariatu Djaló. "Torna-se difícil viver num país assim".

Receitas em queda

As receitas estão a baixar desde que se acentuaram os sinais de instabilidade. "As receitas alfandegárias caíram cerca de 50%" nas últimas semanas, declarou na semana passada o ministro cessante da Economia e Finanças, Geraldo Martins.

Verificou-se o mesmo com as receitas dos impostos. "E como há poucas receitas, o Estado tem menos capacidade de arcar com as despesas. Isto eventualmente vai traduzir-se numa redução do consumo público por parte do Estado", avisou Geraldo Martins.

Por outro lado, sublinhou que, nesta situação, "o país não atrai investidores". Segundo o ministro cessante da Economia e Finanças, a atual instabilidade está a pôr em risco "muitos ganhos conseguidos ao longo dos últimos 12 meses", não só na mesa redonda de doadores que teve lugar em Bruxelas, em março, mas também em termos de mobilização de outros fundos, como "um apoio de 20 milhões de dólares por ano, durante os próximos três anos", que terá sido aprovado na semana passada pelo Banco Mundial.

Projetos em risco

Alfredo Handem, presidente da Fundação Suíça para o Desenvolvimento (SWISSAID), diz que a atual crise política pode comprometer a implementação de projetos, "porque vai ter um impacto muito negativo na actuação das organizações internacionais de desenvolvimento."

egundo o responsável, "só num clima de paz e de entendimento mútuo entre os órgãos de soberania as organizações podem encontrar o seu espaço para poderem intervir."

O Presidente da República, José Mário Vaz, demitiu na quarta-feira passada (13.08) o Governo liderado por Domingos Simões Pereira, após meses de tensão e de divergências. Em decreto presidencial, justificou a sua decisão alegando quebra mútua de confiança, dificuldades de relacionamento e sinais de obstrução à Justiça por parte do Executivo.

Fátima Tchumá (Bissau) / Lusa – Deutsche Welle

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