quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Angola. O DISCURSO DE OBAMA E A VISITA DE ANA GOMES



Reginaldo Silva – Rede Angola, opinião

No que terá sido, provavelmente, o seu último discurso africano feito na cidade onde nasceu a OUA, há mais de 50 anos, o afro-americano Barack Obama não podia ter sido menos diplomático e mais provocatório sem aspas, na forma como, olhos nos olhos, falou para os seus “brothers”, chamando como se costuma dizer, os bois pelo seu próprio nome, ao abordar a questão central da política africana que ainda é a relação dos dignitários com o poder.

No que terá sido, provavelmente, a sua última visita a Angola, pelo menos enquanto JES/MPLA estiverem no poder, a portuguesa e euro-deputada socialista, Ana Gomes, também não podia ter sido menos diplomática e mais frontal na abordagem que fez das questões relacionadas com o respeito dos direitos humanos e do exercício das liberdades fundamentais no nosso país, ao ponto de ter provocado um verdadeiro ataque de nervos no seio do regime angolano.

Até que ponto poderemos encontrar referências de contacto/convergência nestas duas visitas, tendo como pano de fundo a realidade política africana?

Até que ponto esta “informalização” do discurso das duas personalidades internacionais poderá ajudar a melhorar o debate de tais questões em África e muito particularmente em Angola?

Lamentavelmente, continuamos a ser o continente campeão de todos os défices, com algumas muito poucas excepções.

Entre estas excepções contam-se, certamente, a generosidade, a paciência, a resignação e a compreensão das suas populações, indicadores onde especialmente a África sub-sariana tem pontuações bastante elevadas, pois já vimos “primaveras” terem tido inicio noutras longitudes por causa de ligeiros aumentos no preço do pão ou dos combustíveis.

De facto, em Addis Abeba, Barack Obama não podia ter sido mais directo na crítica que fez ao apego que os dignitários africanos têm ao poder, particularmente quando chegam ao “poleiro”, não importando aqui saber se de forma legítima, se pela via do golpe militar ou palaciano, sem falar da terceira via mais juvenil que está ser “inventada” agora mesmo em Angola, enquanto se aguarda pela competente jurisprudência.

Como se sabe, o problema não está na chegada mas sim na saída, a fazer lembrar-nos um pouco e por uma certa analogia, aquela letra do Chico Buarque cantada pelo Gilberto Gil que diz que o branco inventou que o negro quando não suja na entrada vai sujar na saída.

No caso em apreço, aparentemente, os brancos já não têm nada a ver com isto, tendo em conta que o colonialismo já “bazou” há mais de meio século, mas há sempre alguém que se lembra de os trazer de volta para explicar as partes mais gagas dos nossos próceres, no âmbito da teoria do bode expiatório.

Com as excepções que se conhecem, ainda continuamos a assistir a muitos dramas seguidos de algumas tragédias, sendo a mais recente a que se está a passar no Burundi, por causa deste relacionamento obsessivo com o poder, ao ponto de um conhecido milionário africano ter promovido um chorudo e muito estranho prémio, mas bastante sintomático desta realidade.

O Prémio Mo Ibrahim que este ano vai ser entregue ao nosso vizinho, o Presidente cessante da Namíbia, Hifikepunye Pohamba, destina-se a recompensar anualmente com alguns expressivos milhões de dólares, os lideres africanos que se tenham destacado em termos de boa governação e que, sobretudo, não tenham criado dificuldades adicionais na hora de deixarem o poder, com o recurso a conhecidos truques de algibeira para se eternizarem nos cargos que ocupam.

Efectivamente, faz-me alguma/bastante espécie que em África ainda se tenha que premiar quem faz bem o que deve ser feito bem, pois é assim mesmo que está escrito na Constituição, que é de cumprimento obrigatório por todos, sem excepção.

Em meu entender devia haver um outro “prémio”, uma espécie de óscar para o pior filme, que condenasse quem se recusasse a abandonar o poder e quisesse fazer dele o seu modo permanente de vida.

Como fazer a entrega deste “prémio” é que seria o maior problema, começando pela sua própria definição em termos mais objectivos, pois não acreditamos que fosse possível fazer a entrega do mesmo ao vencedor em tempo oportuno, isto é, antes dele afastar-se ou ser afastado do poder.

Se em Addis Abeba, Barack Obama disse o que pensava em voz alta e não lhe aconteceu nada de especial tendo sido até bastante aplaudido, em Luanda não se pode dizer que o mesmo se tenha passado com a euro-deputada Ana Gomes que já é efectivamente uma personalidade internacional bastante conhecida de vários governos e da imprensa mundial, quando o assunto se chama direitos humanos.

Tanto assim é, que um dos “mimos” que lhe foi dispensado por um destacado porta-voz da situação e que mais chamou a nossa atenção, é que ela já tem o estatuto de ser “uma desestabilizadora de governos”.

Seja como for, em Luanda Ana Gomes também falou alto e em bom som para toda a gente ouvir, apesar de todos os “cortes silenciosos” que levou dos vigilantes editores dos MDMs, ao ponto de em algumas matérias ela ter ficado completamente irreconhecível, pois as pessoas pensaram que o Governo tinha conseguido “domesticá-la”, o que a confirmar-se seria uma verdadeira proeza.

Em síntese, e para tentarmos responder às duas perguntas aqui deixadas no ar, diríamos que sim, que as duas visitas ao continente convergem para a identificação de uma questão que é comum e que depois explica as diferentes manifestações conflituosas que vão marcando pela negativa a actualidade africana nos diferentes contextos nacionais.

Responderíamos igualmente pela positiva à segunda questão, pois achamos que os cuidados e a prudência da diplomacia já esgotaram em parte a sua capacidade, sendo esta a hora de se ensaiar um outro discurso mais objectivo e directo na hora de se discutirem todas as questões, não sendo por aí que o gato vai às filhós.

Presos políticos angolanos. DOIS ATIVISTAS TENTAM SUICÍDIO NA PRISÃO




O caso mais recente aconteceu segunda-feira na cadeia de Calomboloca

Dois dos 15 activistas detidos, desde Junho, sob acusação de tentativa de golpe de Estado, terão tentado suicidar-se na prisão, confirmou ao Rede Angola, o também activista e integrante do Movimento Revolucionário, Adolfo Campos.

O caso mais recente ocorreu na segunda-feira. Albano Evaristo, conhecido por Bingo-Bingo, que está detido em Calomboloca, tentou enforcar-se na sua cela. Segundo uma notícia da Voz da América, o director da cadeia, António Joaquim Fortunato, terá passado a informação ao activista Raul Mandela, que esteve naquele estabelecimento prisional.

Por sua vez, Raul Mandela disse, em declarações à VOA, que Bingo-Bingo justificou a sua decisão com o facto de que se a sua vida e a dos outros activistas detidos dependem “inteiramente do presidente da República, José Eduardo dos Santos, então não têm nenhum valor”.

Segundo Adolfo Campos, entre os motivos que estariam a levar os jovens ao suicídio está o isolamento ao qual estão a ser submetidos desde que foram detidos, além da falta de condições básicas de higiene a que são sujeitos.

“A primeira vez foi o Fernando Tomás ‘Nicola’. Foi logo nos primeiros dias de detenção. Ele pensava que estava sozinho. Conseguimos falar com ele e acalmou um pouco. Agora o Bingo-Bingo tentou suicidar-se, mas estamos a envidar esforços para o poder acalmar um pouco. Quando começámos a pressionar do lado de fora, meteram sabonetes, toalhas, novos lençóis, tentaram dar condições mínimas para parecer que estava tudo bem, só que agora retiraram tudo. Os agentes dos serviços prisionais estão a fazer muita pressão psicológica para poder amedrontá-los e eles continuam na solitária”, explicou ao RA.

Nas redes sociais, são muitos aqueles que consideram que o surgimento de informações sobre tentativas de suicídio por parte dos activistas pode ser também uma manobra das forças policiais  para fragilizar  os presos políticos e encobrir possíveis exageros de força contra os mesmos.

Questionado sobre como é que Evaristo Albano teve acesso à corda, já que está em isolamento, Adolfo Campos diz que precisa ainda “ver como foi isso. Essa história não está bem contada, mas vamos aguentar até a gente ver uma solução para isso”, diz Campos, reforçando que “as visitas [aos activistas] estão mais restritas que nunca. Somente parentes próximos podem vê-los”, o que tem aumentado a sua frustração.

Sobre a “marcha pacífica em repúdio” pela detenção dos activistas, a ser realizada no sábado e organizada pelas mães e familiares, o integrante do Movimento Revolucionário diz que dá total apoio. “Realmente já estou lá. Só de saber que é por causa dos irmãos, estarei lá. Entregamos isso às mães. Só vamos estar lá a acompanhar”, adianta.

Segundo a Procuradoria Geral da República, os detidos em prisão preventiva são Henrique Luaty Beirão, Manuel Nito Alves, Afonso Matias “Mbanza-Hamza”, José Gomes Hata, Hitler Jessy Chivonde, Inocêncio António de Brito, Sedrick Domingos de Carvalho, Bingo-Bingo, Fernando António Tomás “Nicola”, Nélson Dibango Mendes dos Santos, Arante Kivuvu Lopes, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Domingos José da Cruz e Osvaldo Caholo (tenente das Forças Armadas Angolanas).

Rede Angola

Angola. PRESOS POLÍTICOS OU POLÍTICOS PRESOS? O TROCADILHO DO MPLA




O Bloco Democrático, BD, “repudia com veemência o trocadilho inventado pelo Ministro do Interior, Comissário Ângelo da Veiga Tavares, para justificar o abuso de poder perpetrado pelo Sub-Procurador da República Junto do Serviço de Investigação Criminal, SIC, em virtude da detenção ilegal dos 16 (dezasseis) jovens há já 46 (quarenta e seis) dias”.

Eis, na íntegra, o comunicado do BD:

“O BD considera que os jovens detidos não podem ser “políticos presos”, mas sim, “presos políticos”, pois nenhum dos detidos exerce ou já exerceu qualquer cargo político.

Para o BD, quer na ditadura fascista de Salazar e Caetano, quer nas Repúblicas autoritárias de Neto e dos Santos, era e é proibido investigar, acusar e julgar os titulares de cargos políticos que gozavam e gozam de uma impunidade legal, como o que sucedeu com o “processo trilhões” que nem sequer chegou à barra de Tribunal algum. Evaporou-se!

Para o BD, o que se pretende com a detenção ilegal dos jovens não é punir factos criminais antecipada e taxativamente previstos pelo Código Penal ou numa Lei, praticados por titulares de cargos políticos, mas, sim, punir o facto dos jovens terem ideias, punir as ideias dos jovens.

O BD recorda que a presente detenção é o culminar do crescendo de repressão que, desde 2011, se vem abatendo sobre vários sectores da vida nacional, mas, sobretudo, sobre os jovens activistas que têm sido vítimas de actos de vandalismo, de excesso de poder, de prepotência, de prisão ilegal e de barbárie, violenta, desnecessária e gratuita violação dos direitos, liberdades e garantias consagradas constitucionalmente.

O BD repudia igualmente o comportamento da Polícia Nacional na manifestação agendada para o dia 29 de Julho, que em flagrante desrespeito para com a Constituição da República e convenções internacionais de que Angola faz parte, e o seu carácter apartidário, se colocou ao serviço da contra manifestação orquestrada pelo “partido da situação” com o objectivo de subverter a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas que lhe competia preservar.

O BD exorta todas as forças políticas democráticas, republicanas e nacionalistas, todas as organizações nacionais e todos os cidadãos livres a exprimirem a sua clara e inequívoca indignação por este acto de pura barbárie enquanto a detenção dos jovens activistas persistir.”

Folha 8

Angola. ALVO A ABATER? WILLIAM TONET




Os Serviços de Segurança do Estado “SINSE” continuam na peugada do Director do F8, William Tonet. Tudo por ele e o nosso jornal continuarem fiéis a uma linha editorial, que não se deixa prostituir, nem corromper. E quando assim é, e é de facto, a perseguição aumenta.

Redacção Folha 8

Uma fonte bem colocada do SINSE diz ter sido “contratado” um reputado jornalista para escrever do exterior do país, para onde foi enviado, mais uma fedorenta “encomenda” relativa à formação e universidade onde se licenciou o nosso Director. Na realidade, nada de novo poderão aportar, mesmo tratando-se de um exercício recorrente e tão vulgar, raiando a boçalidade de gente que na vã tentativa de descaracterizar o alvo a abater, apenas o estão a blindar mais com publicidade gratuita.

Quanto ao órgão que se presta a este serviço de propagação de lixeira jornalística de nada vale apelar à sua ética, pois assestar golpes baixos a colegas de profissão parece ter-se, após privatização, tornado uma imagem de marca.

Infelizmente, tal como a política actual da monarquia, muitos órgãos de imprensa e jornalistas também se estão a especializar na “ideologia de sarjeta”, onde alvejar os colegas de profissão lhes dá um prazer masoquista, face aos dólares de sangue e corrupção, que recebem.

A fonte de F8 diz ser o “untado” jornalista bastante conhecido, pela forma como de forma despudorada tem “atacado” o nosso jornal e o seu Director, nas páginas do semanário onde é assalariado e têm agora, como accionistas, influentes membros conservadores da Segurança de Estado.

Mas, de uma coisa podem os nossos detractores estar cientes; nada nos desviará, a nós a ainda mais ao nosso Director, do sono e da luta contra a monarquia e a corrupção, cônscios de que só defendendo as liberdades e a necessidade de uma verdadeira democracia, se poderá augurar um futuro e país melhor, para as gerações vindouras. Daí continuar actual o lema: F8 – mais do que um jornal, a liberdade.

Há perseguição para, economicamente, nos criarem todas as dificuldades e, ao mesmo tempo, outra capaz de nos levar às fedorentas masmorras do regime, uma vez que o regime tem nas mãos, e de forma manietada, o poder judicial. Não excluímos, obviamente, uma outra forma: o assassinato. Aliás, este útima “alternativa” nem sequer seria, será, inovadora. Temos tido vários assassinatos de pessoas que o regime acha que a melhor forma de os calar é tirar-lhes o bem sagrado que é a vida.

As ameaças subiram de tom após uma entrevista em que Willia Tonet dizia que “Angola ganharia mais caso se tivesse efectivado um golpe de Estado, liderado por Nito Alves”.

A imprensa privada que, de facto, pretende dar voz a quem não a tem, está cada vez mais reduzida na sua expressão e, dessa forma, não consegue mostrar a verdade ou uma parte da verdade da realidade angolana.

Todos sabem, mas todos fingem não saber, que há uma apetência especial do regime no sentido de controlar os órgãos de comunicação social. Não lhes basta ter os que têm: o Jornal de Angola, a TPA, a Rádio Nacional de Angola, a ANGOP. O regime sempre quis controlar os órgãos privados. Quando não conseguem… abatem-nos.

Até lá, e mesmo depois disso, continuaremos – nós ou outros no nosso lugar – de pé a lutar, já que nos recusamos a ficar de joelhos perante as injustiças que se notam todos os dias no nosso país.

Guiné Equatorial. DITADOR TEODORO OBIANG COMEMOROU 36 ANOS NO PODER




Foi no passado dia 3 de Agosto que a celebração dos 36 anos no poder do ditador Obiang, da Guiné Equatorial, ocorreu. Ditador que chegou à CPLP ao colo de uns quantos pseudo-democratas dos países que constituem a referida comunidade. Fora de prazo trazemos aqui a notícia… E o convite para conhecer um pouco mais sobre o Obiang sanguinário. A Wikipédia dá uma pequena ajuda.

Redação PG

Presidente da Guiné Equatorial celebra 36 anos no poder com país na recessão

O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, comemora hoje 36 anos no poder, quando o país atravessa uma recessão económica e na "lista negra" do tráfico humano, de acordo com o departamento de Estado norte-americano.

A Guiné Equatorial, país motor económico da Comunidade Económica e Monetária da África Central (CEMAC) devido ao 'boom' petrolífero nos anos anteriores, conhece desde o ano passado a primeira recessão, na sequência da diminuição dos lucros do petróleo
Dados de vários organismos internacionais indicam que, no corrente ano, o lucro petrolífero vai registar uma quebra de 8,5%.

Empresas como a Somaget, Arab Contratactor, Ecocsa, Buing, Sogea-Satom, entre outras, que trabalham há mais de uma década na construção de infraestruturas, despediram milhares de trabalhadores por falta de novas empreitadas.

Em novembro passado, o Governo reuniu-se com representantes de diferentes empresas para "renegociar calendários de pagamentos e execução de obras", noticiou a agência espanhola EFE.

O país, que experimentou um crescimento económico de 30% em 1996, 71,2% em 1997, 22% em 1998, 50% em 1999, 16,9% em 2000 e 65% em 2001, conheceu no ano passado uma evolução negativa, com uma quebra de 1,8%.

A Guiné Equatorial surge na "lista negra" do recente relatório sobre tráfico humano do departamento de Estado dos Estados Unidos, que examinou a situação em 188 nações e avalia o grau de cumprimento dos governos das medidas de combate desse crime, definidas numa lei norte-americana de 2000.

Na classificação, Malabo surge atrás da Venezuela e Belize e à frente de países como a Rússia, Irão, Coreia do Norte, Síria, Argélia, Burundi, República Centro-Africana, Eritreia, Gâmbia, Guiné-Bissau, Koweit, Líbia, Mauritânia, Sudão do Sul, Tailândia, Iémen, Zimbabué, Bielorrússia, Ilhas Marshal e Comores.

O 36.º aniversário celebra-se quando o secretário-geral do Partido Democrático da Guiné-Equatorial (PDGE), Jerónimo Osa Osa Ecoro, afirma que "a permanência de 36 anos do presidente fundador e chefe de Estado, Obiang Nguema Mbasogo, permitiu viver numa estabilidade social sem igual, inédita na história do país".

O "número dois" do partido que Obiang, de 73 anos, fundou em 1986, defende que "nestes 36 anos, foi instaurado um sistema democrático inicialmente monopartidário, mas atualmente pluripartidário: na Guiné Equatorial convivem pelo menos 13 partidos da oposição, alguns dos quais muito críticos do sistema político vigente e do Presidente".

As celebrações do 36.º aniversário do chamado "golpe da liberdade" decorrem na cidade de Djibloho, na província de Wele-Nzas, parte continental do rio Muni, e onde está prevista a realização de um desfile militar e popular.

A Guiné Equatorial tornou-se membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em julho de 2014.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Guiné-Bissau. ALMIRANTE INDUTA DIRIGE “OPERAÇÃO FIDALGO” PARA DERRUBAR PR?




Acompanhar os acontecimentos e o “diz-que-diz” sobre a Guiné-Bissau obriga a atenção redobrada àqueles que querem de facto entender o que é verdade e o que é ficção. Para além da contrainformação que povoa a comunicação social e as conversas das populações a quem incutem rumores existe uma realidade quotidiana que é brindada com a paz a que os guineenses têm direito. Assim como à justiça, à democracia, ao desenvolvimento, à saúde, educação, etc.

Se, por lado, percebemos que existe uma grande pressão para que o PM se demita e assim o governo caia, também por outra vertente correm estranhos rumores de movimentações para derrubar o presidente da República, José Mário Vaz (JOMAV). Com insistência se fala à boca cheia numa tal “Operação Fidalgo”, dirigida pelo recém-regressado a Bissau Zamora Induta, almirante. Um dos objetivos desta “operação” é expulsar o atual PR “para que Carlos Gomes Jr. possa regressar e assumir o seu lugar”. Isso mesmo podemos ler no Bambaram di Padida – e a informação deve ser tomada em séria consideração.

Afinal o que se passa na Guiné-Bissau? As eleições recentes que se realizaram e produziram os efeitos democráticos de eleger um Presidente da República, um Parlamento, um Governo, de nada valem?

Afinal o que se passa na Guiné-Bissau?

Redação PG

OPERAÇÃO “FIDALGO”

Está em curso uma operação de nome FIDALGO. Esta operação está a ser comandada pelo vice-Almirante José Zamora Induta. E tem como objectivo expulsar o actual Presidência da República, José Mário Vaz, para que Carlos Gomes Jr., possa voltar e assumir o seu lugar.

As actuais Chefias Militares estão a ser seguidas com a técnica de segurança dito « garfo ». O objectivo é semear confusão no seio castrense, para que o Cadogo possa entrar pela via marítima, por Varela e ser transportado directamente para assumir o poder em Bissau.

O DSP quer Carlos Gomes Jr., na Presidência da República.

Ma li, na Bissau nan-dó, I ka na sedu! "FIDALGO" di nundé? Bastardo di merda!

Cadogo contanu ké ku bu sibi di morto di:

Nino Vieira ;
Tagmé Na Waie ;
Helder Proença ;
Baciro Dabo ;
Malam Bacai Sanha ;
Samba Djalo ;
Roberto Cacheu.

Cadogo bu nterra 2 Prisidenti di Republica, bu ka na nterra 3.

Kontra Doka na alerta djintis tempus atraz kuma problema tem, gatos simolados fika é na disminti. Es I ka problema ku tem ?


Guiné-Bissau. FALTA HOMBRIDADE A DOMINGOS SIMÕES PEREIRA PARA SE DEMITIR?




Silvestre Alves, do partido guineense MDG, perguntava em 10.07.2015 o que aqui no PG salientamos como título e na Gazeta de Notícias da Guiné-Bissau também, mas com mais “corpo”. Parece que afinal também existem partidos da oposição a pretender que o governo de Simões Pereira caia, que o PM, vencedor incontestado das eleições, se demita. Assim, não é difícil de vislumbrar nuvens muito negras na estabilidade política, social e militar que se pretende a partir de Bissau e para que a comunidade internacional colaborou com o propósito de proporcionar ao país recuperar dos anos infindos de instabilidade. Depois não se admirem de os militares voltarem à série de golpes de Estado e matanças que ocorreram no passado relativamente recente. Simões Pereira, o PAIGC, venceram as eleições, sem sombra de dúvidas. Então, por que razão Simões Pereira deve demitir-se? Quem quer desestabilizar a Guiné-Bissau como no passado? Quem está a fazer o trabalho encomendado pelos grandes cartéis da droga que, como no passado recente, quase foram donos e senhores do país? Se não é por isso - o interesse em desestabilizar - por que é? (Redação PG)

MDG APONTA FACTOS NA SUA ‘RENTRÉE’ POLÍTICA: FALTA HOMBRIDADE A DOMINGOS SIMÕES PEREIRA PARA SE DEMITIR?

“O Primeiro-Ministro sabe muito bem que, em qualquer país europeu, elejá não teria condições de permanecer no Governo pelas suspeitas à roda da sua pessoa, quer relativas a negócios, quer relativas à proteção de pessoas dadas como condenadas, quer pela situação em que a sua família esteve envolvida”, afirmou segunda-feira em Bissau o líder do partido MDG.

No entender de Silvestre Alves “como homem inteligente e informado, não precisa que lhe seja lembrado a hombridade de Nelson Mandela quando a Mãe da Nação se viu envolvida em suspeitas. Nelson deixou o campo aberto à ação judicial, livrou-se de qualquer suspeita de favorecimento. 

Consta na imprensa que apresentou queixa-crime contra a associação, mas não se lembrou que, politicamente, no mínimo, deve uma explicação ao país, referiu o político para a seguir precisar que “o Primeiro-Ministro terá que se lembrar que na Europa, todo o titular de cargo público que for tido por suspeito apresenta a sua demissão. Ninguém se atreve a invocar a presunção de inocência porque, por outro lado, caso se venha a comprovar, a imagem da instituição ficaria irremediavelmente manchada.”

O estilo sensacionalista, senão demagógico de governação, tem muitos aspetos críticos que podem deixar de assinalar, disse Alves que, antecipadamente, pediu desculpas “se o calor da intervenção, de alguma maneira se sobrepuser ao caráter pedagógico que se pretende...” com a conferência de imprensa.

São do domínio público vários casos de despesas consideráveis das quais não se conhecem a origem dos fundos. Qual a proveniência dos fundos? Como de Carnaval, de apoios pontuais como à escola de artes, os seis mil sacos de açúcar, despesas da festa de aniversário, beneficiação da praça dos Heróis Nacionais. Por tudo isso, o PAIGC e o Governo terão que aceitar dialogar, discutir modelos e estratégias de desenvolvimento e negociar compromissos e soluções que salvaguardem os direitos das novas gerações e os interesses do país, sob pena de voltar a provocar uma crise institucional. 

O Governo tem sido autista e tem dado mostras de preferir o panfletário e o fogo-de-artifício, disse o líder do Movimento Democrático Guineense (MDG) exigiu a justificação das contas administrativas de um ano de exercício. 

Silvestre Alves considera que o Executivo parte do princípio que “a Guiné-Bissau funciona” e que só falta imprimir uma certa dinâmica. “Como diz Joseph ki-Zerbo, não existe nenhuma “olimpíadas do desenvolvimento”. Por conseguinte, cada um terá que encontrar a sua própria medida e critério de desenvolvimento.” 

Para o líder do MDG “continuar nessa forma de encarar o desenvolvimento é admitir que se pode construir a partir do telhado. Opções são opções. Mas de certeza que não passará de uma falácia cuja factura será bem pesada para as gerações vindouras.” 

“Na verdade, se a Guiné fosse uma casa, depois de tantos anos em estaleiro, o melhor seria deitar tudo a baixo e reiniciar. É aqui que o Governo parece não ter consciência da gravidade da situação, da necessidade de estruturar, reorganizar e reformar as suas instituições, de educar, formar, projetar e implementar uma ideia realista desenvolvimento, com a participação de todas as franjas da nossa sociedade”, criticou. 

De acordo com o líder do MDG, todos os outros casos que deram lugar a clivagens conhecidas ou não, destacam-se a dos ministérios dos Negócios Estrangeiros, ministérios dos Recursos Naturais e do Secretário do Estado das Comunidades. Pessoalmente, o Primeiro-Ministro deixa-nos alguns casos pessoais. O Governo tem de ser digno porque nos representa, a todos. Não é espaço para aprendizes, nem para gente de comportamento duvidoso. 

A presunção de inocência que é um corolário dos direitos fundamentais de liberdade e da honra e bom nome não pode contender com o direito da comunidade política de se proteger e de assegurar uma representação idónea e isenta, defende Alves.

Silvestre Alves disse que o MDG planeou a sua rentrée para finais do mês de Agosto, data em que prevê realizar o seu Conselho Nacional para então render visita de cortesia aos órgãos de soberania e retomar o seu protagonismo. No entanto a evolução política obrigou a esta intervenção.  

Segundo o líder do MDG, estão cientes de que a Guiné-Bissau precisa de todos, por isso o exercício de uma oposição consciente que implica colaborar com quem está no poder. Neste caso, defendeu que o MDG está consciente de ajudar o partido no poder, PAIGC, a assumir as suas responsabilidades perante os desígnios da nação, contra a corrupção, como caminho mais rápido para aliviar o sofrimento do povo. 

Para Silvestre Alves, “a melhor forma de ajudar com lealdade é falar com clareza.” Para dissipar dúvidas esclareceu: “Falando com clareza, corre-se o risco de parecer intenção de afrontar. Desde já, que fique claro que não é intenção do MDG afrontar ninguém.”


GOVERNO DA GUINÉ-BISSAU VAI CAIR POR DECISÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA?




Já há semanas que a Guiné-Bissau aparenta sobreviver na corda-bamba a nível político e consequente instabilidade governativa. Ao que consta a instabilidade provém do desagrado que o Presidente da República guineense demonstra para com o governo do PM Domingos Simões Pereira. Se o governo guineense cair o PR será sempre, para todos os efeitos, o primeiro a ser apontado como o desestabilizador da situação político-governativa do país.

Há poucos minutos chegou o testemunho de que a situação na Guiné-Bissau pode estar à beira da rotura nas relações PR – governo e que é muito provável que o governo seja demitido por iniciativa presidencial. 

A esse propósito podemos ler de António Aly Silva, jornalista guineense, no seu modo muito peculiar, manifestar o seu desagrado pela situação, a frustração e desilusão que arrasta não só Aly mas quase todos os guineenses para não acreditarem no país, nos políticos que fazem da Guiné-Bissau a Aldeia da Barafunda e vitimam os guineenses. Leia-se Aly Silva no Ditadura do Consenso. (Redação PG)

EU, FUTURO APÁTRIDA, CONFESSO

Fala-se numa hipotética queda do Governo liderado pelo Eng. Domingos Simões Pereira. Eu, nem quero pensar nisso. A queda de um Governo é uma decisão dramática, com consequências que ninguém pode prever mas que podemos adivinhar.

Se o Presidente da República tomar essa decisão, deixo já está promessa, que será irrevogável: Se o Governo guineense cair, abandonarei o meu País, e, uma vez fora, procederei desta maneira: devolvo o meu passaporte, renunciando à nacionalidade, e tornar-me-ei apátrida. Estou fartérrimo!!! AAS

Publicada por António Aly Silva, em Ditadura do Consenso

Brasil. “ATÉ O FINAL DO ANO TENTARÃO PRENDER LULA”




Prisões sem provas, pressões físicas e psicológicas. A Lava-Jato transita num fio da navalha e é impressionante ouvir quem acompanha os fatos de perto.

Rodrigo Vianna – Escrevinhador - Carta Maior

A frase que dá título a esse texto não foi dita por um militante petista desvairado. Nem por um jornalista (como esse que escreve) afeito a teorias da conspiração.

Saiu da boca de um advogado paulistano, bem-sucedido, com sólida formação acadêmica (é também professor de Direito), sócio de um escritório na região da avenida Paulista.

Detalhe: ele votou em Aécio no ano passado, mas não disse a frase em tom de “comemoração”, mas de alerta.

A conversa aconteceu num encontro social privado, há alguns dias, antes portanto da prisão de José Dirceu. O advogado, a quem conheço há mais de 30 anos, tem na sua carteira de clientes alguns empreiteiros. Um deles está em prisão domiciliar, por causa da Lava-Jato, e algumas semanas atrás foi obrigado a depor algemado em Curitiba – como forma de pressão.

“Um homem de quase 60 anos, franzino, que não oferece nenhum risco físico às autoridades, foi obrigado a depor algemado durante várias horas, sob alegação de ameaça à segurança do delegado“, contou.

Prisões sem provas, pressões físicas e psicológicas. A Lava-Jato transita num fio da navalha muito perigoso. Já sabemos disso. Mas é impressionante ouvir quem acompanha o desenrolar dos fatos ali, bem ao lado dos investigados e dos algozes da PF e do Judiciário.

Experiente operador do Direito, minha fonte está impressionada com o grau de truculência de delegados, procuradores e do juiz Sérgio Moro. Perguntei a ele (com veia sempre “conspiratória”) quem seria a cabeça pensante a traçar o roteiro da Lava-Jato: “Moro me parece frágil, mal preparado, tropeçando nas palavras nas inquirições…”, eu disse.

E o advogado: “não se engane, ele pode não ser brilhante ao falar, mas o cérebro é ele. Moro se acha imbuído de uma santa missão, e vai seguir em frente, nem que pra isso tenha que destruir metade da República. Ele é uma personalidade perigosa para a democracia”.

Todos advogados que trabalham na Lava-Jato estão assustados. Mas quase todos (e agora a avaliação é minha) temem enfrentar abertamente Sergio Moro. O juiz de primeira instância – com suas soturnas camisas pretas (ôpa, Itália dos anos 20 e 30!) acompanhadas de gravatas também escuras – virou uma espécie de intocável. Montou uma operação que – mais do que respeitada – é temida por todos que atuam no Judiciário.

“É uma espécie de estado islâmico judicial, onde tudo é permitido; afinal há um objetivo final que é sagrado: combater a corrupção”.

Algumas delações premiadas já chegam prontas, feito matéria da “Veja”: primeiro o editor escreve, depois o repórter acha alguma coisa que corrobore a tese. “Eles trazem a delação e dizem ao preso: você assume isso aqui? Sabemos que você sabe, fica mais fácil pra você”.

Mas o que explicaria essa voracidade, voltada não contra todos os corruptos, mas contra o governo (PMDB e PT são os alvos, com o PSDB poupado)? Não haveria uma operação tucana, uma conexão com a mídia?

“Pode haver alianças, mas são circunstanciais. Moro é bem tratado pela Globo, e faz o jogo. Mas não pense que a Globo ou o PSDB controlam cada passo dele e de todos envolvidos na operação”, foram as palavras do advogado, entre um gole e outro de vinho.

Minha fonte, que votou em Aécio sob o argumento pragmático de que “o Brasil e a Dilma não vão aguentar o que vem por aí na Lava-Jato; se o Aécio ganhar, isso tudo estará pacificado” (foi essa, mais ou menos, a frase dele em outubro de 2014, quando nos reunimos num jantar a poucos dias do segundo turno), está convicto de que a guerra santa promovida por Moro tem um alvo: o ex-presidente Lula.

“O Lula ainda não é a bola da vez, mas é a cabeça que os meninos de Curitiba querem sangrando numa bandeja”, disse o advogado. Segundo ele, muitos réus foram indagados nas últimas semanas sobre o que sabiam do “peixe grande”.

A conversa que narro nesse post aconteceu durante um encontro com 6 ou 8 pessoas, em São Paulo. Um dos presentes, que não é advogado, indagou: “então, caminhamos para uma grave crise institucional?

“Não”, respondeu o advogado. “Não caminhamos. Já estamos em plena crise”.

E a prisão de Lula então é inevitável, dada a inação do PT e do governo?

“Avaliação política eu deixo por sua conta” [o advogado disfarça, mas é também um arguto observador político]. “O o que posso dizer é na seara jurídica:  posso apostar com você que até o fim do ano vão tentar prendê-lo; vai depender da postura do STJ e do STF nos HCs pendentes”.

Ou seja: Moro precisa ter certeza que não vai passar vergonha, mandando prender Lula, mas tendo sua decisão revogada em 24 horas, num tribunal superior.

“Quais seriam os próximos passos, antes do Lula?”

“Aí não é informação, mas especulação minha e de vários advogados que atuam na Lava-Jato. Não é segredo. Vão tentar prender o Dirceu ou o Palocci, primeiro, nas próximas semanas. Depois vem o Lula.”

Reparem, leitores. A conversa com esse advogado ocorreu na segunda quinzena de julho.

O penúltimo passo foi dado. Dirceu está preso.

Não há mais teoria conspiratória, pois.

Lembremos que Vargas, em 1954, estava na iminência de ser preso pela República do Galeão, e por isso tomou a medida extrema em 24 de agosto.

Espero que não caminhemos para o mesmo desfecho. Politicamente, Vargas salvou o trabalhismo com um tiro no peito. Foi o suicídio que salvou seu campo politico.

Dilma, até aqui, com sua inação, de certa forma faz o caminho inverso. Preserva-se pessoalmente, mas leva todo o campo político do lulismo e do trabalhismo para um suicídio político.

E Lula? A reação não pode mais levar semanas, ou meses.  Acordos “pelo alto” (com a banca e a elite emprersarial) não vão adiantar. Vargas era estancieiro, e foi pro cadafalso. Por que poupariam o metalúrgico nordestino?

Moro não vai parar. Ele é o estado islâmico judicial.

O advogado, minha fonte, fala que tentarão a prisão de Lula  “até o fim do ano”. Minha impressão é de que o relógio se acelerou.

Em 2015, o agosto terrível da política pode cair em agosto mesmo. Mas também pode cair em setembro ou outubro. Até lá, teremos um desfecho.

Créditos da foto: Wikimedia Commons

Brasil – Santos – SP. Denúncia de racismo na direção da UNIFESP leva estudantes à PF




Santos/SP – A Delegacia de Santos da Polícia Federal já começou a intimar estudantes da Universidade Federal do Estado de S. Paulo (UNIFESP) para prestar esclarecimentos no Inquérito aberto para apurar “depredação do patrimônio público, desacato a autoridade, injúria e difamação” por causa de pichações que apareceram nas paredes do campus em que a direção é acusada de racismo.

O Inquérito é o resultado da posição da diretora Regina Célia Spadari em represália à pichação da frase “direção racista”, encontrada nas paredes da Universidade. A pichação ocorreu em novembro passado, logo após a diretora expulsar duas estudantes negras de uma sala onde ocorria a II Semana da Consciência Negra, realizada no campus Silva Jardim.

Além de entregar o caso a PF, acusando depredação do patrimônio público, a diretora abriu processo administrativo, que está em andamento.

Os primeiros depoimentos a PF estão marcados para o dia 25 deste mês às 10h e 10h30, quando serão ouvidos, respectivamente, os estudantes Damiso Ajamu da Silva Silva Faustino e Maria Clara Pereira Soares. Outros alunos deverão ser ouvidos “a fim de prestar esclarecimentos no interesse da Justiça”.

Segundo ativistas e professores da UNIFESP, que acompanham o caso e que falaram para a Afropress sob a condição de anonimato, “ao colocar a Polícia Federal para investigar estudantes por conta de um problema menor [pichação de paredes], a direção demonstra incapacidade para o diálogo, incompreensão sobre o papel da Universidade que dirige e faz lembrar os piores tempos da ditadura militar”.

Lembrando o caso

De acordo com o relato dos estudantes, Spadari, que estava acompanhada de seguranças, primeiro exigiu a exibição, “de forma abrupta e ofensiva”, dos crachás de identificação apenas de duas alunas negras – Tatiane de Souza Santos e Juliana Florentino Carvalho - ignorando outras pessoas presentes. Depois as expulsou da sala.

Nesta segunda-feira (03/08), às 19h30, na sala 210 da UNIFESP (Rua Silva Jardim, 136), os estudantes se reúnem para discutir como se defenderão no Inquérito da PF.

Eles negam ter pichado a frase “direção racista”, porém, dizem que a diretora, desde o início, se negou ao diálogo sobre o real papel da universidade e assumiu uma postura autoritária e de criminalização do alunos, fazendo acusações vagas.

Boletim de Ocorrência

Na época, as duas estudantes expulsas também também registraram Boletim de Ocorrência no 4º DP de Santos pela prática do crime de injúria racial previsto no parágrafo 3º do art. 140 do Código Penal. O Inquérito, porém, está parado e ninguém foi ouvido.

Segundo os estudantes, a atitude da diretora reproduz estereótipos racistas que veem o negro como suspeito-padrão e, ao instaurar o processo administrativo e levar o caso a Polícia Federal, Spadari  tenta desviar a atenção da sua própria atitude agressiva e pautada por estereótipos racistas. "A pichação foi consequência e não causa, como pretende fazer crer a diretora", afirmam.

A AMÉRICA LATINA DIANTE DO ENIGMA CHINÊS




Poder global crescente de Pequim pode livrar região da dependência secular diante de Washington. Mas falta projeto próprio, que não signifique mera troca de patrões

Alfredo Serrano Mancilla, na Alai – Outras Palavras - Tradução Inês Castilho

Muito se escreveu no século XXI sobre o papel da República Popular da China no mundo. Contudo, as agências norte-americanas de classificação de risco não a enxergam, ao fazer avaliações para muitos países na América Latina. Na mesma linha estão organismos internacionais, com a liderança do Fundo Monetário Internacional, que encobrem as relações do gigante asiático com a região em assuntos comerciais, financeiros, tecnológicos, energéticos e de investimentos. Tanto uns como outros vêm proclamando que Argentina e Venezuela, por exemplo, padecem de um preocupante estrangulamento financeiro externo; ou que estão em plena insolvência, sem recursos para o pagamento de credores internacionais. Essa teoria se afirmaria se deixássemos fora do mapa mundi tudo o que a China representa, tanto no terreno geopolítico como geoeconomicamente. Pois não existe passe de mágica que possa fazer desaparecer os 1,3 bilhão de chineses que habitam o país mais povoado do planeta. Tampouco é possível passar por cima do fato de que hoje a China representa 16,5% da economia mundial (frente a 16,3% dos EUA); ou que o Banco do Povo da China possui quase quatro bilhões de dólares em reservas internacionais, e que o yuan se conterveu consequentemente na sétima divisa mais usada para pagamentos internacionais.

O yuan como contrapeso ao dólar

Apesar de tudo isso, a China só tem 3,81% dos votos na direção do FMI, muito longe do que ela realmente representa no contexto econômico mundial. O FMI não tem regras democráticas, nem que respondam à potência econômica, porque não permite que Pequim possa ampliar sua participação para alcançar ao menos o mesmo poder de veto que têm hoje os Estados Unidos (que participam com 16,74%). Em resposta, a China acaba de abrir uma nova instituição financeira, o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (BAII), ao qual já aderiram uns 57 países (além dos BRICS, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Holanda, Austrália, Espanha, Coreia do Sul, Israel). O Consenso de Pequim, como certos autores o chamam, é uma realidade a favor de uma nova diplomacia financeira.

A China continua aumentando seus investimentos diretos no exterior: em média, 200 bilhões de dólares anuais; embora menos que os Estados Unidos, que investem 367 bilhões anualmente, mas cada vez mais em seus calcanhares. Pequim situou-se no centro de uma gravitação econômica mundial alternativa, o que obriga os Estados Unidos a abandonarem, pouco a pouco, sua hegemonia unipolar. Este novo polo foi capaz, além disso, de estabelecer fortes laços com o resto dos blocos geoeconômicos, com relações muito fortes entre si, não unicamente comerciais, mas que abarcam outras dimensões, também políticas.

China, a nova aliada

Embora sob o protesto dos poderes econômicos tradicionais, a China é um parceiro estratégico real e muito pró-ativo para a América Latina, na nova era global. Desde o início do século XXI, ela conseguiu multiplicar por vinte o volume de seu comércio bilateral com os países que formam a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos). Na cúpula do bloco, no início de 2015, comprometeu-se a investir na América Latina nos próximos dez anos um total de 250 bilhões de dólares — uma média de 25 bilhões anuais, muito acima dos 10 bilhões que mantinha em média nos anos anteriores a 2010.

Esses números não se referem a comércio intra-regional nem a financiamento tradicional, mas a investimentos em setores chaves (infraestrutura, indústria, tecnologia, energia, comunicação). Neste âmbito, o potencial é muito grande, porque atualmente só 4,1% dos investimentos diretos das empresas chinesas no exterior dirigem-se à América Latina. O valor comprometido para a próxima década é um salto quantitativo e qualitativo. Some-se a isso que o próprio presidente chinês, Xi Jinping, incentivou um esforço para duplicar o volume de comércio bilateral para até 500 bilhões de dólares, ao longo dos próximos dez anos.

São números nada desprezíveis, num momento de transição geoeconômica em que se disputa o sentido da nova ordem econômica mundial. A América Latina mantém com o gigante da Ásia uma relação privilegiada, que não deve converter-se em efeito bumerangue. No atual processo de mudança de época, a China é um aliado capaz de facilitar a nova reinserção econômica soberana e estratégica no sistema econômico — sempre e quando isso não signifique ser um aliado-possessivo. Quer dizer, a América Latina precisa da China como parceiro, não como patrão.

Eis aqui a grande pergunta do milhão. Nestes anos, a China pode ser uma alternativa real para que a América Latina sustente o ritmo de crescimento necessário para colocar em prática políticas públicas a favor das maiorias. Muitos críticos de uma suposta neodependência em relação a Pequim ignoram que não há opção efetiva de curto prazo, para manter crescimento redistributivo, se em aliança com quem lidera a nova era econômica. É ingênuo acreditar que, partindo de onde estava, com economias golpeadas e endividamento social e financeiro, seria pensar em transformações estruturais sem superar as tensões próprias de uma conjuntura adversa.

Cada vez é mais comum, entre o pensamento não-convencional, pensar em longo prazo, evitando limitar-se ao curto prazo para resolver aquilo que afeta negativamente a maioria dos cidadãos. O assunto China precisa ser analisado e problematizado a partir dessa perspectiva econômica, social e política complexa e real, desde essa dialética entre o que é tático e o que é estratégico, entre as respostas de natureza circunstancial e as mudanças estruturais. É irresponsável criticar os novos laços entre a América Latina à China sem avaliar quais os verdadeiros desafios estratégicos do novo cenário econômico, naquilo que constitui a vida cotidiana das maiorias.

O Consenso Bolivariano da América Latina

Mas isso não pode e não deve significar que o futuro, que está em disputa e vai ser decidido nos próximos anos, continue no mesmo caminho do passado recente. Surgirão múltiplos desafios econômicos para estabelecer uma relação virtuosa. A América Latina precisa sair de vez do Consenso de Washington, sem cair nas redes de um possível Consenso de Pequim. Ainda que a nova diplomacia financeira chinesa seja menos invasiva do que foi a diplomacia financeira made em USA, o objetivo para a América Latina é constituir-se sob seu próprio consenso, no qual instituições como a Celac ou Unasul tenham firmeza e capacidade real para reinserir-se no mundo de forma emancipada.

A inserção do BRICS no mundo precisa passar, necessariamente, pela inserção latino-americana no mundo. Um Banco do Sul precisa ser a instância adequada para que a América Latina dialogue com o Banco de Desenvolvimento dos Brics ou com o BAII. Por exemplo, uma agência de qualificação de risco, como instituição pública e latino-americana, deveria ser a encarregada de avaliar a dívida pública em cada país da região, a partir de convênios com as novas agências econômicas chinesa ou russa — mas sem submeter-se a elas, como a região tem feito até agora com Fitch, Moodys ou Standard & Poors.

O sistema de arbitragem que se está sendo criado na Unasul deve ser a forma adequada para que a região se relacione com os investimento estrangeiros diretos que venham da China. Deve também ser discutida a distribuição do valor agregado gerado a partir das novas relações de integração produtiva entre China e América Latina. As condições de transferência de tecnologia e propriedade intelectual são outros elementos cruciais para repensar que tipo de relações com a China são as mais úteis para que a América Latina continue caminhando numa trilha de mudança a favor das maiorias sociais.

Diz um provérbio chinês, justamente, que “o fogo é fundamental para cozinhar, mas pode também acabar queimando a cozinha”. Neste caso, a América Latina necessita da China (e vice-versa, ainda que não na mesma proporção); mas a virtude reside em que essa necessidade não venha a se constituir numa limitação infinita para obter a segunda e definitiva independência da região. Na atual disputa geoeconômica mundial, não existem ilhas Robinson Crusoe nas quais se possa esconder ou asilar; o ponto de bifurcação está colocado entre a subordinação aos EUA e a inserção nos BRICS. A primeira via já tem o seu próprio currículo; a segunda ainda tem perguntas a ser feitas. Sua condição necessária não elimina os riscos que pode causar quanto a uma possível desaceleração ou impedimento de inserção regional soberana no mundo. Trata-se de avaliar as consequências desta nova paisagem geopolítica em favor da América Latina.

A chave será construir uma relação capaz de aproveitar o vento a favor, evitando que ele acabe fagocitando o processo de mudança regional que vinha se produzindo. Abre-se um cenário geopolítico novo e melhor, que exige, por sua vez, rediscutir e atualizar taticamente uma nova política econômica interna e externa, para não perder jamais o horizonte estratégico traçado a partir do Sul. Isso evitará os riscos de cair nas redes sedutoras de qualquer Outro Norte, se este vier a se produzir.

Mais do que nunca, é o momento para a América Latina latinoamericanizar integralmente a necessária relação com a China — mas de igual para igual, sem sentimento de inferioridade, com soberania e sem neodependência. Embora necessária, que seja apenas como condição temporária para alcançar a irreversibilidade deste processo de mudança, em sintonia com a continuidade do avanço em tudo o que falta conquistar.

ALEMANHA: O CORAÇÃO DO CAPITALISMO EUROPEU




Extraímos do Diário Liberdade o último - à data - de uma série de artigos sobre “o coração do capitalismo europeu”, a Alemanha. Deixamos ao despertar do seu interesse (ou não) ler toda a série de artigos usando as ligações ao seu dispor intercaladas com o presente texto. Boa leitura. (redação PG)

Na foto: "O capitalismo é um crime" - protesto anticapitalista em Frankfurt, 2012. Foto: Kami Silence Action (CC BY-NC 2.0)

Alemanha: o coração do capitalismo europeu (Parte XII)

Alemanha - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A imprensa alemã noticiou com intensidade que o ministro das Finanças, Wolfgang Schaeuble, quer retirar uma das funções mais importantes da Comissão Europeia, a de garantir o cumprimento das regras na União Europeia.

Grexit: bancarrota da Grécia ou da Alemanha?

A ala direita do imperialismo alemão avalia que a política aplicada pela Comissão nas negociações com o governo grego do Syriza foi muito fraca.

Há duas políticas colocadas que representam as duas alas do imperialismo europeu, encabeçado pela Alemanha. A “linha dura”, que representa abertamente os interesses dos bancos, da especulação financeira, busca aumentar o controle dos órgãos executivos e do BCE (Banco Central Europeu), que já é controlado pelo Bundesbank, o banco central alemão. Essa ala é liderada por Schaeuble. A outra ala é liderada por Angela Merkel e, agora, como “segundo violino”, conta com o presidente francês, François Hollande. Esta se encontra ligada, fundamentalmente, aos setores industriais que, obviamente, também têm fortes ligações e dependências com a especulação financeira.

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As duas políticas do imperialismo europeu não se dividem mais entre “desenvolvimentistas” e especuladores, mas, em vários graus, todos eles têm como objetivo garantir os lucros dos bancos. Os investimentos em infraestrutura, ou produtivos, fazem parte do passado.

A partir do colapso capitalista de 2008, aumentaram as tendências contrárias à União Europeia, principalmente na periferia. O presidente da Comissão Europeia passou a ser eleito pelo Parlamento Europeu, ao invés de ser indicado.

A crise bate às portas da Alemanha

Em 2014, França e Itália, a segunda e a terceira maiores potências da Zona do Euro respectivamente, tiveram as metas fiscais relaxadas pela Comissão Europeia que, neste ano, se posicionou a favor da renegociação da dívida grega. Vale lembrar que o presidente atual é Jean Claude Juncker, o ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, o paraíso fiscal onde se encontra localizada a ultra corrupta empresa, controlada pelo imperialismo europeu, a partir da qual são estruturados os repasses especulativos de recursos públicos para os bancos, a partir dos chamados “resgates” da Grécia e dos demais países.

A ala direita do imperialismo alemão, representada por Wolfang Schäuble, busca manter e aumentar a “disciplina” fiscal, manter os mecanismos especulativos em pé por meio do aumento do parasitismo financeiro.

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Os países mais endividados buscam aliviar a pressão. Os chamados países PIIGS, ou “porcos” no trocadilho em inglês, se encontram sufocados pelo parasitismo financeiro e todos eles à beira da bancarrota. São eles Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha. A estes se soma a França, onde a crise capitalista tem disparado.

O governo de François Hollande, do PSF (Partido Socialista Francês) foi eleito, em 2013, em cima das promessas de campanha de impulsionar o crescimento da estancada economia francesa e reduzir os ataques contra as massas por meio dos chamados planos de austeridade. Meses depois, o PSF obteve a maioria da Assembleia Nacional. François Hollande até tentou convencer os alemães sobre a necessidade de criar um fundo para promover investimentos em infraestrutura. O fundo era altamente especulativo, 40 bilhões de euros se tornariam 400 bilhões na especulação financeira. Mas os alemães se opuseram e o próprio Hollande passou a encabeçar a política dos “planos de austeridade” junto com Angela Merkel.

Recentemente, a França propôs a criação de um parlamento para a Zona do Euro, que passaria a controlar o orçamento da região. Essa política tem como objetivo relaxar a pressão sobre os países mais endividados. A Alemanha a rejeitou e, em contrapartida, tenta impor a criação do ministro das Finanças da Zona do Euro, com poderes de intervenção nas finanças locais.

A relativa estabilidade da União Europeia depende, em grande medida, da estabilidade da locomotiva alemã. A Alemanha depende das exportações para a região e da importação de peças e insumos baratos dos demais países. Mas o aprofundamento da crise reduziu o consumo e levou a indústria alemã à recessão. Por esse motivo, o parasitismo financeiro tem disparado e os alemães são obrigados a mantê-lo em pé. A crise na periferia aumenta o contágio, de maneira crescente sobre a Alemanha que, por sua vez, ameaça implodir os demais países.

Alemanha: a crise do coração do capitalismo europeu

Os superávits da Alemanha com a Europa estão na base da sobrevivência do imperialismo alemão, que representa o coração do imperialismo europeu.

A crise capitalista tem se aprofundado na Alemanha de maneira crescente porque a estrutura atual da União Europeia e da Zona do Euro tem se tornado fundamental para os lucros dos monopólios.

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A bancarrota de um país menor, como a Grécia, pode deixar para atrás dezenas de bilhões em perdas. Mas a bancarrota do Estado espanhol ou da Itália, a quarta e a terceira potências do euro, respectivamente, tem o potencial de provocar um colapso mundial de grandes proporções.

Perante o futuro sombrio, esses mesmos monopólios continuam injetando dinheiro nos partidos políticos de extrema-direita, que têm experimentado grande crescimento no último período.

O aumento do saque do imperialismo sobre os países da periferia é o fator que se encontra na base da estabilidade do coração do capitalismo europeu. Mas o contágio da crise avança sobre o centro, conforme se aprofunda na periferia. E vice versa.

Após o segundo semestre de 2012, quando os mecanismos de contenção do colapso capitalista de 2008 ruíram, a crise tem avançado de maneira impiedosa. Todos os planos de contenção fracassaram.

Na segunda metade de 2013, o BCE (Banco Central Europeu) passou a controlar diretamente, passando por cima dos bancos centrais nacionais, 80% dos bancos privados da União Europeia. E somente não passou a controlar todos por causa do enorme volume de títulos podres detidos pelos bancos locais alemães.

O parasitismo financeiro tem crescido a tal ponto que são os bancos e as divisões financeiras dos monopólios os responsáveis pelo grosso dos lucros. Apesar dos bancos receberem empréstimos ilimitados a taxas de juros de 0%, ou ainda menores, a crise não tem sido contida. A última medida do BCE já fracassou, de maneira absoluta, nos Estados Unidos. A compra de títulos podres, pelo valor de face, teve que ser suspendida, apesar de ter chegado a injetar, desta maneira, US$ 90 bilhões mensais.

A indústria alemã em recessão

A indústria alemã representa uma das duas principais potências industriais do planeta, junto com o Japão. A União Europeia foi transformada num instrumento de controle, pelos países centrais, dos países periféricos. A maioria deles viu a indústria local quebrar e as próprias economias se transformarem em apêndices dos monopólios. Este foi o caso de todos os países do chamado PIIGS (alusão à palavra pig, em inglês, que significa porco), Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha. Os países mais fracos da Europa Oriental que adotaram o euro viram as economias serem transformadas em repúblicas das bananas, como pode ser visto na Romênia e na Bulgária. Na Romênia ainda há algumas indústrias menores atreladas ao imperialismo europeu e agora começaram a desembarcar call centers, seguindo o modelo da Polônia. A Bulgária é um país fundamentalmente agrícola.

As economias dos países Bálticos são insignificantes. O papel destes países está mais relacionado com a pressão que a Europa exerce sobre a Rússia, apesar da Alemanha ter começado a vender armas para eles.

A República Tcheca e a Eslováquia foram praticamente transformadas em províncias alemãs. Para a Polônia migraram, em grande quantidade, empresas industriais e, ultimamente, calls centers, por causa dos salários, que representam a terceira parte dos salários alemães e a grande facilidade da proximidade, a infraestrutura e a alta qualificação da mão de obra.

A tendência para o próximo período é a dos monopólios apertarem o cerco contra a periferia, ainda mais, na tentativa de salvar os lucros.

De acordo com dados da Comissão Europeia, a balança das contas correntes alemãs deverá bater um novo recorde neste ano. De 7,6% do PIB, passará para os 7,9% neste ano. De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), deverá passar dos 8%, enquanto, no Estado espanhol, será de 1,2% e, na França, de -0.9%.

Obviamente, esses ganhos dos alemães só podem ter como contrapartida as perdas dos demais membros da União Europeia e, com maior intensidade, na periferia. Por esse motivo, a desaceleração industrial tem acelerado nestes países.

As taxas de inflação baixas têm como base na redução do consumo. Enquanto o BCE inunda o mercado com dinheiro podre, as massas têm visto o poder de compra ruir e as condições de emprego piorarem. Grande parte do crédito alemão tem sido direcionado a salvar os lucros dos monopólios no exterior, como tem ficado muito evidente no caso da Grécia, reduzindo assim o consumo doméstico e provocando o aumento do desemprego em toda a região.

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