terça-feira, 15 de setembro de 2015

RETARDAR ACORDO NA UE PARA QUE MORRAM ALGUNS MILHARES DE REFUGIADOS?




A morosidade em traçar um plano conjunto que seja aceite por todos os dirigentes dos países europeus está a aproximar da morte centenas ou milhares de refugiados, já uma deputada do Parlamento Europeu o declarou alto e com bom som. Deputada que verificou in loco as péssimas condições em que sobrevivem os refugiados na Hungria e países na sua proximidade. Certo é que a Alemanha em toda esta crise tem aberto as fronteiras e acolhido centenas de milhares de refugiados, o mesmo acontecendo com a Áustria. Assim não acontece com alguns países da UE, não se decidem, discordam por tudo e por nada boicotando um consenso. 

Enquanto isso as centenas de milhares de refugiados que aguardam acolhimento vão definhando, vão adoecendo, vão desesperando. O que se deve perguntar é sobre os motivos deste desentendimento entre os países da UE e por que razão retardam uma e outra vez a possibilidade de um acordo que contemple a ação humanitária efetuada a tempo para poupar mais sofrimentos e vidas. O retardamento, a demora, tem por objetivo de uns quantos dirigentes dos países da UE visar as mortes de quantos refugiados? - para que assim a operação de acolhimento seja mais “leve” e menos dispendiosa. Se esse é o propósito decerto que só se sentirão realizados com muitos milhares de mortes. Se esse é o propósito vem provar que existem dirigentes de países da UE que são autênticos assassinos. Para isso existe o TPI, entre outras instâncias, para julgar tais criminosos. É assim, preto no branco. Tais dirigentes não merecem mais contemplações.

Redação PG

Crise dos refugiados. Guterres, chocado com falta de união europeia, apela a plano B

Mesmo sem acordo a 28, o Alto Comissário pediu aos países que estão dispostos a acolher refugiados que comecem já a antecipar procedimentos. Em Bruxelas, Guterres manifestou desilusão com a falta de resultados e apresentou argumentos para mostrar o quão ridícula é a situação gerada pelo impasse dos 28.

O Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, afirmou em Bruxelas estar chocado com a falta de união europeia na questão de acolhimento de refugiados, comentando que houve mais união na crise com refugiados da Hungria, em 1956.

Intervindo numa audição no Parlamento Europeu, um dia depois de os ministros do Interior da União Europeia terem falhado um acordo em torno da proposta da Comissão Europeia de recolocação de mais 120 mil refugiados entre os Estados-membros, adiando o assunto para outubro, Guterres disse ter ficado muito "desapontado" e "sob choque" com o desfecho da reunião extraordinária da véspera, considerando inaceitável que, numa situação de emergência, se adiem decisões para futuras reuniões.

Sem mencionar os Estados-membros que têm estado a impedir um compromisso, António Guterres recorreu ao exemplo do sucedido na década de 1950 com a Hungria, hoje um dos Estados-membros que mais se opõe a um sistema europeu de acolhimento de refugiados, para estabelecer uma comparação, na qual a Europa fica hoje a perder, realçou.

"Há 59 anos tivemos a primeira grande crise de refugiados europeia depois da II Guerra Mundial, foi a crise húngara de 1956. Nessa altura, 200 mil húngaros foram para a Áustria (180 mil) e Jugoslávia. Na altura não havia (o acordo de livre circulação de) Schengen. Mas as fronteiras foram abertas, e da Áustria foi possível lançar um programa de relocalização, tendo 140 mil húngaros sido levados para outros países europeus e o realojamento teve lugar em menos de três meses", disse.

Guterres comentou então que "na altura a integração europeia estava a começar, não havia União Europeia, mas pelo menos essa parte da União que podia estar unida esteve unida, para proteger os húngaros vítimas da opressão e ditadura", enquanto "hoje, infelizmente, há uma União Europeia, mas a Europa já não está unida, está dividida".

O responsável das Nações Unidas advertiu ainda que, no plano da batalha ideológica que hoje se trava, a Europa também está a comprometer a defesa dos seus valores, pois rejeitar receber sírios, sobretudo se o motivo for por serem muçulmanos, "é algo que ajuda à propaganda do (auto-denomiado) Estado Islâmico".

António Guterres revelou que, ao acordar hoje, às 05:00 da manhã, "ainda sob o choque das notícias" de horas de antes -- referindo-se à falta de acordo entre os 28 -, pensou que o importante é ter então um "plano B", que passará necessariamente por "avançar com o que pode ser feito imediatamente", na ausência de um acordo definitivo.

Nesse contexto, considerou que "se a fronteira húngara se mantiver fechada", deve ser dada "uma resposta de emergência centrada na Sérvia", onde vem ser criada capacidades de acolhimento e assistência, e começar daí, imediatamente, o programa de recolocação de refugiados, até porque se aproxima o inverno.

TSF com Lusa

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