As
duas jovens angolanas respondem no mesmo processo de alegado golpe de Estado
pelo qual outros 15 ativistas estão detidos desde junho.
Em
Angola, mais dois nomes foram incluídos no processo dos mais de 15 ativistas
detidos desde junho, por suposta tentativa de golpe de Estado. As jovens,
Laurinda Gouveia e Rosa Conde que até esta segunda-feira (31.08) eram apenas
declarantes, passaram agora a arguidas.
A
DW África entrevistou Laurinda Gouveia sobre o desenvolvimento do caso.
DW África: Que novos dados foram apresentados para que as duas passassem de declarantes à condição de arguidas?
Laurinda Gouveia (LG): Na verdade foi devido às declarações que fizemos na sub-procuradoria , no edifício do bairro Kinaxixi, em Luanda, onde fomos notificadas para nos dizer que passávamos agora a ser arguidas e que no dia do julgamento poderíamos ser testemunhas. Então, comecei a falar e contei tudo o que vi e, em função das declarações que fiz, o sub-procurador depois de me fazer várias ameaças comunicou-me que passamos de declarantes a arguidas não detidas. Ele acrescentou que a decisão veio na sequência do interrogatório e com as respostas que demos podemos ir até ao tribunal juntamente com os ativistas que estão presos.
DW África: Que novos dados foram apresentados para que as duas passassem de declarantes à condição de arguidas?
Laurinda Gouveia (LG): Na verdade foi devido às declarações que fizemos na sub-procuradoria , no edifício do bairro Kinaxixi, em Luanda, onde fomos notificadas para nos dizer que passávamos agora a ser arguidas e que no dia do julgamento poderíamos ser testemunhas. Então, comecei a falar e contei tudo o que vi e, em função das declarações que fiz, o sub-procurador depois de me fazer várias ameaças comunicou-me que passamos de declarantes a arguidas não detidas. Ele acrescentou que a decisão veio na sequência do interrogatório e com as respostas que demos podemos ir até ao tribunal juntamente com os ativistas que estão presos.
DW
África: E que ameaças o senhor sub-procurador proferiu contra as duas?
LG: Por
exemplo, dirigindo-se a mim disse que se publicasse ou desse a conhecer a alguns
amigos mais uma vez qualquer notificação enviada pelas autoridades iria abrir
um outro processo contra a minha pessoa e que a situação ficaria muito mais
complicada. Em resposta disse-lhe que não podia estar a falar desta forma
comigo. Foi então que me disse que não podia responder a ninguém sobre as
perguntas que me tinha feito durante o interrogatório porque se o fizesse
poderia estar a praticar um crime.
DW
África: A Laurinda Gouveia esteve de facto envolvida numa suposta tentativa de
golpe de Estado como afirma a polícia angolana?
LG: Não
tenho experiência disso e em nenhum momento nos debates que tivemos (entre os
ativistas) chegamos a falar disso. Até porque não temos condições para fazer um
golpe de Estado e também porque não era a linha de pensamento dos debates que
tivemos nos nossos encontros.
DW
África: O que diz o seu advogado sobre este assunto?
LG: No
momento da audição o advogado não disse absolutamente nada até porque na altura
o sub-procurador exerceu praticamente uma tortura psicológica, forçando-me a
falar e a dizer coisas, tentando dizer-me que tinha esquecido esta ou aquela
informação. Então foi aqui que o meu advogado, que é também dos outros 15
ativistas, interveio para chamar a atenção do sub-procurador que insistia em
questões que já nem me lembrava.
DW
África: Soubemos que dois dos ativistas presos não estão bem de saúde. A
Laurinda tem alguma informação sobre a saúde do Nito Alves e do Arante Kivuvu?
LG: Sei,
até porque estive no domingo (30.08) com eles e o Arante está com uma
inflamação na barriga, que surgiu depois de ele estar na prisão. E cada dia que
passa essa inflamação aumenta de volume. Já o Nito Alves, está com problemas
sérios de visão. Aliás desde o princípio tem dito que está a sofrer com dores
de cabeça, muita febre e não teve ainda assistência médica. Assim, nestas últimas
semanas como estava a sentir muitas dores o Nito pediu ao advogado para
elaborar um documento para que fosse transferido para o hospital. O advogado
fez a carta e as autoridades da própria cadeia onde ele está preso também
assinaram a transferência mas até ao momento só transferiram o Arante. O Nito
só está a receber injeções e disse-me que está muito preocupado com essas
injeções porque nem sabe para que servem, se são para o matar ou para outra
coisa qualquer. Mas o certo é que ele se encontra em más condições de saúde.
Nádia
Issufo – Deutsche Welle
Sem comentários:
Enviar um comentário