terça-feira, 8 de setembro de 2015

Angola. “PRIMEIRO PASSO RUMO A UMA POSSÍVEL CONVERGÊNCIA ELEITORAL”




Jornadas parlamentares conjuntas de UNITA, CASA-CE, FNLA e PRS deixam no ar a possibilidade de acordo para 2017.

Miguel Gomes – Rede Angola

Isaías Samakuva, presidente do maior partido da oposição, a UNITA, aproveitou as Jornadas Parlamentares Conjuntas que se iniciaram hoje, em Luanda, para lançar um forte ataque à governação e ao partido no poder. Embora num registo menos acusatório, FNLA, PRS e CASA-CE afinaram pelo mesmo diapasão.

Samakuva usou expressões como “pátria vendida”, “futuro ameaçado” ou “apartheid político e socioeconómico” para caracterizar o momento que se vive em Angola. “O país continua a não encontrar uma matriz política, económica e cultural própria. Por outro lado, é fundamental que possamos transformar o estado numa autêntica pessoa de bem”, disse o presidente da UNITA.

“O país precisa de uma nova liderança, de uma nova cultura de governação e de um novo regime político. O MPLA não aceita conviver na diferença. O diálogo entre as diversas forças políticas deve conduzir a uma acção concertada”, acrescentou Isaías Samakuva.

E será mesmo esta acção concertada que se pretende perspectivar com as Jornadas Parlamentares da Oposição, organizadas pela primeira vez de forma conjunta. Abel Chivukuvuku, líder da coligação CASA-CE (terceira maior força parlamentar), reconheceu, em declarações à imprensa, que o evento “é um primeiro passo rumo a uma possível convergência eleitoral”.

Sobre o formato da participação conjunta nada se sabe. Mas Isaías Samakuva fez questão de lançar para o debate a sua visão e as questões que considera essenciais – o político deixou a audiência com cerca de dez questões que tocam os domínios da economia, dos direitos civis, do papel da sociedade civil, da transparência eleitoral, da corrupção e fenómenos anexos ou da nova Lei Geral do Trabalho.

“Precisamos encontrar um caminho de mudança na estabilidade”, concretizou Samakuva.

No seu discurso, Abel Chivikuvuku considerou que as jornadas conjuntas são uma “iniciativa ímpar”. Utilizando as alegorias presentes nos provérbios tradicionais para ilustrar as suas ideias, ao mesmo tempo que cita (fê-lo várias vezes) o filósofo Montesquieu, Chivukuvuku deixou a proposta de mudança.

“É preciso acelerar a marcha. Porque neste momento estamos a lidar com as expectativas goradas dos jovens e com as desilusões que têm sido vividas de geração em geração. Não precisamos de um modelo de sociedade baseado na fraude e na mentira, como acontece actualmente”, lembra Chivukuvuku.

A abertura das Jornadas Parlamentares Conjuntas aconteceu no Hotel Plaza, Talatona, em Luanda, com a presença dos quatro líderes políticos da oposição: Eduardo Kwangana (PRS) e Lucas Ngonda (FNLA), que também discursaram no mesmo tom crítico, para além dos já citados Isaías Samakuva (UNITA) e Abel Chivukuvuku (CASA-CE).

Para além dos quatro grupos parlamentares, estão presentes no evento diversos convidados da sociedade civil, estudantes e professores universitários. As jornadas parlamentares decorrem hoje e amanhã, em Luanda, e o programa incluem diversos painéis de debate aberto. 

Foto:  Ampe Rogério/RA

Sem comentários:

Mais lidas da semana