quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O PACTO COLONIAL



Rui Peralta, Luanda
  
Existe um cabo solto da colonização que afecta 14 nações africanas, uma pilhagem perpétua, um roubo legalizado em pleno século XXI, decénios após as independências. Esse cabo solto é uma situação que ocorre na Africa Central e resume-se ao facto de os países desta região, que foram colonizados pela França, não têm bancos centrais nacionais, tendo em seu lugar dois bancos regionais: o Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) e o Banco dos Estados da África Central (BEAC), mas ambos nada fazem a não ser supervisionar o “pacto colonial”, ou seja, a aplicação da política da “moeda comum”.

A França mantém as reservas nacionais do Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali, Níger, Senegal, Togo, Camarões, Republica Centro-Africana, Chade, Republica do Congo (Brazzaville), Gabão, Guiné Equatorial e Guiné-Bissau (os dois últimos não foram colónias francesas, mas uniram-se á politica monetária dos seus vizinhos). São 14 nações africanas, ricas em recursos naturais, obrigadas á condição de submissão através de uma estrutura criada pela França.

Como é óbvio a França não presta contas às duas estruturas bancárias centrais regionais que criou para estas nações africanas, mas calcula-se que no Banco Central Francês as reservas destes países ascendam aos 500 Biliões (não são 500 mil milhões, mas sim 500 milhões de milhões, ou sejam, Biliões) de euros. Desta forma a França mantém a política mercantilista da colonização, cujo objectivo é a manutenção da riqueza da potência colonial. Esta política alicerça-se na proibição de produtos não franceses circularem nos mercados nacionais da região; na obrigação dos mercados nacionais exportarem a sua produção através da França; de limitar o papel produtor destes mercados às matérias-primas; de limitar os mercados nacionais a serem receptores dos produtos franceses; e a obrigatoriedade de aceitarem a “cooperação” politica, militar, económica e cultural francesa.

É assim que a França apresenta-se militarmente na Costa do Marfim, no Níger ou no Mali, dando-se ao luxo de efectuar golpes de estado, que a AREVA, uma companhia francesa da área de energia nuclear explora todo o uranio do Níger a preço ridículo e absurdo e com um custo humano e natural intolerável e aberrante, sendo o Níger obrigado a pedir autorização á França quando quer vender uranio a outros países e a vender o uranio á França a um preço inferior ao do mercado internacional.

Quando Mahamadou Tandja, presidente do Níger em 2010, chegou a Paris e disse que os chineses pagavam 10 vezes mais pelo uranio, manifestando o desejo do Níger em terminar com o pacto colonial, assinou o término do seu mandato e foi deposto, sendo substituído por Mahamadou Issoufu, um alto executivo da AREVA. O uranio actualmente está a 210 euros o Kg, mas a França paga apenas ao Níger 61 euros. O pacto colonial submete a África Ocidental ao subdesenvolvimento, impede-a de progredir e prolonga o sofrimento e a miséria dos seus povos.

“Je suis Paris” tem, na África Ocidental, um significado muito mais lato do que o atribuído pelas campanhas lançadas após os atentados em Paris. Aqui, nesta região ultraperiférica do neocolonialismo, representa a realidade opressiva e concentracionária de um grupo de nações submetidas á condição de subúrbio de Paris.

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO NEOCOLONIALISMO



João Melo – Rede Angola, opinião

A tendência neocolonialista (pior do que “tentação”, “lapso” ou “desvio”) dos donos e funcionários do sistema mediático (e não só) de Portugal quando o assunto é Angola não é nenhuma paranóia da maioria dos angolanos: é um facto. A cobertura da generalidade dos meios de comunicação lusitanos a propósito dos 40 anos da independência angolana é disso prova insofismável. O sentido produzido pelas diferentes peças produzidas sobre a efeméride (artigos, reportagens, entrevistas e outras) é que, no limite, os angolanos viviam melhor no periodo colonial do que quatro décadas após a independência do seu país. Isso é um insulto, que apenas merece desprezo. De facto, e como me disse um grande amigo, os 40 anos de liberdade ninguém nos tira. É isso o que dói àqueles que não se conformam até hoje com a perda da antiga jóia da coroa. De resto, as nossas makas somos nós que temos de resolver (e vamos fazê-lo).

Um exemplo daquela tendência é o artigo “O sonho e os pesadelos”, publicado na edição da revista do Expresso do último Sábado, 14 de Novembro de 2015. O vício de base desse artigo é confundir um balanço de 40 anos com a fotografia de um momento específico, a saber, a actual crise económica e financeira de Angola. Mas, mais grave do que isso, é a maneira como os factos e as declarações das fontes são seleccionados, articulados e enquadrados, de maneira a produzir um sentido determinado, no caso, negativo e catastrofista. Eu sei do que falo, pois, como jornalista e escritor, o meu material de trabalho são as palavras e eu sei perfeitamente como organizá-lo para produzir sentidos.

Acontece que eu fui uma das fontes ouvida pelo autor do artigo. Contudo, as minhas declarações, além de amputadas (por exemplo, as observações críticas à imprensa portuguesa foram cirurgicamente omitidas), também foram, muitas vezes, utilizadas fora do contexto. Ora, eu não só conheço o autor do artigo – que considero um profissional sério -, como sei como funcionam as redacções e qual o papel dos editores, sobretudo em relação aos artigos enviados pelos correspondentes. Não me custa, pois, admitir que essa manipulação grosseira seja da responsabilidade da redacção e não do correspondente doExpresso em Luanda.

Entretanto, e para que os leitores possam fazer a sua própria avaliação, reproduzo a seguir as três perguntas que me foram enviadas e as respectivas respostas, na íntegra:

P) Fim do El Dorado. Um mito ou uma realidade?

R) “El Dorado” para quem? Certamente para um grupo reduzidíssimo de angolanos e muitos estrangeiros que ganharam muito dinheiro em Angola nos últimos anos, sem que, em contrapartida, a economia tivesse registado uma acumulação de capital que permita o seu verdadeiro desenvolvimento. Aliás, o problema é esse: haver quem (estrangeiros e até angolanos) veja o país como um suposto “El Dorado”. Espero (ainda não estou certo) que a crise actual faça o pessoal cair na real. Seja como for, discordo igualmente de um certo ranço catastrofista presente na sua pergunta. Angola continua a ser um país de grandes potencialidades. O necessário é não só, como toda a gente diz agora, mudar a estrutura da economia, acabando com a dependência em relação ao petróleo, mas pensar, de maneira ousada, um projecto para o país que envolva aspectos como a promoção da diversidade, o reordenamento demográfico, a imigração, a industrialização, a valorização dos elementos tradicionais que podem ser realmente úteis ao desenvolvimento (e deixar de, populisticamente, de falar na tradição em geral), etc., etc., etc. Mas, desgraçadamente, hoje não temos visionários, nem em Angola nem no resto do mundo.

P) O modelo escolhido para a criação da burguesia angolana, gerando controvérsias, era inevitável ou dever-se-ia enveredar por um outro caminho?

R) Qual? Conhecendo minimamente a História como eu a conheço, não sei de outro caminho. Isso pode ser chocante, para alguns espíritos bem pensantes, mas então que nos digam como é que isso poderia ter acontecido. Aliás, incomoda-me essa obsessão da imprensa portuguesa pelo processo de formação da burguesia angolana. Se investigarem como esse processo ocorreu em Portugal, até escravocratas que viraram banqueiros vão encontrar. Portanto, adiante. O problema não é como esse processo ocorreu, é o que faz a burguesia angolana nascente (alguma dela já implantada) com o dinheiro que acumulou? Está realmente a contribuir para o desenvolvimento de Angola? Os dados do BNA segundo os quais o investimento angolano no exterior superou os investimentos externos no país não abonam a favor dessa burguesia. Decididamente, a mesma precisa de aprender com a burguesia asiática.

P) Como devem as autoridades enfrentar a crise para esbater o sufoco social provocado pela quebra dos preços do petróleo?

R) Primeiro, controlar todos os escoadouros por onde o dinheiro escapa: gigantismo do aparelho do Estado, gastos supérfluos, funcionários fantasmas, facturas frias, contratos de assistência técnica desnecessários, consultorias inúteis, repatriamento “vitalício” de capitais, etc. Segundo, adoptar prioridades correctas: infra-estruturas básicas, programas sociais, promoção da agricultura e da indústria, para gerar empregos e reduzir as importações.

Paris, Iraque, Palestina

Os atentados terroristas ocorridos em Paris na última sexta-feira, 13, precisam de uma leitura abrangente e corajosa, que vá além da sua condenação pura e simples. Esta última, embora imperiosa, não passará, caso se esgote nela própria, de uma espécie de acto reflexo, que pouco ajudará a criar uma situação onde tais atentados sejam uma aberração em termos.

Que não haja dúvidas: o terrorismo é absolutamente condenável e inaceitável. Por mais legítimas que sejam as motivações (o que não parece ser o caso, entretanto, da Al Qaeda ou do ISIS; caso muito diferente era ou é o das organizações palestinas que lutam pela autêntica independência do seu território), os métodos terroristas de luta não fazem sentido, antes pelo contrário.

Sobre esse ponto, repito, não pode haver concessões. Mas todo o fenómeno tem várias facetas. Assim, as principais potências mundiais, com os EUA à cabeça, não podem igualmente ser isentas das suas responsabilidades, históricas e actuais, em relação ao crescimento do terrorismo, na sua versão islâmica, nas últimas décadas.

Pouco se fala nisso, agora, mas, pessoalmente, não tenho dúvidas de que, por exemplo, a não-resolução do velho problema da Palestina é o primeiro factor que, não o justificando, explica a existência do terrorismo islâmico. Serve-lhe, pelo menos, de pretexo bastante funcional.

Já o papel Americano no surgimento da Al Qaeda e de Bin Laden está perfeita e rigorosamente documentado. Por outro lado, a incompreensível invasão do Iraque, após o atentado das Torres Gémeas, em Nova Iorque, tornou o mundo muito mais inseguro desde então. Essa leitura é perfilhada por círculos e personalidades do establishment norte-americano, a começar pelo presidente Obama. Mais recentemente, a acção atabalhoada dos EUA na Síria, sobretudo o fornecimento de armas a grupos desconhecidos, a pretexto de serem opositores do presidente Bashar al-Assad , contribuiu também para o surgimento das forças do Estado Islâmico, organização que já reivindicou os atentados de Paris.

Não basta, por tudo isso, reforçar as medidas de segurança para combater o terrorismo. Isso é fundamental, mas se não se acabar com a desordem no Médio Oriente e no norte de África, provocada pela estratégia ocidental de impôr a democracia à bala ou mediante supostas “revoluções coloridas”, em países cuidadosamente selecionados, deixando de fora, portanto, os seus principais aliados; se a Europa não absorver e integrar os refugiados e imigrantes que chegam do sul, promovendo uma autêntica diversificação das suas sociedades; e se, last but not the least, a questão palestiniana continuar irresolúvel – o terrorismo islâmico continuará a alimentar-se desse pernicioso caldo de cultura, vitimando sobretudo cidadãos inocentes em todo o mundo.

PATRONATO MOÇAMBICANO PREVÊ “CENÁRIO SOMBRIO” PARA ECONOMIA DO PAÍS



A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que congrega o patronato moçambicano, considerou hoje que o aumento das taxas de juro decretado esta semana pelo Banco de Moçambique terá um resultado sombrio para a economia do país.

"Estas medidas, combinadas com o efeito da depreciação cambial, resultarão num cenário cada vez mais sombrio. A título de exemplo, o endividamento privado externo das empresas da agro-indústria, indústria e telecomunicações cresceu em 2014, passando a totalizar uma dívida externa de 64,30 milhões de dólares no início de 2015", afirmou o vice-presidente da CTA, Rogerio Samo Gudo, falando em conferência de imprensa.

Na agricultura, assinalou Samo Gudo, o custo do dinheiro também irá agravar-se, uma vez que a taxa de juro de empréstimo tem como base a Facilidade Permanente de Cedência, que o Banco de Moçambique aumentou de 7,25% para 8,75%.

"Neste contexto, a base para a captação de divisas estará comprometida e elas continuarão a escassear no mercado. Se, no início do ano, num dia, conseguia-se uma quantidade de divisas suficientes para fazer a importação, atualmente, pode esperar-se mais de uma semana. Este é um sinal de baixa disponibilidade de divisas no mercado", declarou o vice-presidente da CTA.

Rogério Samo Gudo apelou ao Governo para incluir medidas específicas e transitórias no Plano Económico e Social (PES) e no Orçamento do Estado de 2016 para o apoio ao setor produtivo, dando subsídios às empresas.

"A CTA exorta o Governo a considerar a possibilidade de rever os contratos de fornecimento de bens e serviços, com forte componente de importação pelo setor privado", acrescentou Samo Gudo.

Ao Banco de Moçambique, a CTA pediu a introdução de um sistema de câmbios administrativo na importação de fatores de produção e bens essenciais e às empresas defendeu "prudência e parcimónia", em 2016.

O Banco de Moçambique aumentou na segunda-feira as taxas de juro de referência pelo segundo mês consecutivo, face à perspetiva de aumento da inflação e persistente desvalorização do metical em relação ao dólar.

As taxas de juro de referência sobem 0,5 pontos percentuais para 8,25% nos créditos e 0,75 pontos percentuais para 2,75% nos depósitos, decidiu o Comité de Política Económica do Banco de Moçambique.

"Em face dos crescentes riscos de conjuntura externa e doméstica, num contexto em que as projeções de inflação de curto e médio prazo sinalizam a necessidade de cautelas redobradas, o Comité considerou importante reforçar a adequação do atual ciclo de política monetária", destaca o Banco de Moçambique, em comunicado divulgado na sua página na internet.

Noutra medida, o Comité de Política Monetária determinou aumentar o coeficiente de reservas obrigatórias em 15 pontos percentuais para 10,5%, com efeitos a partir de 07 de dezembro.

No quadro da sua resposta ao desafio da promoção da inclusão financeira em Moçambique, o Millennium bim anunciou o lançamento de um projeto que vai consistir numa parceria entre o banco e comerciantes das zonas rurais para a prestação de serviços bancários por parte dos agentes económicos.

PMA (HB) // VM - Lusa

PERSEGUIÇÃO DE ALBINOS EM MOÇAMBIQUE PREOCUPA ONG PORTUGUESAS



Missão Kanimambo e Memórias e Gentes criam parceria para defender albinos moçambicanos, reforçando campanhas de sensibilização. Entidades querem levar protetores solares, óculos e chapéus a 200 pessoas com albinismo.

A Missão Kanimambo - um projeto sediado em Lisboa que visa mobilizar apoios para os cidadãos portadores de albinismo, especialmente em Moçambique - e a Memórias e Gentes - uma associação humanitária que promove o desenvolvimento nos países de expressão lusófona - estão preocupadas com a onda de perseguição às pessoas com albinismo, particularmente em Moçambique, onde muitos albinos continuam a ser raptados e assassinados.

Há curandeiros que chegam a pagar 75 mil dólares por um conjunto completo de órgãos de um albino para serem usados em feitiços, que acreditam trazer boa sorte, amor e riqueza.

Ao abrigo de um protocolo recentemente assinado em Lisboa, as duas entidades preparam várias iniciativas para 2016 que visam apoiar e proteger os cidadãos albinos.

Da discriminação à perseguição

Estima-se que em Moçambique haja cerca de 20 mil pessoas com albinismo. Desde o início deste ano, sobretudo na região norte que abrange Nampula, tem aumentado o número de cidadãos com ausência de pigmentação na pele vítimas de raptos e assassinatos.

Miguel Anacoreta Correia, um dos fundadores da Missão Kanimambo, afirma que “todos os indicadores apontam para o recrudescimento da perseguição aos albinos”, passando-se “de uma fase de discriminação para a perseguição”. “Há os mitos feiticistas, que acreditam que os cabelos, os ossos e os órgãos de albinos são sorte ou azar durante as circunstâncias, e um negócio montado”, diz Miguel Correia.

Segundo o responsável da Missão Kanimambo, há vários estudos, incluindo um relatório das Nações Unidas, que revelam que “o corpo de um albino pode valer entre 50 mil e 75 mil dólares, o que representa uma fortuna incomensurável naquela área”.

Mobilização de apoios

A Missão Kanimambo quer posicionar-se como interlocutora do Governo moçambicano na concepção de políticas em defesa dos albinos. “Podemos começar por aí”, diz Margarida Carneiro, coordenadora do projeto.

“Por outro lado, também temos direito à saúde e à assistência clínica”, salienta, lembrando que quem procura a Missão Kanimambo terá, garantidamente, “na área clínica, um protetor solar”.

“Aquilo que podemos fazer em termos de situações de que tenhamos conhecimento, como já aconteceu, é reportar os casos à perita das Nações Unidas”, conclui Margarida Carneiro.

A parceria formalizada recentemente com a Memórias e Gentes - uma organização não-governamental de desenvolvimento sediada em Coimbra - visa a prevenção e a mobilização de apoios para os cidadãos portadores de albinismo. “Este protocolo é uma materialização daquilo que temos estado a fazer até agora. Mas queremos dar um salto”, diz Vera Mendes, também ligada ao projeto.

Protetores e chapéus para Moçambique

O objetivo, segundo Vera Mendes, é “intensificar as ações de sensibilização no terreno e conseguir montar equipas médicas, a nível dermatológico e oftalmológico, para fazer expedições concretas a Moçambique e atuar junto das instituições que tem já identificadas as pessoas que a organização apoia”.

As instituições parceiras comprometem-se a fazer a recolha de protetores solares, óculos, chapéus e cicatrizantes destinados a cerca de 200 pessoas com albinismo. A campanha a decorrer até 2016 e visa igualmente a recolha de roupas, brinquedos e materiais escolares para as crianças.

Para Anacoreta Correia, estas ações são uma gota de água que vai contagiar muitas outras iniciativas, com o objetivo de se pôr fim à discriminação e ao drama de pessoas com albinismo.

Joao Carlos (Lisboa) – Deutsche Welle

Moçambique. DESMILITARIZAÇÃO DA RENAMO



No que concerne aos confrontos militares reportados em alguns distritos da região centro do país, Inácio Dina, disse tratarem-se de acções operativas com vista aos desarmamentos dos homens da Renamo e não só, como também de todos os cidadãos que detêm armas de forma ilegal.

“Pretendemos que a recolha de armas seja contínua, e sentimos que os resultados são encorajadores e recordar que este processo de recolha de armas não se destina, exclusivamente, aos homens residuais da Renamo que detém as armas e as usam de forma ilegítima cometendo crimes, incide também sobre criminosos”, disse.

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Moçambique. NYUSI DEFENDE QUE INSTABILIDADE CONTRIBUI PARA O RETROCESSO DO PAÍS



Maputo, 18 Nov (AIM) O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, defendeu hoje que a ausência da estabilidade, em território nacional, contribui para a retrocesso do desenvolvimento do país.

O estadista moçambicano pronunciou-se nesses termos hoje, na província de Maputo, durante a cerimónia de encerramento dos cursos de Altos Comandos, de Estado-Maior Conjunto, e de Promoção à Oficial Superior e de Adequação de Quadros, do Instituto Superior de Estudos de Defesa General Armando Emílio Guebuza.

A nossa sociedade quer a paz, quer a liberdade e quer estabilidade. Estes são valores indispensáveis para o desenvolvimento sustentável do nosso País. Actualmente, estes valores se encontram perturbados. Este desvio pode regredir o crescimento de Moçambique, disse Nyusi.

Para o Estadista moçambicano, a melhor maneira de criar a estabilidade no país passa pela produção de riqueza e a promoção da justiça social.

Segundo Nyusi, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) têm a responsabilidade de participar na prevenção de qualquer tipo de conflitos que afectem o país, destacando, por outro lado, que as mesmas devem achar meios que evitem a eclosão e evolução de conflitos.

As Forças de Defesa e Segurança (FDS) no seu todo devem preservar, mesmo debaixo de agressão armada de qualquer natureza, o nosso povo e a nossa soberania nacional, sublinhou Nyusi acrescentando que o povo moçambicano outorgou às Forças Armadas de Defesa de Moçambique para defende-lo.

A defesa militar é o exprimir de uma etapa crítica de qualquer estado sob uma ameaça armada. É às Forças de Defesa e Segurança que recai a responsabilidade exclusiva de usar as armas para a Defesa dos interesses Nacionais, afirmou.

Dirigindo-se aos graduados, Nyusi, que os felicitou, disse que eles devem constituir-se como verdadeiros mensageiros da paz e da reconciliação nacional.

Os oficias graduados devem ter capacidade para interpretar diferentes fenómenos: económicos, sociais e culturais que possam ter impacto na defesa nacional, recomendou o estadista moçambicano.

Nos últimos tempos, Moçambique vive momentos de instabilidade política. O Presidente moçambicano teria dito recentemente, perante uma visita dos líderes religiosos da Igreja Católica, estar a envidar esforços visando conversar com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para ultrapassar as diferenças, mas sem sucesso.

Dhlakama não é visto em público desde 9 de Outubro, dia em que as FDS invadiram a sua residência na cidade da Beira, para a recolha de armas, acto que ocorreu, um dia depois de regressar das matas.

Actualmente, têm sido reportados confrontos nos distritos de Tsangano, província de Tete, Gorongosa, província de Sofala, e Morrumbala, província da Zambézia, centro do país.

(AIM) ht/DT

SECRETA ANGOLANA FEZ (39) ANOS!




Mesmo depois de ter mudado de vários nomes, de alguns operativos e informantes serem eliminados nalguns casos por ordens dos senhores tidos como superiores, a crise de identidade deste instrumento ao serviço de uma só pessoa continua, e ainda sobra muitas cenas delirantes para serem contadas qualquer dia.

E curiosamente para comemorar o seu aniversário só este ano que está á findar a secreta ja aprontou cada uma, sendo uma das mais arrepiantes o genocídio da serra do sumo complementado pela fabricada tentativa de golpe de golpe de Estado agora transformada em novela da semana.

Em vez de se aterem aos factos reais tais como eles são, a cúpula do órgão máximo do serviço de bufaria nacional optou por reescrever a sua já sangrenta historia com lágrimas dos familiares de Nito Alves, Luaty Beirão, Mavungo e outros tantos...

E como se não bastasse para tornarem as suas operações criminosas do passado dentro e fora do país menos sombrias ainda se deram ao luxo em institucionalizar o que é perverso.
E assim o matar quem é contra o regime tornou-se normal, prender inocentes, julgá-los e condená-los tornou o caminho natural das pobres vitimas que nem sabem como se vão livrar da porra...

Os cavalos e os cães atrás dos manifestantes se tornou regra e as tragédias uma realização sempre á ser complementada com um plano qualquer lucrativo, tal qual se tornou normal os assaltantes de bancos fugirem em direção á cidade alta e nunca mais serem vistos...

Curioso e ao contrario do que se poderia imaginar hoje até as velhas estrangeiras e nacionais não só foram recrutadas para os serviços secretos como frequentam os mesmos hoteis da putaria em Lisboa, onde geralmente ficam hospedados operativos quando em serviço em terras de Luís de Camões, Sacadura Cabral e outros...

Para se ter ideia do que isto representa, perguntem essas kotas famosas que de volta e meia estão em Lisboa como se tivessem bico carpinteiro no cu, à boleia de suas filhas oferecidas aos generais, quando não elas mesmas as utilizadas para o trabalho sujo de envenenar os desobedientes e críticos do regime.

*Fórum Livre Opinião & Justiça

- Os artigos de opinião refletem as opiniões dos autores e não do PG como tribuna de opinião livre, não se responsabilizando nem podendo ser responsabilizado pelos mesmos, nem pelas informações neles contidas.

JULGAMENTO DE ATIVISTAS ANGOLANOS, AMEAÇAS A JORNALISTAS E QUEIXAS DE AGRESSÕES



Advogados queixam-se da lentidão do julgamento

O segundo activista, Hitler Chiconda, foi ouvido hoje. Advogado de defesa vai fazer uma participação por ofensas corporais a Mbanza Hamza.

O julgamento dos 17 activistas, acusados de actos preparatórios de rebelião, continuou esta quarta-feira com a audição do arguido Hitler Chiconda na 14.ª secção do Tribunal Provincial de Luanda, no Benfica.

Durante o intervalo de 30 minutos, Walter Tondela, advogado dos activistas, lamentou a lentidão do processo.

“Notem que são 17 activistas e até ao momento estamos ainda no segundo arguido. A Constituição prevê que tem de haver celeridade. Não sabemos por que é que o julgamento está lento”, disse em declarações à imprensa.

O advogado acredita que as sessões do julgamento dos activistas não vão terminar na sexta-feira, 20 de Novembro, como previsto. Por isso, defende que os seus constituintes sejam julgados em liberdade.

“O problema é que eles encontram-se privados de liberdade. Eles deviam ser postos em liberdade e assim o julgamento devia demorar mais tempo”, defendeu.

Sobre o caso da suposta agressão das autoridades a Afonso Matia “Mbanza Hamza”, negado pelo porta-voz dos Serviços Prisionais, Menezes Kassoma, Walter Tondela garante que vai fazer uma participação por crime de ofensa corporal, uma vez que alega que o activista chegou a ser ferido com choques eléctricos.

“Apresentámos esta preocupação em tribunal, que um dos agentes penitenciários teria agredido o activista Mbanza Hamza, portanto vamos proceder a uma participação por crime de ofensa corporal”, referiu o advogado.

Grupo Justiça sem Pressão intimida e ameaça jornalistas

Durante a manhã desta quarta-feira, o grupo Justiça sem Pressão, reunido a cerca de três ruas do Tribunal de Luanda onde está a acontecer a terceira sessão de julgamento, intimidou e ameaçou fisicamente a equipa de jornalistas do Rede Angola, presente no local para fazer a cobertura do julgamento.

A equipa de reportagem do RA foi impedida de continuar a fotografar as acções do grupo, cuja origem se desconhece, tendo sido cercados por cerca de 50 pessoas e conduzidos por quatro indivíduos que a obrigaram a eliminar as imagens captadas. Depois de algumas ameaças físicas e questionados sobre a autoridade para tal interpelação, os mesmos indicaram que tinham autoridade para actuar daquela forma.

Em declarações anteriormente prestadas ao RA, o grupo havia afirmado não pertencer a qualquer partido político, estando apenas a manifestar-se em nome da sociedade civil.

Rede Angola - Borralho Ndomba (texto), Ampe Rogério (fotos). – Na foto: Walter Tondela[ Ampe Rogério/RA ]

Porta-voz dos Serviços Prisionais nega agressões aos activistas

Segundo Menezes Kassoma, ferimentos ligeiros de Mbanza Hamza devem-se ao efeito das algemas.

O porta-voz dos Serviços Prisionais, Menezes Kassoma, negou hoje a denúncia apresentada ontem pelos advogados de defesa dos 17 activistas, que estão a ser julgados desde segunda-feira, de que os jovens teriam sido agredidos no Tribunal do Benfica. Segundo o porta-voz tudo não passou de uma simulação do arguido Mbanza Hanza que pretendia levar para o tribunal um dos colchões da cadeia.

“O que se deu é que no principio da manhã, o recluso Mbanza Hanza tentou trazer uma parte do colchão da prisão para esta instituição que é o Tribunal e, felizmente, ele foi impedido. Em função desta situação, negava-se a descer da viatura para entrar para cela e foi persuadido a entrar”, explicou Menezes Kassoma. “Instantes depois, quando um outro recluso foi levado para cela, ele tentou sair à força e foi travado na porta para que não saísse e ficou no chão a gritar dizendo que foi torturado, mas não foi agredido fisicamente”, esclareceu o responsável em declarações ao Rede Angola.

Para acalmar os ânimos, o responsável diz ter sido obrigado a conversar com o arguido. Segundo Menezes Kassoma, os ferimentos que o activista Mbanza Hanza apresentou ontem em tribunal estão relacionados com os esforços que foi fazendo quando se encontrava algemado.

“Os ferimentos não são resultado da agressão, são resultado dos esforços que estava a fazer com as algemas. Sabemos que as algemas são metálicas e na medida que alguém estiver algemado, a medida que for esforçada, elas apertam ainda mais. Razão pela qual ele apareceu com ferimentos ligeiros”, justificou.

Denúncia de agressões

As denúncias de agressões dentro do tribunal foram feitas ontem pelo advogado de defesa Zola Ferreira, em declarações à Voz da América (VOA).

“Quando estávamos à espera de entrar na sala, vimos chegar os réus e depois sentimos gritos que nos preocuparam e os agentes da ordem disseram que eles se tinham portado mal”, afirmou o advogado à VOA.

Evangelista, primo de Nito Alves que falou com o RA no fim da sessão, esclareceu que um dos agredidos tinha sido Mbanza Hamza. “Houve tumultos, sim, quando os reclusos entraram. A activista Rosa Conde disse-me que foi entre o Mbanza e os polícias”, explicou.

Indignado, Zola Ferreira mostrou a intenção de apresentar o seu protesto junto ao juiz da Causa, Domingos Januário.

Na origem dos tumultos, parecia estar o pedido dos activistas de mais condições para a cela onde devem aguardar no Tribunal quando não estão na sala de audiências.

A entrada foi também marcada por recomendações expressas por parte da polícia sobre o comportamento que devem ter aqueles que se encontram a assistir às audiências. Entre outras, está a proibição de tomar notas, de bater palmas aquando da entrada dos activistas, a proibição do uso de telemóveis ou a de cruzar os braços.

Dentro do Tribunal e área circundante, nenhum dispositivo móvel ou modem portátil apresentam qual sinal de rede, o que tem dificultado a celeridade da cobertura jornalística.

Rede Angola - Borralho Ndomba

EUROPEUS QUE SE CUIDEM!



Apenas, como esperado, com os votos do MPLA, a Assembleia Nacional manifestou hoje “profunda preocupação” com as entidades europeias que, afirma, pretendem denegrir a “imagem e o bom-nome” de Angola, matérias que qualifica como “crime público pela legislação angolana”.

Talvez fosse altura de o regime apresentar queixa internacional contra o Parlamento Europeu e, no caso de algum dos seus membros entrar no país, detê-lo pelo tal “crime público”. Seria uma forma de mostrar aos europeus que essa coisa da liberdade de expressão e de informação não se aplica a Angola.

A posição do regime consta de uma resolução, em resposta a uma outra resolução do Parlamento Europeu – adoptada por maioria absoluta, em Setembro deste ano, sobre violação de liberdades e direitos humanos pela autoridades angolanas -, e que foi aprovada hoje pela Assembleia Nacional, em Luanda, com 145 votos a favor (MPLA, no poder desde 1975), 27 contra e duas abstenções, estes da oposição.

O documento do regime, debatido sob forte contestação do partido maioritário, o MPLA, considerando nomeadamente que a resolução do Parlamento Europeu pede a libertação de pessoas suspeitas de crime contra a segurança nacional sem pronunciamento prévio dos tribunais, refere que o mesmo “viola flagrantemente os princípios da boa-fé e da não-ingerência nos assuntos internos, da igualdade de Estados”.

Talvez fosse altura de citar o embaixador itinerante do regime, Luvualu de Carvalho, e lembrar a Europa que os países de África já não são colónias europeias e, ainda, avisar a NATO para se portar bem se, é claro, não quiser levar porrada.

Acrescenta o MPLA que a resolução do Parlamento Europeu “é um acto unilateral, carecendo de legitimidade para com o Estado angolano e, em particular, com a Assembleia Nacional, única, legítima representante e defensora de todos os cidadãos angolanos”.

O Parlamento Europeu aprovou em 10 de Setembro uma resolução sobre as “tentativas incessantes” das autoridades angolanas para limitar as liberdades de expressão, de imprensa e de reunião pacífica e de associação.

A resolução, que reuniu 550 votos a favor, 14 contra e 60 abstenções, além de destacar as limitações de liberdades, notou o nível de corrupção e as deficiências no sistema anti-branqueamento de capitais em Angola.

Mais uma vez os europeus meteram o pé na argola ao falarem de coisas que não existem em Angola. Onde terão eles descoberto que existe corrupção e branqueamento de capitais? Francamente. Todo o mundo democrático, a começar na Coreia do Norte e a terminar na Guiné Equatorial, sabe que nunca o Presidente do MPLA (José Eduardo dos Santos) permitiria tal coisa. Conta, aliás, com o apoio do Titular do Poder Executivo (José Eduardo dos Santos) e também do Presidente da República (José Eduardo dos Santos).

A resolução aprovada hoje pelo parlamento do regime sublinha ainda que o documento europeu põe em risco as boas relações políticas e diplomáticas entre o Estado angolano e as instituições da União Europeia ou cidadãos dos Estados-membros.

Ao Parlamento Europeu é exortado a respeitar as decisões e resoluções do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, instituído e aceite pelos membros da ONU e competente para analisar a situação dos direitos humanos a nível internacional.

Na resolução, os membros do Parlamento Europeu são convidados a visitarem Angola e as instituições, no quadro da cooperação parlamentar.

A resolução recomendou ao executivo angolano o reforço do diálogo entre o Conselho Europeu e a Comissão das Comunidades Europeias nos termos dos Acordos de Cotonou e do “Caminho Conjunto Angola-União Europeia”.

O Parlamento sublinha que Angola é parceira da União Europeia desde longa data, relação guiada pelo Acordo de Cotonou no âmbito multilateral.

Ainda em Setembro, em carta endereçada ao seu homólogo europeu, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, repudiou a resolução tomada por aquele órgão.

Mencionando casos de jornalistas e activistas de direitos humanos, o Parlamento Europeu manifestou a sua “profunda preocupação com o rápido agravamento da situação em termos de direitos humanos, liberdades fundamentais e espaço democrático em Angola, com os graves abusos por parte das forças de segurança e a falta de independência do sistema judicial”.

No texto, os eurodeputados pedem às autoridades angolanas para “libertarem imediata e incondicionalmente todos os defensores dos direitos humanos” e prisioneiros de consciência ou opositores políticos “arbitrariamente presos”.

A moção insta ainda Luanda a garantir que não serão praticados tortura e maus-tratos contra os detidos, a realização de “inquéritos céleres, imparciais e exaustivos” sobre as alegações de violação de direitos humanos cometidos por forças de segurança.

Folha 8

Angola. HÁ ALGUMA COISA QUE ELE NÃO POSSA?



O Presidente José Eduardo dos Santos vai poder autorizar a concessão de garantias do Estado até cerca de cinco mil milhões de euros, em 2016, segundo a proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) em discussão (e com aprovação mais do que garantida) no parlamento.

Enquanto Titular do Poder Executivo, a proposta do OGE para 2016 define que o Presidente da República “é autorizado a conceder garantias do Estado a operadores económicos nacionais”, para “desenvolvimento de projectos” e “implementação dos objectivos” do Governo para o próximo ano.

O limite para a concessão de garantias pelo Estado é fixado, nesta proposta do OGE – que na terça-feira foi aprovado, na generalidade, pela Assembleia Nacional – em 719.000 milhões de kwanzas (4.983 milhões de euros).

Trata-se de um aumento de 190% face ao documento que foi levado ao Parlamento há precisamente um ano (para 2015), e que foi alvo de uma revisão em Março devido à quebra das receitas com a exportação de petróleo.

No OGE para 2015, e para os mesmos objectivos, o Presidente podia autorizar garantias do Estado até 247.750 milhões de kwanzas (1,7 mil milhões de euros, à taxa de câmbio actual).

Os limites às garantias do Estado são fixados na moeda nacional, o kwanza, que no último ano sofreu uma desvalorização à volta de 40%, face ao dólar norte-americano.

No final de 2013, o Presidente assinou uma garantia estatal a favor do crédito de mais de três mil milhões de euros concedido pelo Banco Espírito Santo ao BES Angola, que foi depois cancelada em Agosto de 2014, na sequência da intervenção do Banco Nacional de Angola na instituição, transformada em Banco Económico.

Folha 8

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Portugal. DOS MALEFÍCIOS DE CAVACO



A direita rancorosa é também estúpida e não entende os sinais da vida


Ter como objectivo polítco estratégico uma “maioria, um governo e um presidente”, convenhamos que é mesquinho.
Pois foi isso que herdaram de Sá Carneirro os trastes que hoje andam a esbracejar e a vociferar contra a Constituição e a democracia.

Herdaram, portanto, também, o golpismo dos Carneiros – Sá Carneiro e Soares Carneiro - que fez com que vultos eminentes da ala liberal que se opôs timidamente ao fascismo, sem conseguir no entanto acompanhar a oposição à guerra colonial, como Vilhena de Carvalho, Magalhães Mota, Cunha Leal entre outros, abandonassem o partido de Sá Carneiro e formassem a ASDI, de inspiração social-democrata.

Sá Carneiro, como tenho lembrado noutros escritos, à frente da AD que venceu as eleições intercalares de 1979 e as legislativas logo em Outubro de 1980, não quis apresentar o programa do seu governo saído dessas eleições para, confessamente, só o fazer depois de ganhar as presidenciais como esperava apoiando o fascista e mercenário (à frente de tropas da FNLA contra a independência de Angola) General Soares Carneiro.

O objectivo proclamado era o de “reconduzir Portugal aos caminhos da sua história”; ainda o 25 de Abril estava quente!

Esta, decerto, uma das principais razões que faz com que lá pelo CDS invoquem e se rendam ao “líder carismático”da AD, para se inspirarem nas agruras da travessia.

Portanto, não admira que Cavaco e a sua malta saída da jsd, dos Jeep (“Jovens empresários de elevado potencial” que o seu governo brindou com subsídios à fartazana) das empresas e empreendedores empenhadas no projecto fraudulento do BPN, e outros fraudulentos sem projecto ou projecto meramente familiar como o BES, que inspirou e avalizou ( a política há-de servir para alguma coisa pensaram e pensam os Dias Loureiro ,ícone de Passos Coelho, Oliveira e Costa, Duarte Lima, etc.) estejam entre acobardados e furibundos E com alguma razão, diga-se em abono da verdade, face a uma maioria e um governo decididos a não aparar os golpes com que quotidianamente se têm instalado e aboletado no regime que o 25 de Abril inaugurou e que o 25 de Novembro deles (segundo o Vasco Lourenço houve vários 25 de Novembro, eu acredito mas cada um sabe as linhas com que se cose e coseu) persiste em neutralizar, sem êxito como se constata ao fim destes 40 anos.

Não devemos, pois, admirar-nos que, perdido o projecto de uma vida, de duas gerações laranja de ensacamento à tripa forra, perdida a grande e gloriosa conquista obtida em 2011, perdida a maioria, o governo e o presidente deles todos, se sintam como baratas tontas e venha ao de cima toda a sua índole golpista e trapaceira.

E, como é das normas daquelas bandas, atribuem aos outros, contra a razão, a democracia, a Constituição e, vá lá este também, o simples bom senso, a sua técnica de ludibrio já sem qualquer sofisticação.

Inspirados em Sá Carneiro e sob o ministério de Cavaco preparam-se para incitar os seus correlegionários ao afrontamento do Estado de Direito sob a alegação de que é preciso defendê-lo.

A demora em indigitar António Costa para primeiro-ministro, criteriosamente gerida por Cavaco, semeando a instabilidade que ele próprio diz repudiar, destina-se - não há outra explicação para esta tentativa de substituição do poder democrático do Parlamento pelo dos representantes das corporações (Salazar e Caetano deixaram discípulos doutorados) - a, desesperadamente, manterem uma iniciativa política que já perderam desde que Catarina Martins, naquela noite estelar, disse a António Costa vamos conversar a sério, à esquerda, para travar a austeridade e abrir as portas da democracia.

E que bem foi ouvida pela cidadania farta de esbulho e de arrogante expropriação dos seus mais fundamentais direitos.

A direita rancorosa é também estúpida e não entende os sinais da vida.

Pela Europa, de forma ainda não estridente mas já audível, soa o palpitar da mudança. Os social-democratas que, nas instituições da U.E. e nos países que nela se movimentam canhestros e também desorientados, gritaram “sus a eles” contra o povo grego, começam a fazer reset e a perceberem que, se não querem perder a última réstea de coerência, é precisa outra forma de encarar este confronto radical do interesse dos povos e da própria Europa que conceberam, contra o poder brutal dos mecanismos ideológicos, económicos e políticos impostos pela finança que ajudaram a julgar-se todo-poderosa.

O Bloco de Esquerda está dando o seu contributo exemplar e determinado. E, felizmente para todos, esse é também o diapasão que afina a maioria parlamentar que despejou com justa causa os meliantes políticos e tratará dos “malefícios do Cavaco”.

Esquerda.net - Mário Tomé: Coronel na reforma. Militar de Abril. Escreve com a grafia anterior ao acordo ortográfico de 1990

Quarenta por cento dos pais portugueses acha que filhos viverão pior do que eles - Estudo



Quarenta por cento dos pais portugueses, o dobro da média europeia, antecipa para os filhos uma situação financeira pior do que a sua e 33% dos jovens pondera emigrar, segundo um relatório da Intrum Justitia hoje divulgado.

Realizado a partir de dados recolhidos numa pesquisa realizada em simultâneo junto de 22.400 europeus de 21 países, o European Consumer Payment Report visou "conhecer a situação e saúde financeira das famílias", concluindo que, "para fazer face às despesas e chegar ao fim do mês, os cidadãos europeus continuam a enfrentar grandes desafios".

Em Portugal, 40% dos entrevistados, mais do dobro da média europeia de 17%, afirmou acreditar que os filhos "viverão pior do que eles" porque terão que enfrentar "maiores dificuldades financeiras".

Por outro lado, 33% dos jovens até aos 25 anos disse ponderar emigrar "em busca de um futuro melhor, por causa da situação financeira em Portugal", menos três pontos percentuais do que no inquérito de 2014, mas ainda assim o quinto valor mais elevado entre os 21 países abrangidos pelo inquérito (apenas superado pela Hungria, com 60%, Polónia com 41%, Eslováquia com 40% e Itália com 37%, e praticamente ao nível da Grécia, com 32%).

Globalmente, pouco mais de um em cada cinco portugueses (21%) considera a possibilidade de mudança para outro país devido à situação financeira em Portugal, passando a um em cada três no grupo etário até aos 34 anos.

Por outro lado, 24% dos inquiridos em Portugal que vivem maritalmente ou em união de facto apontaram a situação financeira como um fator para não terminarem a relação, nove pontos percentuais acima da média europeia, mas abaixo da França, que lidera este 'ranking' com 37%.

Segundo nota a Intrum Justitia, em Portugal esta opinião é mais comum entre os homens, com 28%, do que nas mulheres (19%).

Segundo as conclusões do relatório, 49% dos entrevistados portugueses afirmou não ter pagado algumas das suas contas a tempo nos últimos 12 meses, acima da média europeia de 44%, mas bastante aquém da Grécia, onde 78% dos inquiridos afirma ter passado por esta situação.

O relatório conclui ainda que 9% dos portugueses não conseguiu pagar dentro do prazo mais de cinco faturas nos últimos 12 meses, com 43% dos consumidores nacionais a justificar o atraso por incapacidade financeira para o fazer.

Face a esta situação, 15% dos portugueses afirmou ter pedido dinheiro emprestado nos últimos seis meses, em linha com a média europeia, sendo que mais de metade das pessoas que pediram dinheiro emprestado (62%) escolheu a família como principal fonte de financiamento, 24% os amigos e 18% pediu um empréstimo ao banco.

Apesar de cumprir a obrigação de pagar as suas contas, 55% afirma que depois de as pagar fica preocupado por não ficar com dinheiro suficiente para as restantes despesas, sendo este sentimento mais negativo entre as mulheres (62%) do que entre os homens (47%).

Do trabalho resultou ainda que 28% dos inquiridos em Portugal "têm medo de abrir a caixa de correio e encontrar mais contas", menos oito pontos percentuais do que em 2014, e que 41% dos participantes economiza dinheiro regularmente, 79% dos quais "por razões de prudência, para poder lidar com eventuais imprevistos".

A Intrum Justitia é uma consultora europeia de serviços de gestão de crédito e cobranças (CMS) fundada em 1923 e com 3.800 funcionários em 21 países, tendo iniciado atividade em Portugal em 1997.

PD // ATR - Lusa

Portugal. Jerónimo de Sousa acusa PR de arrastar decisão e promete "resposta democrática"



O secretário-geral do PCP acusou hoje o Presidente da República de arrastar "a decisão que lhe cabe e que a situação exige" sobre o novo Governo, subvertendo a Constituição, e prometeu "uma resposta democrática dos trabalhadores e do povo".

"Arrastando a decisão que lhe cabe e que a situação exige, privilegiando contactos e audições com representantes do grande capital em detrimento dos órgãos de consulta constitucionalmente previstos, adiando a indispensável e obrigatória consulta aos partidos políticos, alimentando falsas soluções, Cavaco Silva opta por procurar intervir em auxílio do partido a que pertence mesmo que para isso afronte a Constituição", afirmou Jerónimo de Sousa, no parlamento.

Segundo o líder comunista, "quaisquer tentativas de Cavaco Silva para procurar subverter a Constituição terão a resposta democrática dos trabalhadores e do povo que lhe corresponda".

"Cavaco Silva assume assim todas as responsabilidades pelas consequências políticas e institucionais de eventuais decisões que, por ação ou omissão, contribuam para degradar a situação nacional e promover o confronto entre órgãos de soberania", frisou.

Jerónimo de Sousa instou ainda: "Cumpra-se a vontade popular, cumpra-se a vontade da maioria dos deputados da Assembleia da República, cumpra-se a Constituição da República Portuguesa".

O Presidente da República, Cavaco Silva, vai receber sexta-feira, no Palácio de Belém, os representantes dos sete partidos (PSD, PS, BE, CDS-PP, PCP, PEV e PAN) com assento parlamentar, sobre a situação política criada após a demissão do XX Governo Constitucional, disse hoje à Lusa fonte da Presidência da República.

Segundo a mesma fonte, o chefe de Estado receberá um dia antes, na quinta-feira, um conjunto de economistas com "um conhecimento da realidade económica e nacional", seguindo a série de consultas que tem estado a efetuar desde a queda do XX Governo Constitucional, liderado por Passos Coelho e Paulo Portas.

Contudo, fontes parlamentares adiantaram também que ainda não foi recebida qualquer notificação para audiências da parte do Palácio de Belém.

A moção de rejeição do PS ao programa do executivo PSD/CDS-PP foi aprovada a 10 de novembro com 123 votos favoráveis de socialistas, bloquistas, comunistas, ecologistas e PAN. PS, BE, PCP e PEV assinaram acordos com vista à formação e investidura de um Governo liderado pelo secretário-geral do PS, António Costa, com apoio parlamentar maioritário.

HPG (SF) // ATR - Lusa

CGTP marca concentração nacional para exigir ao PR que dê posse a executivo de esquerda



A CGTP marcou hoje uma concentração nacional para o dia 28 de novembro, junto ao Palácio de Belém, para exigir que o presidente da República respeite a Constituição e dê sequência à solução governativa apresentada pelos partidos de esquerda.

A decisão foi tomada numa reunião extraordinária da comissão executiva da Intersindical convocada para analisar a situação política atual.

"É inaceitável que uma semana após a aprovação da moção de rejeição ao programa de governo do PSD/CDS, que determinou a sua demissão, o Presidente da República persista em manter um Governo em usurpação de funções, a gerir negócios", disse o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos numa conferência de imprensa depois da reunião da comissão executiva.

O executivo da CGTP decidiu ainda promover a 24 de novembro uma "ação nacional de esclarecimento e mobilização dos trabalhadores" que passa pela realização de plenários "no maior número de locais de trabalho possível".

RRA// ATR - Lusa

Portugal. CAVACO, PRESIDENTE SÓ DE ALGUNS NÃO É PRESIDENTE DA REPÚBLICA




Mário Motta, Lisboa

A exemplo de outros dias o Página Global mais parece o manifesto anti-Cavaco, mas não é. Facto que hoje está abundar por aqui, Cavaco Silva demais, justificando-se devido às circunstâncias. Primeiro por haver muita informação e opinião sobre o mentor da desgraça de Portugal, o radical de direita que apesar de ter colaborado com a fascista PIDE conseguiu ascender a primeiro-ministro e a presidente da República, em ambos os cargos com péssimo desempenho para a maioria dos portugueses - mas com bastantes vantagens próprias e dos seus amigos, dos banqueiros, dos grandes empresários. Cavaco, o executante daqueles que abominam a democracia, a não ser que dela impinjam aos cidadãos a democracia de faz-de-conta, fraudulenta, que não os prive de usurparem os poderes.

Tem sido de acordo com estas estratégias que Cavaco, como executor, tem governado e presidido à República em Portugal. Cavaco é afinal um declarado executor da direita radical e saudosista que perdurou durante quase meio século em Portugal sob o poder de um fascista, Salazar.

Se há quem espere que Cavaco vá indigitar e dar posse a António Costa e a um governo maioritariamente apoiado por partidos políticos de esquerda desengane-se. Cavaco disse no discurso ao país após as eleições legislativas que não o faria. Por isso nomeou e deu posse a um governo minoritário sem apoios no Parlamento. Governo que foi rejeitado, como ele muito bem sabia. Nesse discurso Cavaco atirou para a exclusão a expressão de milhões portugueses que votaram na mudança, que “despediram” o cavaquiano governo radical de direita chefiado por Passos e por Portas. O que Cavaco pensa e vai fazer é o que anteriormente afirmou: não vai dar posse a um governo maioritário de esquerda. Maioritário por possuir o apoio declarado e comprovado dos partidos de esquerda. Cavaco exclui a maioria dos portugueses eleitores. Cavaco quer prosseguir na senda de colher vantagens para os seus comparsas banqueiros e grandes empresários, para os seus amigos dos mercados, para aqueles que por eles tem servido e serve, em prejuízo de Portugal democrático, livre e independente. Em prejuízo da maioria dos portugueses.

Assistimos – também aqui no PG – ao trato político de polé a Cavaco por personalizar o horrível presidente da República que é. Aliás, para ele Portugal não é considerado uma República mas antes um reino. Reino de um bando, é certo. O seu bando. O bando a que pertence e que serve. A seita, como também lhe chamam. É triste e uma vergonha que politicamente Cavaco não se dê ao respeito nem respeite a República, a democracia, os portugueses que opta por excluir – mesmo tendo em posse conhecimento que a fome, a miséria, as enormes carências, são aquilo a que foram e estão a ser votados os portugueses. Quase três milhões de alminhas. Crianças e velhos são os principais lesados. Mas também os jovens. Principalmente os desempregados, os que eram da classe média que atualmente estão atacados nas dívidas, na pobreza.

Inútil argumentar a Cavaco que algo deve ser feito, que algo tem de mudar, para recuperar os portugueses e o país. Cavaco segue o que já está há muito destinado pelos seus pares radicais. Mesmo e apesar de a sua direita radical ter sido vencida nas eleições legislativas. Cavaco não respeita nada nem ninguém que seja de vontade e pensar diferente da missão para que se sente mandatado pelos banqueiros e mercados que o mordomizam em troca da sua fidelidade. Cavaco não respeita a democracia nem os portugueses, por isso não merece respeito. Não é possível respeitar quem sistematicamente não nos respeita.

É uma tristeza e uma vergonha ver um PR desrespeitado por ele próprio. Só depois pelos outros. Por fazer da República e da democracia uma amalgama que sirva interesses de alguns em desrespeito e prejuízo de milhões. O presidente de alguns é só presidente de alguns, não da República.

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