A
morosidade em traçar um plano conjunto que seja aceite por todos os dirigentes dos
países europeus está a aproximar da morte centenas ou milhares de refugiados, já
uma deputada do Parlamento Europeu o declarou alto e com bom som. Deputada que
verificou in loco as péssimas condições em que sobrevivem os refugiados na
Hungria e países na sua proximidade. Certo é que a Alemanha em toda esta crise
tem aberto as fronteiras e acolhido centenas de milhares de refugiados, o mesmo
acontecendo com a Áustria. Assim não acontece com alguns países da UE,
não se decidem, discordam por tudo e por nada boicotando um consenso.
Enquanto
isso as centenas de milhares de refugiados que aguardam acolhimento vão
definhando, vão adoecendo, vão desesperando. O que se deve perguntar é sobre os
motivos deste desentendimento entre os países da UE e por que razão retardam
uma e outra vez a possibilidade de um acordo que contemple a ação humanitária
efetuada a tempo para poupar mais sofrimentos e vidas. O retardamento, a
demora, tem por objetivo de uns quantos dirigentes dos países da UE visar as
mortes de quantos refugiados? - para que assim a operação de acolhimento seja mais “leve” e menos dispendiosa. Se esse é o propósito decerto que só se sentirão realizados com
muitos milhares de mortes. Se esse é o propósito vem provar que existem
dirigentes de países da UE que são autênticos assassinos. Para isso existe o
TPI, entre outras instâncias, para julgar tais criminosos. É assim, preto no
branco. Tais dirigentes não merecem mais contemplações.
Redação
PG
Crise
dos refugiados. Guterres, chocado com falta de união europeia, apela a plano B
Mesmo
sem acordo a 28, o Alto Comissário pediu aos países que estão dispostos a
acolher refugiados que comecem já a antecipar procedimentos. Em Bruxelas,
Guterres manifestou desilusão com a falta de resultados e apresentou argumentos
para mostrar o quão ridícula é a situação gerada pelo impasse dos 28.
O
Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, afirmou em
Bruxelas estar chocado com a falta de união europeia na questão de acolhimento
de refugiados, comentando que houve mais união na crise com refugiados da
Hungria, em 1956.
Intervindo
numa audição no Parlamento Europeu, um dia depois de os ministros do Interior
da União Europeia terem falhado um acordo em torno da proposta da Comissão
Europeia de recolocação de mais 120 mil refugiados entre os Estados-membros,
adiando o assunto para outubro, Guterres disse ter ficado muito
"desapontado" e "sob choque" com o desfecho da reunião
extraordinária da véspera, considerando inaceitável que, numa situação de
emergência, se adiem decisões para futuras reuniões.
Sem
mencionar os Estados-membros que têm estado a impedir um compromisso, António
Guterres recorreu ao exemplo do sucedido na década de 1950 com a Hungria, hoje
um dos Estados-membros que mais se opõe a um sistema europeu de acolhimento de
refugiados, para estabelecer uma comparação, na qual a Europa fica hoje a
perder, realçou.
"Há
59 anos tivemos a primeira grande crise de refugiados europeia depois da II
Guerra Mundial, foi a crise húngara de 1956. Nessa altura, 200 mil húngaros
foram para a Áustria (180 mil) e Jugoslávia. Na altura não havia (o acordo de
livre circulação de) Schengen. Mas as fronteiras foram abertas, e da Áustria
foi possível lançar um programa de relocalização, tendo 140 mil húngaros sido
levados para outros países europeus e o realojamento teve lugar em menos de
três meses", disse.
Guterres
comentou então que "na altura a integração europeia estava a começar, não
havia União Europeia, mas pelo menos essa parte da União que podia estar unida
esteve unida, para proteger os húngaros vítimas da opressão e ditadura",
enquanto "hoje, infelizmente, há uma União Europeia, mas a Europa já não
está unida, está dividida".
O
responsável das Nações Unidas advertiu ainda que, no plano da batalha
ideológica que hoje se trava, a Europa também está a comprometer a defesa dos
seus valores, pois rejeitar receber sírios, sobretudo se o motivo for por serem
muçulmanos, "é algo que ajuda à propaganda do (auto-denomiado) Estado
Islâmico".
António
Guterres revelou que, ao acordar hoje, às 05:00 da manhã, "ainda sob o
choque das notícias" de horas de antes -- referindo-se à falta de acordo
entre os 28 -, pensou que o importante é ter então um "plano B", que
passará necessariamente por "avançar com o que pode ser feito
imediatamente", na ausência de um acordo definitivo.
Nesse
contexto, considerou que "se a fronteira húngara se mantiver
fechada", deve ser dada "uma resposta de emergência centrada na Sérvia",
onde vem ser criada capacidades de acolhimento e assistência, e começar daí,
imediatamente, o programa de recolocação de refugiados, até porque se aproxima
o inverno.
TSF
com Lusa
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