A
seca no sul de Moçambique já afeta cerca de 140 mil pessoas só em Inhambane e
Gaza. Para solucionar os problemas, o Governo precisa de muito dinheiro. Só
assim poderá devolver à população o mínimo: água potável.
Gaza
é a província mais afetada pela seca no sul de Moçambique.
Segundo
o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), dezenas de milhares de
pessoas estão em risco de insegurança alimentar. As autoridades locais estimam
que serão precisos 591 mil euros para minimizar os efeitos da seca.
Para
saber o que está sendo feito pelas autoridades no sul de Moçambique, a DW
África conversou com João Ribeiro, diretor-geral do INGC, que explica a
problemática.
DW
África: Neste momento, como está a situação no sul de Moçambique?
João
Ribeiro (JR): Houve muito pouca precipitação. Choveu muito num curto
espaço de tempo, mas depois ficámos muitos dias sem chuva. Temos áreas onde não
chove há muito tempo. A maior parte dos furos de água com mais de 50 metros de
profundidade já está a secar. Portanto, está-se a fazer novos furos. Todos os
que têm mais de 100 metros de profundidade têm água suficiente.
DW
África: Para distribuir água às pessoas, estão sendo construídos sistemas
de abastecimento multifuncional. Que sistemas são estes?
JR: São
furos na terra onde existe água potável e que têm um sistema que permite
abastecer água a seres humanos e animais. Outros incluem também um sistema que
permite a rega.
DW
África: Mas nem todas as comunidades afetadas pela seca têm acesso a esse
sistema.
JR: Exato.
Mas agora o Governo decidiu abrir furos naquelas comunidades que têm problemas,
principalmente em Gaza.
DW
África: E quanto custa introduzir esse sistema em localidades novas?
JR: Entre
60 e 70 mil dólares.
DW
África: E quem arca com esse investimento?
JR: Agora
está a ser o Governo.
DW
África: Como está sendo a busca por recursos financeiros?
JR: Isso
é feito pelo Governo de cada província juntamente com o Ministério das Obras
Públicas e Habitação.
DW
África: Qual a situação do morador do sul de Moçambique após esse longo
estado de seca?
JR: Houve
uma redução de tudo o que se precisa no dia-a-dia. Inclusive nas refeições.
DW
África: E o que está sendo feito contra isso?
JR: Há
os programas de comida pelo trabalho, para o abastecimento daqueles que
precisam. Também estão sendo organizadas feiras: Leva-se às comunidades
afetadas produtos que estas não têm. Há uma troca de produtos. Por exemplo, a
maioria dessas áreas áridas são criadoras de gado mas falta-lhes o
abastecimento de outros produtos. A feira facilita a troca comercial.
DW
África: E as próprias comunidades residentes nas localidades em questão
estão a tomar alguma atitude com relação ao futuro dessa situação?
JR: Sim.
Através de muitas ações que põem em prática, como recolher água da pouca chuva
que cai. Há muitas ações. Os moradores sabem quais as culturas tolerantes à
seca. As comunidades têm esses conhecimentos.
Bettina
Riffel – Deutsche Welle
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