quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Presos políticos angolanos. DOIS ATIVISTAS TENTAM SUICÍDIO NA PRISÃO




O caso mais recente aconteceu segunda-feira na cadeia de Calomboloca

Dois dos 15 activistas detidos, desde Junho, sob acusação de tentativa de golpe de Estado, terão tentado suicidar-se na prisão, confirmou ao Rede Angola, o também activista e integrante do Movimento Revolucionário, Adolfo Campos.

O caso mais recente ocorreu na segunda-feira. Albano Evaristo, conhecido por Bingo-Bingo, que está detido em Calomboloca, tentou enforcar-se na sua cela. Segundo uma notícia da Voz da América, o director da cadeia, António Joaquim Fortunato, terá passado a informação ao activista Raul Mandela, que esteve naquele estabelecimento prisional.

Por sua vez, Raul Mandela disse, em declarações à VOA, que Bingo-Bingo justificou a sua decisão com o facto de que se a sua vida e a dos outros activistas detidos dependem “inteiramente do presidente da República, José Eduardo dos Santos, então não têm nenhum valor”.

Segundo Adolfo Campos, entre os motivos que estariam a levar os jovens ao suicídio está o isolamento ao qual estão a ser submetidos desde que foram detidos, além da falta de condições básicas de higiene a que são sujeitos.

“A primeira vez foi o Fernando Tomás ‘Nicola’. Foi logo nos primeiros dias de detenção. Ele pensava que estava sozinho. Conseguimos falar com ele e acalmou um pouco. Agora o Bingo-Bingo tentou suicidar-se, mas estamos a envidar esforços para o poder acalmar um pouco. Quando começámos a pressionar do lado de fora, meteram sabonetes, toalhas, novos lençóis, tentaram dar condições mínimas para parecer que estava tudo bem, só que agora retiraram tudo. Os agentes dos serviços prisionais estão a fazer muita pressão psicológica para poder amedrontá-los e eles continuam na solitária”, explicou ao RA.

Nas redes sociais, são muitos aqueles que consideram que o surgimento de informações sobre tentativas de suicídio por parte dos activistas pode ser também uma manobra das forças policiais  para fragilizar  os presos políticos e encobrir possíveis exageros de força contra os mesmos.

Questionado sobre como é que Evaristo Albano teve acesso à corda, já que está em isolamento, Adolfo Campos diz que precisa ainda “ver como foi isso. Essa história não está bem contada, mas vamos aguentar até a gente ver uma solução para isso”, diz Campos, reforçando que “as visitas [aos activistas] estão mais restritas que nunca. Somente parentes próximos podem vê-los”, o que tem aumentado a sua frustração.

Sobre a “marcha pacífica em repúdio” pela detenção dos activistas, a ser realizada no sábado e organizada pelas mães e familiares, o integrante do Movimento Revolucionário diz que dá total apoio. “Realmente já estou lá. Só de saber que é por causa dos irmãos, estarei lá. Entregamos isso às mães. Só vamos estar lá a acompanhar”, adianta.

Segundo a Procuradoria Geral da República, os detidos em prisão preventiva são Henrique Luaty Beirão, Manuel Nito Alves, Afonso Matias “Mbanza-Hamza”, José Gomes Hata, Hitler Jessy Chivonde, Inocêncio António de Brito, Sedrick Domingos de Carvalho, Bingo-Bingo, Fernando António Tomás “Nicola”, Nélson Dibango Mendes dos Santos, Arante Kivuvu Lopes, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Domingos José da Cruz e Osvaldo Caholo (tenente das Forças Armadas Angolanas).

Rede Angola

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