Um
grupo de mulheres da Guiné-Bissau, residentes no país e na diáspora, criou um
movimento para a paz, estabilidade e legalidade, com o qual pretendem
"dizer basta" à instabilidade política e pobreza.
O
grupo, que se autointitula "Minjderis di Guiné No Lanta" (Mulheres da
Guiné-Bissau levantemo-nos), ou Miguilan, foi fundado por 29 guineenses de
várias profissões e conta com cerca de 80 membros.
Entre
elas estão a cantora Karyna Gomes, a gestora de projetos Nelvina Barreto ou a
jurista Vera Cabral.
Em
conjunto, a decisão de criar o movimento surgiu no dia 24 de agosto, na
sequência da decisão do Presidente guineense, José Mário Vaz, de demitir o
Governo eleito, situação com a qual não concordaram.
"Somos
um movimento constituído exclusivamente por mulheres que espontaneamente se
mobilizaram para dizer 'basta' aos recentes eventos políticos que levaram ao
derrube, pelo Presidente da República, do Governo saído das urnas após as
eleições legislativas de 2014", lê-se num manifesto a que a Lusa teve hoje
acesso.
O
Governo derrubado "já estava a dar passos importantes e a granjear a
confiança interna e externa", acrescentam.
Para
o Miguilan, a decisão do Chefe de Estado "mergulhou a Guiné-Bissau em
nebulosas de insegurança, instabilidade, ilegalidade", fatores que, dizem,
conduzem à persistência da corrupção, injustiça e pobreza da população.
Cansadas
de ver e viver com instabilidade política no país e confrontadas com os níveis
da pobreza da maioria da população guineense, as mulheres do Miguilan pretendem
passar aos atos, com a introdução de "um discurso diferente" na
Guiné-Bissau e a colocação da voz e ação feminina "nas mais altas
instâncias nacionais e internacionais" de discussão.
"O
Miguilan é uma organização da sociedade civil guineense que é, por definição, apartidária,
e que se quer política, tendo a ambição de fazer ouvir a sua voz em tudo o que
diz respeito às orientações e decisões relativas à paz, estabilidade e
legalidade" na Guiné-Bissau, refere o manifesto.
Ter
uma presença ativa das mulheres nos órgãos de poder, de gestão e resolução de
conflitos é um dos objetivos do movimento.
O
Miguilan promete trazer para o debate nacional questões como a boa governação,
democracia, direitos humanos e género, bem como denunciar decisões e práticas
vigentes na Guiné-Bissau que sejam contrárias às prerrogativas da democracia e
de um Estado de Direito.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário