sábado, 14 de novembro de 2015

Portugal. CAVACO PRESIDE A UM PAÍS EM QUE PRIMEIRO-MINISTRO “PROPÕE GOLPE”



O presidente do grupo parlamentar do PCP, João Oliveira, criticou o Chefe de Estado face à crise política, descrevendo Portugal como um país em que o Presidente apoia um primeiro-ministro que "propõe um golpe" constitucional, promovendo instabilidade.

Em entrevista à Agência Lusa, João Oliveira lamentou a sugestão de revisão constitucional acelerada de Passos Coelho, a fim de haver novas eleições legislativas, defendendo que Cavaco Silva "não tem de meter prego nem estopa" no diálogo entre as diversas forças partidárias que se entenderam à esquerda, designadamente exigir mais condições como a integração de um futuro Governo pelos quatro partidos (PS, BE, PCP e PEV).

"Passámos a viver num país em que temos um primeiro-ministro demitido, em funções de gestão, que propõe um golpe - uma alteração do quadro constitucional para dissolver a Assembleia da República e repetir eleições, um golpe para desrespeitar a vontade que os portugueses expressaram a 04 de outubro, com intenção de repetir eleições até que deem o resultado que ele quer", afirmou, exemplificando ainda a insistência em violar os limites à ação de executivo em gestão com o recente caso da venda da TAP.

O deputado comunista declarou que o Presidente da República (PR) "tem de rapidamente criar condições para dar posse a um Governo que retire este de funções, plenamente".

"Agora, resta saber o que fará o PR. Neste momento, é PR de um país em que o primeiro-ministro propõe um golpe. O PR tem de decidir quanto tempo mais quer manter a instabilidade política, pela qual é responsável. Quando indigitou Passos Coelho sabia que as consequências iam ser a instabilidade que daí resulta. Até quando e até onde quer levar este clima de confronto institucional entre Governo e Assembleia da República", referiu.

Para João Oliveira, se Cavaco Silva "quiser manter e agravar o clima de confronto, violação da Constituição e da separação e equilíbrio de poderes, mantém o Governo em gestão e tem garantida toda essa instabilidade e suas consequências".

"O PR não tem de meter prego nem estopa naquilo que são as discussões dos partidos e forças políticas com representação parlamentar fazem. Não tem razão nenhuma para não dar posse a um Governo de iniciativa do PS, nas condições criadas para que apresente programa e entre em funções", afirmou, sobre uma possível imposição de Cavaco Silva para haver um maior grau de compromisso à esquerda.

O líder parlamentar comunista asseverou tratar-se de "garantias muitíssimo superiores às que existiam quando o PR resolveu, coniventemente, apadrinhar esta solução de um Governo PSD/CDS, que não tinha condições sequer para entrar em funções, como se comprovou".

Ainda segundo o parlamentar do PCP, em cima da mesa das negociações com os socialistas não esteve uma consulta prévia para futuros nomes de um eventual elenco governativo socialista ou a fórmula orgânica dos diferentes ministérios, por exemplo.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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