O
líder histórico timorense Xanana Gusmão foi hoje condecorado com o título da
Ordem da Guerrilha, "pela sua inexcedível liderança na luta da libertação
nacional", no decorrer das cerimónias do 40º aniversário das Falintil.
Xanana
Gusmão recebeu a condecoração das mãos do Presidente da República, Taur Matan
Ruak, que presidiu às cerimónias de hoje que decorreram em Taci Tolo , a oeste de
Díli.
"Pelo
seu exemplo, em momentos-chave da nossa história, e pela capacidade de
liderança, Xanana Gusmão foi verdadeiramente um pai fundador de
Timor-Leste", disse Taur Matan Ruak no discurso oficial das comemorações.
"A
sua visão - antes e depois da Independência - está na base da política de
reconciliação, paz e estabilidade que o nosso país e o nosso povo adotaram e
implementaram com grande determinação e de coração aberto", afirmou.
Xanana
Gusmão, que no passado recusou por várias vezes condecorações, foi um dos
vários líderes históricos que se reuniram em Taci Tolo para recordar
a criação, em 1975, das Falintil, as Forças Armadas de Libertação de
Timor-Leste.
Criadas
como braço armado da Fretilin (Frente Revolucionária do Timor-Leste
Independente), e tornadas apartidárias em 1987, foram um dos pilares essenciais
da resistência à ocupação indonésia.
"O
40º aniversário das Falintil é um momento adequado para prestar homenagem ao
líder máximo da Resistência e fundador de Timor-Leste independente, Kay Rala
Xanana Gusmão, e manifestar-lhe o reconhecimento da nação", afirmou.
Taur
Matan Ruak aproveitou o seu discurso para recordar muitos dos heróis das
Falintil e da luta pela libertação de Timor-Leste, entre os quais "o
saudoso proclamador" da independência, Xavier do Amaral e o primeiro
comandante das Falintil, Nicolau Lobato.
"Abraço
todos os participantes na Frente Armada, na Frente Clandestina e na Frente
Diplomática. Foi a sua coragem e o trabalho conjunto que tornou possível trazer
a Nação à vitória e assegurar a sobrevivência da nossa comunidade, cultura e
tradições", disse o chefe de Estado.
"Muitos
continuam a trabalhar ainda para reforçarem Timor-Leste", disse,
referindo-se a José Ramos-Horta, Mari Alkatiri e Francisco Lu-O'lo.
Especialmente
aplaudidas as referências aos "muitos heróis e mártires" que perderam
a vida na luta pela independência, entre eles Ma'hudu, Nino Konis Santana,
David Alex Daitula e Ular, entre outros, e os outros ainda vivos, Lere Anan
Timur, Ma'hunu, Sabika, Aluk Descartes, Falur Rate Laek, Trix, Maunana,
Maubuti, Maukalo "que trabalham para defender a soberania nacional e a
estabilidade".
O
chefe de Estado relembrou ainda o papel "decisivo" dos "heróis
desconhecidos", militares e civis "que tombaram pela liberdade da
terra amada de Timor", incluindo membros "que tombaram nas violentas
ofensivas contra as bases de apoio e outros combates sangrentos, durante os
anos 80 e 90" da década passada.
"O
êxito das Falintil deveu-se a todos. Todas as famílias timorenses fizeram
sacrifícios. Quase todas perderam entes queridos. Quase todos os filhos de
Timor enfrentaram perigos e ajudaram a fazer a história que nos trouxe à
Restauração da Independência", disse.
"Foi
o trabalho silencioso de milhares e milhares de heróis desconhecidos, em
unidade com os líderes, que ajudou a conquistar a vitória das Falintil e da
Nação", afirmou.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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