quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Brasil e Cabo Verde apoiam missão da CPLP para a Guiné-Bissau sair da crise




Na Cidade da Praia, a Terceira Reunião do Mecanismo de Consultas Políticas entre o Brasil e Cabo Verde não só tratou da cooperação bilateral mas destacou a importância da Guiné-Bissau resolver a crise política.

Brasil e Cabo Verde apoiaram, nesta terça-feira (01.09.2015), o envio de uma missão ministerial da CPLP, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, à Bissau, para ajudar a Guiné-Bissau a sair da crise política em que se encontra há três semanas.

A posição foi dada a conhecer à imprensa pelos ministros das Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, Jorge Tolentino (dir.), e do Brasil, Mauro Vieira (esq.), após o final da Terceira Reunião do Mecanismo de Consultas Políticas entre os dois países, que aconteceu na Cidade da Praia.

Tolentino explicou que ambos os países concordaram na necessidade de se dar um apoio forte e imediato para a retoma da normalidade institucional na Guiné-Bissau, "que se traduza no respeito por parte de todos os atores políticos da cultura democrática e institucional e do equilíbrio institucional estabelecido na Constituição da República da Guiné-Bissau", disse ele.

Apoio do Brasil mesmo após escândalos

O ministro das Relações Exteriores do Brasil disse que Brasília acompanha o que se passa em Bissau com muita atenção: "O Brasil mantêm tanto com a Guiné-Bissau quanto com Cabo Verde relações históricas estreitas e tradicionais desde o momento da independência. E estamos empenhados em contribuir para a criação de condições que leve cada vez mais estababilidade ao Governo local bem como ao crescimento da economia".

O Governo da Presidente brasileira Dilma Roussef tem sido afetado por escândalos de corrupção e fortes contestações no Congresso e manifestações de rua. Mauro Vieira garante que isso não irá afetar os apoios do Brasil à Guiné-Bissau e Cabo Verde.

O Brasil continuará a manter todos os seus programas de cooperação, não só com a Guiné-Bissau mas com todos os países membros da CPLP, defendeu Vieira. " E tudo que estiver ao nosso alcance no sentido de promover o diálogo, o entendimento e trazer uma palavra de apoio do Brasil será feito", explicou.

O chefe da diplomacia brasileira está hoje (01.09) em Cabo Verde para uma visita oficial de 24 horas, a convite do seu homólogo cabo-verdiano para o reforço das relações de amizade e de cooperação entre os dois países.

Durante a sua estada na Cidade da Praia, foi recebido em visitas de cortesia separadas pelo Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, pelo Presidente da Assembleia Nacional, Basílio Mosso Ramos, e pelo Primeiro-ministro, José Maria Neves.

A passagem de Mauro Vieira por Cabo Verde insere-se num périplo que está a fazer desde sexta-feira (28.09) pela República Democrática do Congo, Camarões e Senegal.

Organização económica da África Ocidental garante apoios a Baciro Dja

A União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA) anunciou esta terça-feira (01.09) apoios ao novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau Baciro Djá, com quem a organização pretende continuar a executar os programas por si financiadas. A ideia foi transmitida a Baciro Djá por Hassani Mohamed, representante da UEMOA em Bissau, conforme noticiou a agência Lusa.

Hassani Mohamed esteve reunido com o novo primeiro-ministro guineense a quem disse ter remetido uma "mensagem pessoal" da Comissão da UEMOA, cujo teor não quis precisar, mas adiantou tratar-se de uma manifestação de apoios e de continuidade dos projetos em curso na Guiné-Bissau.

O representante da organização económica dos oito estados da Africa Ocidental (além da Guiné- Bissau, o Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali, Níger, Senegal e Togo) quer "acelerar a execução dos projetos" financiados pela UEMOA com o novo primeiro-ministro da Guiné-Bissau.

Na perspetiva da UEMOA, o que se passa na Guiné-Bissau "é um problema entre os homens e as instituições" do país lusófono, mas que vai ser resolvido também entre os guineenses, salientou Mohamed. Para o representante da organização africana, a crise guineense "é conjuntural" e terá uma resolução para breve.

Nélio dos Santos (Cidade da Praia) / Lusa – Deutsche Welle

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